quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Personalidades Negras


 
Quero fazer um post rápido hoje. Basicamente, estou morrendo de vontade de ler todos os livros da coleção Personalidades Negras da editora Garamond. Não sei como anda a divulgação dessa coleção em jornais e revistas aí no Brasil, mas que ela deveria merecer atenção especial isso deveria. Fiquei sabendo da parada meio que por acidente. Dias desses conversava com Fabiana Lima que estava lendo uma biografia de Dona Ivone Lara escrita por nossa amiga em comum Kátia Santos. Quando visitei o blog de Kátia, o WebNeguinha, vi que a capa do livro que ela tinha escrito era bastante parecida com a de um livro sobre Emanoel Araújo e que tinha tomado ciência lendo o blog da escritora Cidinha da Silva. Mais alguns minutos xeretando e descobri que os mesmos faziam parte de um coleção que conta com 11 interessantíssimos títulos. Além do livro de minha amiga exposto ao lado e intitulado Ivone Lara: a dona da melodia a coleção conta com os títulos Aleijadinho: homem barroco, artista brasileiro, de Maria Alzira Brum Lemos, Carolina Maria de Jesus: uma escritora improvável, de Joel Rufino dos Santos, Cruz e Souza: o poeta alforriado, de Godofredo de Oliveira Neto, Emanoel Araújo: o mestre das obras,  de Nelson Inocêncio, José do Patrocínio: a imorredoura cor de bronze, de Uelinton Farias Alves, Machado de Assis: num recanto, um mundo inteiro, de Dau Bastos, Mãe Beata de Yemonjá: guia, cidadã, guerreira, de Haroldo Costa, Mestre João Grande: na roda do mundo, de Maurício Barros de Castro, Pelé: estrela em campos verdes, de Angélica Basthi e Tia Carmen: negra tradição da Praça Onze, de Yara da Silva.

 

A chegada de uma coleção desse calibre é gratificante tanto para os pesquisadores de temáticas afro-brasileiras como o público mais amplo que deseja conhecer mais sobre negros e negras ilustres, mas que não tiveram a oportunidade de serem conhecid@s fora de seus redutos de atuação. Esse é o caso, por exemplo, de Tia Carmen, uma figura cuja trajetória está vinculada a cidade do Rio de Janeiro e área conhecida como Pequena África, simbolicamente tido como o local da formatação do samba no seu formato contemporâneo. Ainda me lembro que ao resenhar o livro Artes do Corpo em 2004, dei início ao texto da seguinte forma: "Ao atentarmos para a historiografia brasileira, percebe-se que a despeito dos afro-brasileiros terem contribuído de maneira significativa para a constituição daquilo que conceberíamos como "cultura" ou "identidade nacional", há pouquíssima produção que trate de evidenciar os negros como produtores culturais do ponto de vista individual". Espero que o livro organizado pelo meu amigo antropólogo Vagner Gonçalves da Silva sete anos atrás assim como a recente coleção Personalidades Negras sejam passos no sentido de reverter essa realidade.

Muita Paz!