domingo, 28 de setembro de 2008

And the winner is...

O título da matéria do New York Times para esse momento pós debate é esclarecedor: "The next day, a new debate on who won". Na verdade, as notícias que minha amiga Raquel citou ter visto veiculadas na mídia brasileira dizem respeito a percepcões e tentativas de ambas as campanhas de utilizar politicamente pequenos detalhes ou possíveis gafes em favor de si. Em outras palavras, os caras estão buscando pelo em casca de ovo para contar vantagem a seu favor.

Nessa lógica, a equipe do candidato democrata passou a madrugada posterior ao debate preparando um comercial que foi ao ar já na manhã de sábado mostrando que MacCain não utilizou os termos "middle class" e "working class" nem uma vez no debate e tentando enquadrá-lo como um candidato elitista e conservador. A campanha de Obama também acusou MacCain de faltar com o respeito em relação ao seu oponente ao não olhá-lo diretamente durante o evento.

A equipe de MacCain, por sua vez, afirma que o candidato republicano foi melhor ao evidenciar a falta de experiência de Obama. Isso teria se confirmado quando, no decorrer do debate, MacCain afirmou, mais de uma vez, que Obama "não entendia" questões internacionais ou que interpretava equivocadamente conceitos relativos a guerra do Iraque. Outro ponto levantado pelos acessores do candidato republicano - e que foi mote de comerciais veiculados posteriormente - diz respeito ao fato de Obama ter declarado concordância com alguns pontos de vista de MacCain.

Enfim, o que as campanhas estão tentando fazer agora é utilizar ao máximo essas estratégias de convencimento do eleitor de que seu candidato se deu melhor. A crença generalizada é de que, como afirma o texto do NYT, boa parte dos eleitores irão moldar sua opinião/decisão de quem realmente venceu o debate não a partir do que eles viram na TV sexta à noite, mas sim partindo daquilo que eles leram nos jornais e assistiram nos telejornais e comerciais de campanha de sábado em diante.

Na CNN havia uma certa percepção dos analistas políticos de que Obama havia se saído melhor no confronto. Essa TV chegou a até mesmo organizar grupos focais para discutir o debate. Na minha opinião - muito enviezada - Obama foi o vencedor. Porém, o havaiano multicultural e racial não se mostrou tão convincente e teve um pouco de dificuldade de "bater" no herói de guerra republicano (o velhinho é duro na queda mesmo, não é à toa que aguentou cinco anos de torturas no Vietnã). Mas ao mesmo tempo, penso que é um traço da personalidade de Obama não ser tão duro e ter dificuldades de atacar adversários nesses confrntos cara a cara (a Hillary se sai melhor nisso).

Mesmo assim, MacCain muitas vezes pareceu acuado e não convenceu ao tentar mostrar independência e se distanciar do fantasma de Bush, algo que favoreceu a estratégia do partido democrata de apresentá-lo como um continuaçao da "maldita" administração atual e hiper conservador. O velhinho também queimou um pouco o seu filme ao sugerir na quinta-feira um adiamento do debate devido as discussões que estavam sendo feitas em DC para a aprovação do plano de recuperação econômica ("bailout financial") e das quais ambos, ele e Obama, tomavam parte. Ele só confirmou participação no evento na sexta de manhã e após comentário do adversário afirmando que um "presidente deveria estar preparado para lidar com mais de uma questão ao mesmo tempo". Obama, tendo ou não experiência, é bom com as palavras. Se ele fosse mais irônico, poderia aceitar o adiamento perguntando se MacCain estaria cansado...*rs*

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Dando cinco rapidinhas sem tirar...

1- O mercado fonográfico anda uma merda por aqui: vendas baixas e poucos artistas tendo alguma repercussão. Motivos: recessão econômica (que graças ao meu último post você já consegue entender), as mudanças que a indústria fonográfica vem sofrendo nos últimos 10 anos por meio dos programas para baixar músicas gratuitamente e, consequentemente, o futuro incerto das gravadoras. Sendo assim, os artistas de hip hop não fogem a regra. O terceiro álbum de Young Jeezy, lançado em junho, leva o título sugestivo de The Recession. Parece que o único que anda se dando (vendendo) bem é Lil Wayne com seu último disco: Tha Carter III. Não gosto de ambos...

2- Nos EUA não tem motoboy, mas as motorcycles também andam matando bastante. Li no New York Times que houve um crescimento vertiginoso de acidentes fatais envolvendo quedas e acidentes com motos. Os motivos: aumento da venda das "envenenadas" cujo compradores são baby booomers na faixa dos cinquenta anos querendo reviver seus anos de Hell Angels e ausência de legislação em vários estados americanos que obrigue o uso de capacete. Detalhe: as motos aqui são bem diferentes das que encontramos no Brasil. Nada de CGs 125 ou Bizz, o barato é Harley Davidson, Suzuki, BMW dentre outras marcas que produzem modelos caros e potentes. Ter uma moto nos EUA é uma excentricidade e não um ganha pão como em várias cidades do Brasilzão, mas mata do mesmo jeito!

3- Alguns jornais americanos veicularam que uma fonte não identificada da Microsoft informou que a empresa estaria utilizando Macs em alguns dos seus departamentos. Palhaçada!!! Até o Bill Gates se rendeu a Apple?! *rs* Pois é, depois dessa porcaria do Vista, muita gente anda de saco cheio do Windows (até eles próprios, pelo visto). Eu me rendi e comprei um MacBook. O sistema operacional é mais estável (não dá os famosos paus do Windows), é mais durável e o principal: não pega vírus. Com ele, você pode esquecer dessa nóia de ter que comprar ou baixar anti-vírus toda hora (pode ver pornografia à vontade na internet e ficar tranquilão que o bichinho - computador, ops! - não vai pro brejo *rs*). Mas tudo tem um preço. Por aqui, com US$ 700 você compra um notebook PC linha de frente e completo enquanto que um MacBook básico não sai por menos de US$ 1.100 (sem contar uns apetrechozinhos tipo Office e seguro contra acidentes). A Apple também vende uma imagem de moderninha e descolada por conta do sucesso do iPod e o design descolado dos seus computadores. As lojas também são uma atração a parte. Na Times Square tem uma que funciona 24 horas. Você pode fuçar sem grilo nos computadores, o espaço é bonito, espaçoso e iluminado. Os vendedores tem cara de nerd que ouve bandas de rock indie. A única coisa que identifica os figuras é uma camiseta verde, pois a maioria usa tênis ou chinelo e jeans batido (às vezes rasgado). Se você tem mais de 40 anos e não é um tiozão descolado, vai se sentir mal na loja. Traga o seu sobrinho ou vá comprar um PC carancudo com cara de executivo fazendo curso de "emibiei"*rs*

4- Ainda falando de tecnologia, tem um jornalista que escreve sobre esse tema no New York Times e é divertidíssimo: David Pogue. Assista um vídeo dele comparando o iPod com seu concorrente, o Zune: http://video.on.nytimes.com/?fr_story=ca047c12e105091272b2660a84fc218433fa54bd

5- Fechando: hoje à noite (ou amanhã, pois ainda não dormi) vai rolar o primeiro debate entre MacCain e Obama. Vou chegar cedo, comprar pipoca, cerveja e ver o bicho pegar. Daí do Brasil dá pra assistir pela CNN, caso tenham interesse!

No fim de semana vou continuar falando de tecnologia: iPhone 3G, compre um ou morra de inveja de quem tem. Mas como eu já disse, tudo tem um preço...

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Entendendo a crise do sub-prime nos EUA (economia para leigos)


VEJA COMO É FÁCIL ENTENDER A CRISE MUNDIAL DESSE ANO.
(recebi essa de um amigo professor da "Uninine which is 10")

É assim ó:

O seu Biu tem um bar, na Vila Carrapato, e decide que vai vender cachaça "na caderneta" aos seus leais fregueses, todos bêbados, quase
todos desempregados. Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço da dose da branquinha (a diferença é o sobrepreço que os pinguços pagam pelo crédito).

O gerente do banco do seu Biu, um ousado administrador formado em curso de emibiêi, decide que as cadernetas das dívidas do bar constituem, afinal, um ativo recebível, e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento tendo o pindura dos pinguços como garantia.

Uns seis zécutivos de bancos, mais adiante, lastreiam os tais recebíveis do banco, e os transformam em CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS
ou qualquer outro acrônimo financeiro que ninguém sabe exatamente o que quer dizer.

Esses adicionais instrumentos financeiros, alavancam o mercado de capitais e conduzem a operações estruturadas de derivativos, na BM&F,
cujo lastro inicial todo mundo desconhece (as tais cadernetas do seu
Biu). Esses derivativos estão sendo negociados como se fossem títulos
sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países.

Até que alguém descobre que os bêubo da Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas, e o Bar do seu Biu vai à falência. E toda a cadeia sifu!

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

African American Parade Day

Ontem (21/9) rolou a African American Parade Day na Adam Clayton Powell Jr. Avenue, esquina do prédio onde moro. Eu não ia, mas depois de enrolar e desistir de ir a biblioteca acabei indo dar uma xeretada. O negócio e uma mistura de carnaval, com desfile de 7 de Setembro, baile nostalgia e festa de São Benedito em Tietê: para aqueles que conhecem essa festa obviamente. Tudo bem mais comportado que as similares brasileiras!

Observando o desfile, lembrei do questionamento de minha amiga Raquel num comentário a uma das minhas postagens aqui: se em NYC não existiria "cultura de raiz". Particularmente, tenho um certo problema e incomôdo com esse termo. Lembro de uma piada do meu amigo Billy Malachias que numa de nossas conversas sugeriu que fizessemos uma festa na USP intitulada "samba de raiz": todos iríamos para o evento - no qual contrataríamos um grupo para tocar só pagode - levando raízes de mandioca, batata, cenoura, beterraba etc.*rs* Mas qual o motivo ou ponto da relação entre a parada e a "cultura de raiz" ? A prática da discotecagem é algo muito forte entre a população negra nos EUA e, caso entedermos "cultura de raiz" como uma manifestação cultural genuinamente vinculada a população local, acho que a discotecagem cumpriria esse papel.

Os carros - bem mais simples do que os carros alegoricos do nosso carnaval - traziam grupos de percussionistas ou bandas com instrumentos de sopro ou DJs tocando os mais variados ritmos a partir de seus toca discos. Mas "cultura de raiz", no sentido que é utilizado no Brasil hoje, estabelece uma relação de separação e valoração entre práticas culturais autênticas, puras e, numa palavra, "verdadeiras", em relação a outras já "poluídas" pela dita e mal afamada indústria cultural. Exemplo clássico da distinção a que me refiro está aí acima: "samba de raiz" X pagode. Bem, acho que isso é uma falsa questão se pensarmos a cultura como algo dinâmico, mutável e permanentemente híbrido. Na verdade, penso que essas disputas entre puro e impuro estão num registro político que reifica arbritariamente a prática cultural. Contudo, paremos por aqui, pois estou muito acadêmico e esse não é o propósito do blog. Voltemos a parada...

Fiquei curioso em imaginar qual seria a reação do público que assistia a parada ao se deparar no desfile com a apresentação de uma bateria de escola de samba tupiniquim, com seus percusionistas, mestre, madrinha, passistas - em trajes tradicionais acho que não seria permitido o desfile das duas últimas - e uma ala de baianas para completar a festa. Seria bem interessante ver essa troca cultural, já que o contato que os afro-americanos tem é muito maior com os negros do Caribe do que com os da América do Sul. Já exportamos a capoeira pra cá, por que não a escola de samba?!!

As pessoas que desfilam se apresentam numa multitude de associações negras indo de sindicatos das mais diversas categorias, policiais, bombeiros, funcionários do setor de tranporte público e enfermeiras a irmandades alpha, beta e aka - que são grupos de estudantes que se associam nas universidades - com gritos de guerra e passos de danças característicos (lembrando "passinhos" de baile black mais bem elaborados), o The Black Phanters Party com palavras de ordem e até ministros batistas promovendo sua congregação acompanhando um carro de som e dancando ao ritmo de funk e soul. Enfim, demonstrações de orgulho negro dos mais diversos tipos e diretamente vinculados a experiência afro-americana.

Definitivamente, um ótimo programa para se fazer com a família num domingo quente e ensoralado como o de ontem. Um observador brasileiro - como esse que lhes escreve - sentiria falta de mais animação, mas, ao final e ao cabo, estamos na América e até a negrada por aqui é mais contida. Por fim, vale registrar que as demonstrações de apoio a Obama ocorreram o tempo todo. Da entonação de cantorias com o nome do candidato democrata que até lembravam cantos rituais africanos (Ol- Bã - Ma... Ol-Bã-Ma...) a exibição de cartazes com mensagens de apoio a campanha do senador por Illinois.

sábado, 13 de setembro de 2008

Chris Rock no Apollo Theater




Acabo de chegar do Apollo Theater onde fui assistir o show do comediante Chris Rock. Acho que o mesmo não necessita de apresentações, não? O trabalho dele mais conhecido no Brasil é a série que leva a sua produção intitulada Todo mundo odeia o Chris que conta as aventuras da sua infância no Brooklin. Ainda lembro da primeira vez que o vi atuand0 - distante ano de 1990 - ao assistir no cinema o filme New Jack City: a gangue brutal.

O show foi bem divertido. Para início de conversa foi no Apollo, uma espécie de Meca da música, dança, comédia e artes cênicas do mundo negro norte-americano. Todo mundo que fez ou faz sucesso nesses campos entre a negrada por aqui, já se apresentou nessa pequena e aconchegante casa de shows. Antes do início da apresentação de Rock ainda rolou um pocket show com o rapper Rakim e também fiquei sabendo que a performance do comediante nessa noite seria gravada para um especial da HBO intitulado Kill the Messenger que irá ao ar no próximo dia 27/9.

Rock continua o mesmo: engraçado, inteligente, nasty e politicamente incorreto. Os motes das suas piadas também não mudaram: política, sexo, relacionamento e racismo. Ele xingou George Bush, tirou sarro de MacCain, fez campanha pró Obama, falou do preço alto da gasolina, fez piadas sobre brancos, casais, o consumismo americano dentre outros temas.

Uma das melhores da noite foi essa: "O governo mente para você com aquelas campanhas que o incentivam a votar. Eles não querem que você vote, não querem. Se querem, por que o dia da eleição é uma terça-feira?!!!". Boa!
Veja algumas dos vídeos dele no site:http://www.chrisrock.com/

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Bichinhos gringos





Ontem (sétimo aniversário do 9/11 - estou pronunciando nine eleven porque é mais chic) o blog fez um mês e, por incrível que pareça, 224 pessoas já entraram nessa joça para ler as bobagens que escrevo (tudo bem que boa parte das visualizações foram feitas por eu mesmo! *rs*). Obrigado pessoas queridas desse meu Brasil! Quando não tiverem nada para fazer e quiserem rir um pouco dos meus micos e aventuras, leiam o New Yorkibe!
Esse tópico é relacionado a bichinhos. Esses dias atrás estava passando pela Washington Square em direção a biblioteca da NYU para estudar e vi um esquilo cruzar o meu caminho. Fiquei encantando! O bicho é muito fofinho e nunca havia visto um pessoalmente. Comecei a pensar e me dei conta de uma coisa: parte considerável dos bichos que eu via nos desenhos da TV quando criança eram animais que não existem na América do Sul. Alguém acima dos 28 anos com certeza vai lembrar do Zé Colméia e do Urso do Cabelo Duro (ursos), Tico e Teco (esquilos), Coyote (nosso amigo aí da foto que vivia correndo atrás do Papa Léguas no deserto e só se fodia!) e o divertido amigão Wally Gator (o jacaré over size da foto). Que fofos! *rs*.
Aliás, vocês já pararam para pensar como o desenho Urso da Cabelo Duro (Help... It's the Hair Bear Bunch) foi inspirado na negrada americana dos anos 60/70? Saca só, para começar ele usa um penteado black power (cujo nome por aqui é afro), é "forgado" (como nós dizemos em Sampa) e metido a malandro. Parece que estou vendo os negros do Harlem... Um leitor mais crítico pode achar o desenho racista também, já que os ursos estão "presos" no zoológico e tentam fazer de tudo para enganar os guardas e fugir na moto invisível em direção a cidade onde irão encontrar diversão de verdade. Pode ser racista, mas que eu me divertia quando criança, me divertia! Opiniões, please!

Tem coisas que só NYC faz por você!

What's up guys and girls?!

Perceberam que sumi, não?! Pois é, aulas, leituras, seminários... Welcome to the real world of graduate school! Contudo, sempre vou arranjar um tempinho para escrever bobagens nesse blog. Mais: nesse espaço virtual nada de parecer inteligente, sofisticado e super descolado por morar em NYC, é hora de falar besteira!

Okay, tem coisas das quais eu não posso reclamar da Big Apple como o Metrô 24 horas, o hot dog (é do caralho, experimente o com "salsicha apimentada", sem ironia ou duplo sentido que dá para fazer também em inglês pedindo por um hot dog com "hot sausage") e o Central Park ( que é bonito pacas!).

Bem, hoje à noite descobri mais uma maravilha que meus brothers negros aí em Sampa irão invejar. Imagine um daqueles dias que você se fodeu, tá de saco cheio e a única que quer fazer ao chegar em casa é relaxar tomando uma cerveja e assistindo um filme de negrão com umas pretas gatas. Tentando fazer isso, você compra a cerveja no supermercado e passa na locadora para pegar um filme. Chegando lá o estresse começa: não há nenhum filme de negrão na parte de lançamentos. Os não lançamentos (que você já assistiu uma dezena de vezes) estão espalhados na loja pelas seções de comédia, drama e ação (de modo que você ficará uma hora procurando pelos filmes), sem contar os que já foram vendidos por não terem muita saída (em outras palavras, só você mais outro brother locava e o brother comprou antes de você). Que merda, não?! Pois é, aqui em NYC você não teria essa problema. Hoje tava nessa pegada da cerveja e do filme e passei numas lojas da 14 Street onde se vende DVD. Que maravilha! Há uma seção de black movies na qual você encontra tudo que quer ver ou rever: todos do Spike Lee, várias coisas do blaxploitation dos anos 60 e 70 (tipo Cleopatra Jones e Superfly), filmes de gangue para quem gosta de uma matançazinha básica, enfim, tudo que faz a alegria do povo (preto). Voltei para casa com uma cópia de White Chicks outra de The Best Man e várias Colt 45 (cerveja) para relaxar. Eis aqui estou: assistindo um filme de negrão na TV de 32 polegadas, bebendo uma beer, escrevendo para vocês e relaxando... NYC, baby!!!

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

BET

A negrada por aqui tá que até bem servida em matéria de TV. A BET (Black Entertaiment Television) tem de tudo: lixo, informação, debates e variedade. Andei assistindo uns programas antes do início das aulas e me diverti bastante. Lista do que eu recomendo:

- Soul Food: essa série já é antiga e eu vinha assistindo as reprises de madrugada (acho que a estréia foi em 2002). Conta a história e o cotidiano de uma família de negros em NYC (acho) com seus problemas, alegrias e tristezas. É interessante, porque foge do formato comédia que tão bem conhecemos aí no Brasil por meio do velho Bill Cosby Show nos anos 80, Um maluco no pedaço nos anos 90 e, por fim, Eu, a patroa e as crianças e Todo mundo odeia o Chris nos anos 2000.

- Noah's Arc: relata as aventuras e o cotidiano de um grupo de negros homossexuais. Sinceramente, me senti um lixo assistindo o programa já que todos os caras tem corpos e rostos de tirar o fôlego das mulheres (e homens gays) e deixar homens heteros com inveja (o termo que se usa no meio gay para se referir a esse tipo de cara com o corpo todo modelado é "barbie", caso não esteja enganado). Nos intervalos eu olhava para a minha barriga e prometia voltar para a academia. Os enredos das histórias são interessantes, mas manjados.

- American Gansgters: esse é de dar medo. Inspirado no filme American Gangster que colocou o ator Denzel Washington na pele do traficante de drogas negro Frank Lucas que se tornou uma lenda no Harlem e em NYC nos anos 1960, essa série conta as histórias de gangsters negros famosos de várias partes dos EUA. Sinceramente, não sei qual é o propósito de uma série dessa. Ah, acho que vale a pena assistir esse último programa tomando uma cerveja Colt 45 que é boa pra caralho...*rs*

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Mulheres e estilo em NYC


Pois bem, alguns amigo(a)s comentaram que ando sendo muito tendêncioso nas minhas pouco fundamentadas impressões sobre os EUA ou, mais especificamente, sobre os nova-iorquinos. Como tentei ser um bom aluno de ciências sociais na época de graduação, tirando proveito de algumas lições de antropologia, não quero deixar o blog cair numa lógica "etnocêntrica" (algo que, não posso deixar de comentar, seria um pouquinho divertido). Então vou maneirar as minhas comparações entre USA e Brasil e parar de puxar a sardinha para o lado da cultura brasileira. E pensar que sempre me acusaram de ser "americanizado"!

O assunto de hoje é "mulheres". Bem, NYC é uma cidade cheia delas e, sem sombra de dúvida, o lugar mais liberal em termos de relacionamento dos USA pelo que percebi em algumas conversas com amigo(a)s. Acho que por aqui ele(a)s até conseguem entender o que é o nosso "ficar" (acho que o termo para isso seria one-night stand, mas essa parada envolve necessariamente sexo).

Comecemos do início: tem mulher de baciada aqui. De todos os jeitos, tipos, cores, tamanhos, sabores, estilos e, obviamente, feias e bonitas - e como dizia o poeta Vinícius, “beleza é fundamental! Tenho reparado mais nas negras (minha especialidade) e estou num misto de surpreso com curioso. Esqueça os videoclipes de hip hop e R&B, a maioria das negras que você encontra por aqui é normal e não super modelos como a Tyra Banks e Naomi Campbel (que nem americana é!) ou cantoras hiper gatas tipo Alicia Keys ou Toni Braxton ou ainda atrizes de blaxploitation tipo Love Jones (Uma loucura chamada amor) ou Brownsugar (No balanço do amor). No início fiquei um pouco decepcionado, pois só estava andando pelo Harlem e lá as garotas não andam tão produzidas, afinal, é uma área mais residencial e todo mundo fica bem à vontade de chinelão e calça moleton. Tem o lance também da classe. A parte do Harlem que eu moro não me parece muito classe média. Para ver as pretas produzidas foi necessário eu circular mais pela área da New School, ou seja, Greenwich East Village. É uma parte descolada da cidade, assim como a Vila Madalena em Sampa. Há uma série de barzinhos, restaurantes, lojinhas de badulaques, feiras de produtos naturais, artesanato, várias escolas (New School e NYU são apenas duas das várias), enfim, é um local no qual as pessoas se produzem para vir ou se moram na área (os felizardos que tem grana para isso) se produzem para sair de casa. A partir desse momento comecei a ver várias pretas gatas. Inclusive na faculdade há algumas bem bonitas.

O meu amigo Vandão vai se sentir no paraíso aqui, pois há várias pretas gordinhas estilosas. Contudo, uma coisa que enche um pouco saco é esse lance da pose e do estilo. Todo mundo tenta (ou precisa obrigatoriamente) ter um estilo, mas as pessoas parecem muito vazias por dentro. A moda hip hop, diga-se de passagem, muitas vezes é exageradamente ridícula por aqui: já vi uns negrões usando umas bermudas ou calças bem abaixo da bunda e se sentindo o máximo (lembro do Flávio e do Raphael: hip hop Taboão total, meus caros!).

Mas voltemos às mulheres: as brancas de NYC também são problema! Obviamente que elas não conseguem competir com as negras e latinas em matéria de bunda (algumas tem a bunda larga, mas não redonda como nós brasileiros gostamos tanto), mas são bem bonitas e produzidinhas também. Algumas indianas são maravilhosas, apesar de ser difícil ver alguma que tenha corpo violão. Há muitas asiáticas que por aqui não são necessariamente do Japão, mas podem ser oriundas da China, Coréia, Taiwan, Vietnã e Tailândia. Às vezes confundo latinas com asiáticas, já que algumas são muito parecidas. Porém, meu olhar já está entrando na lógica yankee. Já dizia Franz Boas que o olho que vê é o orgão da tradição!

Uma coisa que me achou a atenção no estilo dos negros aqui é o lance das tatuagens. Caralho, quase toda a negrada tem tatuagem! Não estou falando só de jovens na casa dos vinte anos não, mas de uns tiozões e tiazonas na alto dos quarenta anos e tra lá lá lá. Todo mundo com tatoos nos braços, pulsos, peitos, ombros, costas, pescoços, ou seja, por toda parte socialmente exposta do corpo. Estou enfatizando isso porque é uma coisa específica da negrada, não notei algo parecido em outros grupos raciais. Fico me perguntando se essa parada vem da "cultura" hip hop pela influência das gangues e da jail culture que acabou estilizando e difundindo a tatuagem entre a população afro-americana (li na The Source desse mês num debate entre Cornel West e Michael Eric Dyson sobre o futuro do hip hop, que na população carcerária norte-americana, constituída de 2 milhões de indivíduos, os negros são nada mais nada menos do que 900 mil). Particularmente, fiquei um pouco assustado com o lance das tatoos (e acho que pode até ser certo preconceito do fulano aqui que já está ficando tiozão também). Como resultado,variás pretas nova-iorquinas também tem a pele coberta por tatuagens. Contudo, preciso ainda verificar se há um corte de classe nesse utilização das tatuagens como adorno corporal, já que as negras de classe média que vi circulando pela faculdade ou pelo Village já não ostentavam as ditas cujas marquinhas corporais.

Resumindo, acho que não são muitas as diferenças entre as pretas daí e as daqui. Contudo, aqui as minas têm mais estilo porque o acesso a essa parafernália hip hop, por exemplo, é mais fácil do que no Brasil. Mesmo outros tipos de roupas e acessórios custam mais em conta aqui do que no Brasil (ainda considerando a recessão que os EUA vivem atualmente). Em um tópico futuro vou mostrar como dá pra ficar estilosão/estilosona em NYC com apenas US$ 100.

O cabelo da moda entre as afro-americanas por aqui parece ser o estilo Rihanna (a senhorita da foto), mas é possível encontrar negras usando tranças dos mais variados tipos, com a cabeça raspada, com o cabelo pintado de loiro (a la Keisha Cole) e, com certeza, muito mais minas com dreadlocks (bem cuidados, diga-se de passagem!) do que qualquer outro lugar que já estive. Agora, o que não perde força por aqui são os alisamentos: as afro-americanas continuam torrando o belo naquelas pranchas que os militantes do movimento negro tanto odeiam. Seria legal imaginar um protesto na década de 70 aí no Brasil ou aqui nos EUA com os ativistas negros jogando fora os pentes de ferro de alisar e/ou as pranchas. Mas para hoje em dia acho que a parada iria ficar démodé. Afinal, não é porque a mina alisa o cabelo que está renegando a sua negritude, não? Nesse aspecto é até legal fazer uma comparação dessas minhas impressões com o texto sobre cabelo que escrevi há uns quatro anos atrás e postei semana passada ou retrasada aqui no blog.

Depois escrevo mais, preciso ir para uma aula agora! (escrevi esse texto à tarde, mas estou postando só agora de madrugada).

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Welcome to the world!

Essa foi a fala do professor da disciplina que faço às terças-feiras à tarde para um grupo de alunos bem diversificado composto por dois brasileiros, uma cubana e mais uns cinco americanos que já moraram em várias partes do Estados Unidos e do mundo. Welcome to the world, em outras palavras, significa welcome to New York City. Sorry fellows, mas na perspectiva desse meu professor, NYC é a Roma dos tempos modernos e conhecer o mundo significa vir para cá. Mas assim como o Império Romano um dia entrou em decadência, o americano também pode entrar (alguns dissem que já está!) então o mundo pode passar a ser Pequim. Não acham? Vai ser engraçado todo mundo se matando para aprender chinês e as crianças tendo aula desse idioma desde a quinta série. Agora, Deus me livre ter que fazer uma espécie de TOEFL (Test of English as Foreign Language) na língua nativa do dragão vermelho. Ninguém merece!

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Festas chatas, Brazilian day, latinidade e outras coisas.

Na sexta-feira minha noite terminou com idas a algumas festas. A primeira foi uma espécie de recepção aos undergrad e grad students da New School. Um porre! Nada de bebida alcoólica e um clima de bailinho de oitava série. Eu mais uma galera resolvemos nos mandar e procurar outro local para beber. Achamos uma espécie de pub no Village onde havia cachaça, mas a música era horrível e mesmo assim havia um casal quase fazendo sexo com roupa enquanto dançava no meio da pista. Novamente nos mandamos e acabamos em outro bar, esse num estilo rock and roll, tomando cerveja meio quente, comendo asa de frango e discutindo política em inglês. Ao sair de lá, por volta da uma e quinze da manhã, caminhei com Raphael até a 14th ST onde peguei a linha 2 (vermelha) do metrô sentido Uptown indo para o Harlem. É nessas horas que não sinto saudades de SP. Quantas noites eu tive que passar frio na rua e voltar para casa às cinco da manhã por que havia perdido o último ônibus para o Butantã ou para a Vila Madalena. Até hoje não consigo entender como numa cidade como São Paulo não há metrô e ônibus funcionando durante a noite toda. Inconcebível considerando o preço que se paga pela passagem.

Hoje rolou o Brazilian Day em NYC e já sabem: não fui! Estava cansado de fazer a viagem Stamford-NYC-Stamford, com vontade de dormir e precisando descansar para o começo das aulas na terça. Além do mais, o show principal seria de Jorge Benjor e, particularmente, apesar de ser um grande fã, não tenho o menor de saco de assistir a apresentação desse flamenguista ilustre. As músicas que mais gosto de Benjor são aquelas da época em que ele era Ben e, infelizmente, ele não canta mais essas canções nas suas performances ou, quando o faz, apresenta as mesmas em forma de pout-pourri (como muito bem lembrou certa vez o meu amigo Flávio “Jay-Z” Francisco). Aprecio canções como Negro é lindo, Veruska, O telefone tocou novamente, O namorado da viúva, Menina mulher da pele preta, Domenica e tantas outras que aprendi a gostar ouvindo nos bailes black freqüentados desde a minha adolescência ou na casa de meus primos que são DJs e aos quais sou muitíssimo grato por apurar meu gosto musical. Mas o Benjor (e não o Ben!) está mais preocupado com um público que o descobriu depois dos anos 1980, mas especificamente no início dos anos 1990 em que ele, depois de uma época de ostracismo no cenário musical brasileiro, ressurgiu como um grande vendedor de discos emplacando sucessos como W-Brasil, canção na qual ele faz uma homenagem a Tim Maia afirmando que vai “chamar o Síndico”, apelido pelo qual o cantor de Brazilian soul era conhecido devido a ter sido por um tempo síndico do prédio em que morava. Em seus shows atuais, Benjor canta essa e outras músicas – Gostosa é mais uma delas – (que em minha opinião são bem inferiores as que ele produziu na década de 60 e 70) numa apresentação que qualquer negrão paulista chato como eu não iria gostar nem um pouco.

Outra coisa que eu acho extremamente estranho nesse país é essa celebração do país de origem de cada pessoa. Ninguém (com poucas exceções) é totalmente americano, já que esse lugar se trata de um país de imigrantes, e você observa o tempo todo demonstrações de orgulho pátrio relacionados à Jamaica, Cuba, Porto Rico, México, Irlanda, Itália, Barbados entre outros países fornecedores de mão de obra barata hoje ou no passado. Por enquanto, ainda não senti nada parecido – o orgulho pátrio – relacionado ao Brasil e esse foi mais um motivo para não ir ao Brazilian Day. Posso dizer que sinto certo banzo de São Paulo e dos meus amigos. Ontem mesmo (30/8) rolou a saudosa Rua do Samba na Terra da Garoa e ficava aqui imaginando como seria bom tomar uma cerveja (na rua, sem medo de ser preso por beber em público) com o bando de vagabundos que por lá aparecem mensalmente.

Já que estamos falando de Brasil numa perspectiva americana (talvez fosse melhor dizer “Brazil”, então!), há algo interessante sobre os imigrantes tupiniquins na América (deles!). Brasileiros por aqui buscam se distanciar da categoria “latino”. Já sabia disso ao ler algumas reportagens de jornal e assistir a exposição da pesquisa de uma brasilianista que estuda imigrantes brasileiros nos Estados Unidos ainda quando morava em SP. Contudo, esse assunto veio à tona numa conversa que tive com Dionne na qual ela disse que tinha visto um rapaz brasileiro no programa da Tyra Banks (é, de novo ela!) que afirmava não ser latino devido as diferenças existentes entre os imigrantes vindos de países de fala espanhola e os brasileiros. Segundo o rapaz, que era branco para os padrões brasileiros e possivelmente de classe média, nosso querido país foi colonizado por europeus, tem como idioma o português e era majoritariamente branco se comparado aos outros países latino americanos. Segundo Dionne, a apresentadora Tyra Banks questionava indignada o fulano sobre a porcentagem negro/mestiça da população brasileira que era praticamente desconsiderava pela narrativa do rapaz. Sem entrar no mérito do que somos por aqui (latinos ou não latinos) é interessante observar como essas categorias são políticas e alocadoras dos indivíduos no espaço social. Basicamente o que alguns brasileiros por aqui tentam fazer ao fugir do rótulo “latino”, é escapar do lugar de “subclasse” ou “cidadão de segunda categoria” que muitas vezes os indivíduos pertencentes a essa categoria social são situados na sociedade americana. É incrível, mas a maior parte dos funcionários de supermercados, lojas, lanchonetes, carregadores, funcionários da limpeza, motoristas de táxi e vários outros empregos subalternos por aqui são ocupados por latinos que, não raramente, entraram no país ilegalmente fazendo a travessia do deserto mexicano que faz fronteira com os EUA na calada da noite e sendo perseguidos pela polícia de fronteira americana. O termo para esses indivíduos (não preciso dizer que pejorativo) é busty boys, ou seja, aqueles que fazem o trabalho que os americanos se recusam a fazer.

Okay, mas minha mina foi a festinha brasileira em NYC patrocinada pela Rede Globo e se divertiu. Tirou fotos, encontrou amigo(a)s e sambou ao som de uma batucada brasileira. Nada mau para a Big Apple! Ah, hoje no New York Times há uma página inteira dedicada ao Brasil falando dos ritmos musicais, casas de NYC dedicadas a comida e música tupiniquim além das festas que rolariam esse final de semana em clima verde e amarelo. Welcome to Braziliness in an American way of life!