tag:blogger.com,1999:blog-59436912965011292692024-02-06T23:14:48.223-03:00NewYorKibeBaboseiras da Big Apple Escritas por um Preto Maloqueiro de SP (ex) Morador do HarlemMárcio Macedohttp://www.blogger.com/profile/11624430791106628189noreply@blogger.comBlogger489125tag:blogger.com,1999:blog-5943691296501129269.post-45654156471150275492015-01-22T01:43:00.001-02:002015-01-22T02:16:55.702-02:00Livros Livros 2014<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhw0Cd64GN4zMxasFL3mTT1bPhD3Y-G20hl7aSL35u7OPzPPZs-jQJZhm_hvMq7WKHBuwNaAG4t-eaz3vQvt4MJlj6VT98xWW6VmULabFNkWuDH-2fbt8FTG_f5QTEjYxxV0a5I48081v0/s1600/estantes-04_.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhw0Cd64GN4zMxasFL3mTT1bPhD3Y-G20hl7aSL35u7OPzPPZs-jQJZhm_hvMq7WKHBuwNaAG4t-eaz3vQvt4MJlj6VT98xWW6VmULabFNkWuDH-2fbt8FTG_f5QTEjYxxV0a5I48081v0/s1600/estantes-04_.jpg" height="427" width="640" /></a></div>
<br />
2015 já está acontecendo há algumas semanas, mas continuo ainda pensando em 2014. Êta "<i>aninhus</i>" difícil, viu! Muito trabalho e estresse; pouco dinheiro e diversão. Por outro lado, devo confessar que os 12 meses de 2014 renderam bastante em termos de leitura. Entre mortos, feridos e desaparecidos li em torno de 18 a 20 livros. Abaixo uma seleção dos 11 que mais apreciei seguindo a ordem em que eles caíram nas mãos do papai aqui. Nas próximas semanas tentarei resenhar alguns deles (se <b><i>Cronus</i></b> permitir, obviamente!). <br />
<br />
1- <b><i>A Mulher Trêmula ou Uma História dos Meus Nervos</i></b>. Siri Hustvedt. São Paulo. Companhia das Letras. 2011. 204 páginas. <br />
<br />
2- <b><i>Indignação</i></b>. Philip Roth. São Paulo. Companhia das Letras. 2009. 171 páginas. <br />
<br />
3- <b><i>Todos os poemas</i></b>. Paul Auster. São Paulo. Companhia das Letras. 2013. 349 páginas.<br />
<br />
5- <b><i>Verão</i></b>. J. M. Coetzee. São Paulo. Companhia das Letras. 2010. 275 páginas. <br />
<br />
6- <b><i>Tornar-se negro: as vicissitudes da identidade do negro brasileiro em ascensão social</i></b>. Rio de Janeiro. Edições Graal. 1983. 88 páginas.<br />
<br />
7- <b><i>The thing around your neck</i></b>. Chimamanda Ngozi Adiche. Anchor Books. 2010. 217 pages.<br />
<br />
8- <b><i>As ilusões armadas: a ditadura envergonhada</i></b>. Elio Gaspari. São Paulo. Companhia das Letras. 2002. 417 páginas. <br />
<br />
9- <b><i>Os caminhos de Mandela: lições de vida, amor e coragem</i></b>. Richard Stengel. São Paulo. Editora Globo. 237 páginas.<br />
<br />
10- <b><i>Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal</i></b>. Hannah Arendt. São Paulo. Companhia das Letras. 1999. 336 páginas. <br />
<br />
11- <b><i>As ilusões armadas: a ditadura escancarada</i></b>. Elio Gaspari. São Paulo. Companhia das Letras. 2002. 507 páginas.<br />
<br />
<b>Muita Paz, Muito Amor!</b></div>
Márcio Macedohttp://www.blogger.com/profile/11624430791106628189noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5943691296501129269.post-1772693787513754982015-01-06T01:51:00.001-02:002015-01-06T01:51:19.124-02:00Analisando 2014, Focando 2015<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkZ6I1SvwNF9jTljwg5YkofAslP8dNswMbrc-8cd57d18Wfz2wqM9DUFezXyE3nZhEsXE1F-jL9iGPmlsUDVzPaEe4ZNpzr3VSThC5rQrXZUtlTpDv7h-AFxMgDAQE3mZdKCYyMo7KFJs/s1600/mdgs-2-2015.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkZ6I1SvwNF9jTljwg5YkofAslP8dNswMbrc-8cd57d18Wfz2wqM9DUFezXyE3nZhEsXE1F-jL9iGPmlsUDVzPaEe4ZNpzr3VSThC5rQrXZUtlTpDv7h-AFxMgDAQE3mZdKCYyMo7KFJs/s1600/mdgs-2-2015.jpg" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkZ6I1SvwNF9jTljwg5YkofAslP8dNswMbrc-8cd57d18Wfz2wqM9DUFezXyE3nZhEsXE1F-jL9iGPmlsUDVzPaEe4ZNpzr3VSThC5rQrXZUtlTpDv7h-AFxMgDAQE3mZdKCYyMo7KFJs/s1600/mdgs-2-2015.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><br /></a></div>
Anos atrás assistia a uma aula de meu professor preferido na <i><b>New School</b> </i>e qual foi minha surpresa quando, no processo de explicar algo, ele me citou. Disse que em um outro curso seu semestres antes eu havia dito algo que ele achara interessante, alguma coisa como <i>"a vida real é um texto que escrevemos sem direito a rascunho ou revisão"</i>. Bem, não lembro de quando disse isso na aula de meu professor e se algum dia o fiz de fato. Porém, isso me veio à cabeça hoje ao sentar para escrever o primeiro <i>post</i> do <i>blog </i>de 2015. Explico-me.<br />
<br />Busquei no meu <i>iPad</i> os mal afamados objetivos para o ano que escrevemos sempre na primeira ou nas primeiras semanas de janeiro. Achei a bagaça e fiquei impressionado com a quantidade: 23. Listei de tudo, coisas estúpidas e outras bastante importantes. Fechei a conta do ano com mais da metade (13) de meus objetivos para 2014 na mesma enquanto 7 foram cumpridos pela metade e 3 foram efetivados. Mas pera lá... Esse foi um ano difícil pra caralho! Foi o ano do 7 a 1 numa copa em casa, da eleição presidencial mais disputada das últimas décadas (muita gente perdeu até amigxs por conta dela) e, no meu caso, de um doloroso pé na bunda de alguém que ainda amo. Paciência!<br />
<br />
Mas foquemos nas conquistas: sai do "exército industrial de reserva" (arrumei emprego), me rendi a Freud e Lacan (comecei a fazer análise) e sobrevivi por dois semestres a uma carga horária semanal de 26 aulas sem ficar louco, bater em alunxs ou perder a voz. Ainda consegui me desvincular um pouco do meu <i>C.P. Time</i> (cheguei menos atrasado em meus compromissos), escrevi coisas novas, fiz novas e boas amizades (reatei algumas perdidas), voltei a atuar na vida acadêmica no Brasil graças a algumas parcerias, quase esqueci que existe uma "coisa" chamada <i>Facebook</i> e não sou mais<i> </i>viciado em <i>iMessages</i>, <i>FaceTimes</i>, <i>WhatsApps</i> ou qualquer outra merda tecnológica. <br />
<br />
Sendo assim, meus objetivos para 2015 serão 23 menos 3. Ou seja, manterei os mesmos que estabeleci para 2014 tirando aqueles que foram cumpridos. Na lista há ainda espaço para substituições (já disse que na lista havia "coisas estúpidas e outras bastante importantes") e provavelmente farei isso. Contudo, o importante é se conduzir pela máxima que o saudoso líder sulafricano <b>Nelson Mandela</b> tinha para si em suas ações: pensar a longo prazo.<br />
<br />
Pode vir 2015. A vida é um texto que se escreve sem direito a rascunho ou revisão, mas algumas diretrizes não fazem mal a ninguém.<br />
<br />
Muita Paz, Muito Amor! </div>
Márcio Macedohttp://www.blogger.com/profile/11624430791106628189noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5943691296501129269.post-37811836305551044682014-12-01T23:37:00.001-02:002014-12-01T23:37:18.977-02:00Seminário Economia Criativa - "Gestão dos Festivais de Arte Negra"<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIzGE9S5sGdgwj6HIIqOLxuAXnP8YQvb5giBq6teGwCwv5AQf4twMqgpwn0N8tIAacqcbB-EheXSHPCYS940TB3lxCEZLenbgw0M3OX5ZPYVZTNnBdcS5QoYBbFjoMOxcJGhxRLJpy7a8/s1600/sesc2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIzGE9S5sGdgwj6HIIqOLxuAXnP8YQvb5giBq6teGwCwv5AQf4twMqgpwn0N8tIAacqcbB-EheXSHPCYS940TB3lxCEZLenbgw0M3OX5ZPYVZTNnBdcS5QoYBbFjoMOxcJGhxRLJpy7a8/s1600/sesc2.jpg" height="640" width="640" /></a></div>
<br /></div>
Márcio Macedohttp://www.blogger.com/profile/11624430791106628189noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5943691296501129269.post-27123322603219328292014-11-02T18:05:00.002-02:002014-11-02T18:06:11.870-02:00Ciclo Centenário Abdias do Nascimento<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<style>
<!--
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<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<b><span lang="PT-BR" style="font-family: Helvetica; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Helvetica;">I </span></b><b><span lang="PT-BR" style="font-family: Helvetica; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Helvetica;"><b><span lang="PT-BR" style="font-family: Helvetica; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Helvetica;">– </span></b> 08/11, Sábado, 14h às 17h na Biblioteca
Mário de Andrade</span></b></div>
<b>
</b><br />
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<b><span lang="PT-BR" style="font-family: Helvetica; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Helvetica;">Mesa redonda “O QUILOMBISMO DE ABDIAS
NASCIMENTO”</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Helvetica; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Helvetica;">“Abdias, rumos e legado mundial”, com Márcio
Macedo (sociólogo e pesquisador da obra e contextos de Abdias do Nascimento)
“Letra mocambola no palco, no livro, no senado”, com Éle Semóg/RJ (poeta,
ex-assessor e biógrafo de Abdias do Nascimento)</span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<b><span lang="PT-BR" style="font-family: Helvetica; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Helvetica;">II – 15/11, Sábado, 14h às 17h no Teatro
Studio 184/Heleny Guariba ou SP Escola de Teatro</span></b></div>
<b>
</b><br />
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<b><span lang="PT-BR" style="font-family: Helvetica; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Helvetica;">Debate “AINDA DRAMAS PARA NEGROS, PRÓLOGO
PARA BRANCOS? ESTÉTICAS DA QUILOMBAGEM ONTEM E HOJE” </span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Helvetica; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Helvetica;">Intervenções teatrais com trechos das peças
“Sortilégio”, “Aruanda” e “O Filho Pródigo”, com Jairo Pereira Mesa-redonda: “
Engenharias do Teatro Experimental do Negro”, com Daniela Rosa (mestre pela
UNICAMP, pesquisadora da história do Teatro Experimental do Negro) “Sortilégio:
a caneta e a pele de Abdias”, com Christian Moura (Doutorando em Artes cênicas,
pesquisador da obra de Abdias do Nascimento) “Cena negra. Estéticas da Luta”,
com Angelo Flávio (Ator, diretor da Cia Teatral Abdias Nascimento/BA)</span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<b><span lang="PT-BR" style="font-family: Helvetica; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Helvetica;">III – 22/11, Sábado, 15h às 17h30 na sede do
Ilu Obá de Min</span></b></div>
<b>
</b><br />
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<b><span lang="PT-BR" style="font-family: Helvetica; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Helvetica;">Projeção do filme “O Dia de Jerusa”, de
Viviane Ferreira</span></b></div>
<b>
</b><br />
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<b><span lang="PT-BR" style="font-family: Helvetica; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Helvetica;">Mesa Redonda: DIÁSPORAS AFRICANAS: ESTILO E
PELEJA DE ABDIAS DO NASCIMENTO</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Helvetica; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Helvetica;">“Cinema negro, estética e contradições”, com
Viviane Ferreira (cineasta), <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>“Expressões e chamas da arte preta”, com Salloma Sallomão (
professor, músico e pesquisador das culturas africanas e afro-brasileiras) e
“Imagens e performances do teatro negro” com Evani Tavares/BA (atriz, doutora
pela Unicamp sobre as obras do TEN e do Bando de Teatro Olodum)</span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Helvetica; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Helvetica;">Oficina ( das 18h30 às 20h) “ Ritmos e
Poesia com Abdias – aguerês, alujás e orikis”, com Beth Belli (Fundadora e
mestra do Ilu Obá de Min) & Allan da Rosa</span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<b><span lang="PT-BR" style="font-family: Helvetica; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Helvetica;">IV – 26/11, Quarta-feira na Ocupação São
João</span></b></div>
<b>
</b><br />
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<b><span lang="PT-BR" style="font-family: Helvetica; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Helvetica;">Oficina: 15h a 18h “Tecido e pintura –
Criando com as Artes visuais de Abdias”, com Renata Felinto</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<b><span lang="PT-BR" style="font-family: Helvetica; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Helvetica;">Biblioteca Mário de Andrade, das 19 às 22h</span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Helvetica; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Helvetica;">Projeção do filme “As estátuas também
morrem”, de Alain Resnais (França, 1953) Mesa-redonda: “A PINTURA EM POESIA.
DETALHES DA COR DE ABDIAS NASCIMENTO” Com Renata Felinto (artista plástica e
pesquisadora) & Claudinei Ferreira (artista plástico, pesquisador e arte-educador)</span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"></span></div>
Márcio Macedohttp://www.blogger.com/profile/11624430791106628189noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5943691296501129269.post-54150077805140947252014-10-07T15:33:00.002-03:002014-10-22T15:32:30.292-02:00Para entender as eleições do último domingo, 5/10.<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Votei em candidato/as que não foram eleito/as, mas meu voto foi convicto, ideológico e não orientado pela lógica de optar pelo "menos pior".<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrlfT-rd2c0mPAsifQcVxs49Bci0r5rJ6R3w14aGtJ-fukvTPIQFBoj4o_C8Ub11ZhG2FaP_rFATAKTE1AZw7OJIZoPnOQKsfUtoXY9cMm7A-ZY7xkmb9W2Pt-GJ-Ff77xZMNNjxx76I4/s1600/tim-maia-main.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrlfT-rd2c0mPAsifQcVxs49Bci0r5rJ6R3w14aGtJ-fukvTPIQFBoj4o_C8Ub11ZhG2FaP_rFATAKTE1AZw7OJIZoPnOQKsfUtoXY9cMm7A-ZY7xkmb9W2Pt-GJ-Ff77xZMNNjxx76I4/s1600/tim-maia-main.jpg" /></a></div>
<br />
Mas para entender as eleições de domingo e essa guinada a direita na política (elejemos o congresso mais conservador desde 1964), busco as palavras sábias do grande <b>Tim Maia</b>: "Aqui [Brasil] prostituta se apaixona, cafetão tem ciúme, traficante se vicia e pobre é de direita"<br />
<br />
Que venham os próximos quatro anos...<br />
<br />
Paz! </div>
Márcio Macedohttp://www.blogger.com/profile/11624430791106628189noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5943691296501129269.post-12416624712575517712014-09-25T13:31:00.002-03:002014-09-25T13:31:58.020-03:00Panorama das Artes Negras<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixnV5EwWRXhl43hZlqSwa6A5rQkfDfnAjueq0YwKmOy_i8_oLepvGBXKL4Eg29cAdF3QbWkeVVislhQDqzH4ssR9bpeozgCRzIZWS15YnHX-VhG4h-Zc-foWillQmXbAswYfDnxYSI4f8/s1600/Flyer+Pilula+Set++Musica.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixnV5EwWRXhl43hZlqSwa6A5rQkfDfnAjueq0YwKmOy_i8_oLepvGBXKL4Eg29cAdF3QbWkeVVislhQDqzH4ssR9bpeozgCRzIZWS15YnHX-VhG4h-Zc-foWillQmXbAswYfDnxYSI4f8/s1600/Flyer+Pilula+Set++Musica.jpg" height="636" width="640" /></a></div>
<br /></div>
Márcio Macedohttp://www.blogger.com/profile/11624430791106628189noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5943691296501129269.post-44830184893477876632014-09-18T14:04:00.003-03:002014-09-18T14:34:37.722-03:00"Sexo e as Negas" e o Jogo das Diferenças (ou "Ah! Branco... Dá um tempo.")<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3DtXP1gVNHvT7l7uB1CfYKSA7u1mFITSNbvwhTRSlHmMJ3JuM16cdPuEwUWko-ssgH65nH-69xH9OAw8jo-9_LkKvF8gVLRVr33IC0Fh2n40C0dW587As_f-clYOptEUGCXRF6LlA01k/s1600/miguel.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3DtXP1gVNHvT7l7uB1CfYKSA7u1mFITSNbvwhTRSlHmMJ3JuM16cdPuEwUWko-ssgH65nH-69xH9OAw8jo-9_LkKvF8gVLRVr33IC0Fh2n40C0dW587As_f-clYOptEUGCXRF6LlA01k/s1600/miguel.jpg" /></a></div>
Ando meio desanimado com o que tenho lido na <b>Internet</b>. <b>Miguel Falabella</b> "vomita" uma série de impropéritos racistas em sua defesa da série <b><i>Sexo e as Negas</i></b> (<b>leia a resposta do diretor ao final desse post) </b>e ainda é defendido pelo elenco negro. Racismo com contornos de paternalismo é uma das características das relações entre brancos e negros no <b>Brasil</b> e definitivamente fornece o tom da conversa sobre essa série global cujo o nome é de extremo mau-gosto. Mas enfim, esse é o Brasil.<br />
<br />
Juro que num primeiro momento, logo após ler a resposta de Falabella, minha vontade foi de intitular esse <i>post</i> de <b>ESCUTA BRANCO/A</b>. O texto seria uma aula sobre racismo para meus/minhas amigo/as branco/as buscando mostrar como uma show de título asqueroso ofende as mulheres negras/mestiças e, por conseguinte, toda a população negra. Mas desisti. Quem dará a atenção a um texto árido cheio de termos vindos da sociologia, história e antropologia frente a imagens de mulheres negras/mestiças belas exibindo seus corpos na tela como se eles fossem carne negra a ser embrulhada, levada para casa (ou algum outro lugar!) para ser consumida? E lembremos de <b>Elza Soares</b>: "<i>a carne mais barata do mercado é a carne negra!</i>". Sim, desisti de escrever e dar esse título também quando vi vário/as negro/as/mestiço/as, via <b>Twitter</b>, apoiando a exibição da série numa espécie de cegueira criada pelo racismo brasileiro que não vê problema na sexualização do corpo negro e comercialização de estereótipos que há muito tempo nos acompanham. Lembro de um <i>post</i> que escrevi aqui há cinco anos atrás falando da ambiguidade presente na figura da mulata na história de nossas relações sociais tupiniquins (leia <a href="http://newyorkibe.blogspot.com.br/2009/01/e-mulata-tal.html" target="_blank"><b>AQUI</b> </a>). Mas não quero dar aula. Estou cansado. Semana cheia, de muito trabalho e esse aborrecimento vindo da exibição dessa série que tira um pouco a alegria da vida.<br />
<br />
Ontem conversava com uma amiga (branca) que me dizia que por mais que ela se solidarize com as questões relativas à população negra, ela nunca conseguirá sentir a dor que o racismo causa em indivíduos pertencentes a este contingente da população. Tendo a concordar. O racismo ou o sofrimento vindo do racismo é uma experiência individual de negro/as que branco/as podem se solidarizar, mas dificilmente sentir. Contudo, a solidariedade pode se dar de forma mais efetiva quando aproximamos nossas diferenças. Não somos apenas branco/as ou negro/as ou asiático/as ou indígenas. Somos homens, mulheres, gays, lésbicas, nordestino/as, de classe trabalhadora, média, portadore/as de necessidades especiais e pessoas ostentando as mais diversas diferenças. E é na diversidade da diferença que devemos entender e experienciar a dor de ter a imagem ridicularizada, sexualizada, violentada, discriminada e desprezada. Miguel Falabela não é negro nem mulher, mas é gay, "e todos sabem como se tratam os" gays no Brasil, parafraseando <b>Caetano</b> e <b>Gil </b>na letra da canção <b>Haiti</b>. Infelizmente a homofobia é um fenômeno tolerado em nossa sociedade causando muito dor física, psíquica e simbólica. Aproximar a dor de ter sido ridicularizado, agredido ou discriminado por ser gay talvez faça com que Falabella e seus negro/as da "<i>casa grande</i>" entendam melhor do que estamos reclamando.<br />
<b><br /></b>
<b>Muita Paz!</b><br />
<br />
Resposta de Miguel Falabella às críticas a série: <i>"(...) Dói-me ver a luta de meus colegas negros na nossa
profissão. As oportunidades são reduzidas, não trabalham sempre e, sem
exercício, não há aprendizado, como sabemos. Pensei que aquela ideia,
surgida numa feijoada, na Cidade Alta de Cordovil, pudesse ser um
programa que refletisse um pouco a dura vida daquelas pessoas, além de
empregar e trazer para o protagonismo mais atores negros. Basicamente,
foi essa a ideia e nem achei que iriam aceitar o programa. Qual é o
problema, afinal? É o sexo? São as negas? As negas, volto a explicar, é
uma questão de prosódia. Os baianos arrastam a língua e dizem 'meu
nego', os cariocas arrastam a língua e devoram os S. Se é o sexo, por
que as americanas brancas têm direito ao sexo e as negras não? Que
caretice é essa? O problema é por que elas são de comunidade? Alguém
pode imaginar Spike Lee dirigindo seus filmes fora do seu universo? Que
bobagem é essa? Pois é justamente sobre isso que a série quer falar!
Sobre guetos, sobre cotas, sobre mitos! Destrinchá-los na medida do
possível! (...) O negro mais uma vez volta as costas ao negro. Que
espécie de pensamento é esse? Não sei o que é mais assustador. Se o
pré-julgamento ou se a falta de humor. Ambos são graves de qualquer
maneira. Como é que se tem a pachorra de falar de preconceito, quando
pré-julgam e formam imediatamente um conceito rancoroso sobre algo que
sequer viram? 'Sexo e as Negas' não tem nada de preconceito. Fala da
luta de quatro mulheres que sonham, que buscam um amor ideal. Elas
podiam ser médicas e morar em Ipanema, mas não é esse meu universo na
essência, como autor, (...) As minhas personagens são camareiras,
cozinheiras, indicadoras de mesas, operárias. E desde quando isso
diminui alguém? São negras, são pobres, mas cheias de fantasia e de
amor. São lúdicas! E sobrevivem graças ao humor. Seres humanos. Reais.
Com direito a uma vida digna e muito... Mas muito sexo! Vai dizer agora
que eu sou racista? Ah! Nega... Dá um tempo."</i> </div>
Márcio Macedohttp://www.blogger.com/profile/11624430791106628189noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5943691296501129269.post-7146029104221164012014-09-03T16:03:00.003-03:002014-09-03T16:09:14.654-03:00"Sexo e as Negas": é de embrulhar o estômago! <div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Faz tempo que não escrevo por aqui. Muito trabalho, falta de tempo e ausência de assunto. Hoje tenho um. Horas atrás estou correndo numa esteira em minha academia e vejo uma série de imagens em uma das TVs de plasma colocadas estrategicamente de frente aos aparelhos aeróbicos. Mulheres negras, jovens, festas e um letreiro <b><i>Sexo e as Negas</i></b>. Fico meio encucado. Ao chegar em casa dou uma navegada na Internet e, finalmente, me dou conta do que vem por aí. É literalmente de dar um asco, de embrulhar o estômago. <i><b>Sexo e as Negas</b> </i>é a nova série da <b>Rede Globo</b>. A autoria é de quem? <b>Miguel Falabela</b>... Sem comentários! Mais um produto lixo que irá reproduzir estereótipos sobre a população negra/mestiça e feminina. De acordo com o que li, a idéia é que a série seja uma espécie de <b><i>Sex and the City</i></b> popular que se passa no <b>Rio de Janeiro</b>. Pergunto: o que <b>Falabela</b> entende do universo negro e feminino? E esse nome é de um mau gosto horrendo. Oh vida dura de ser preto/a no Brasil, país da democracia racial, racismo velado e da merda da Rede Globo. <br />
<br />
Durmam com esse barulho...<br />
<br />
Paz!</div>
Márcio Macedohttp://www.blogger.com/profile/11624430791106628189noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5943691296501129269.post-46222595039498782092014-07-12T02:53:00.003-03:002014-07-12T03:12:48.187-03:00Paçoca Amor<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5Qp6jsGRaX8N6swuHpNRvrpEephdQY_ngXsQoCCFH1V-1Vn717zz7C_guGSLHiXKcTDSIPWP8e05h5LWgTLcy8rDU4mDwNYM8NteqsyZ8QANN3SEY37D_y0ZrPachriK_LEY6Qkdavpg/s1600/2697675071_5e2d861932.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5Qp6jsGRaX8N6swuHpNRvrpEephdQY_ngXsQoCCFH1V-1Vn717zz7C_guGSLHiXKcTDSIPWP8e05h5LWgTLcy8rDU4mDwNYM8NteqsyZ8QANN3SEY37D_y0ZrPachriK_LEY6Qkdavpg/s1600/2697675071_5e2d861932.jpg" height="480" width="640" /></a></div>
<b>Paçoca Amor</b><br />
<br />
<b>Para Mônica Ribeiro e Ribeiro</b><br />
<br />
Paçoca,
doce tipicamente nacional. Ela não existe em outros lugares do mundo e,
por conta disso, se configura numa iguaria autóctone assim como a
cachaça, o samba, a feijoada e a mulata, apesar de essa última estar
fadada ao desaparecimento devido ao surgimento das negras metidas norte
americanizadas. Há uma história que circula por aí falando do amor de um
chocolate e uma paçoca. A paçoca, segundo consta, era indelével devido a
seus traços. Por onde passava levantava suspiros. Grande, linda,
deliciosa e de uma cor maravilhosa: um misto de açúcar mascavo com
caramelo. Seu nome: Paçocão. Dizem que o amendoim, ingrediente básico da
paçoca, é afrodisíaco. Talvez. Mas os segredos da paçoca estão em
outros lugares, ela não pode ser simplesmente comparada a uma espécie de
<i>Caracu</i> com ovo. Paçocão, que viria a ocupar um lugar único na vida de
Chocolate Boogie (alcunha do homem chocolate) possuía esse mistério que
só as verdadeiras paçocas conseguem ter. O charme, a beleza, a
consistência, o sabor, esperteza, e o jeito sedutor de uma paçoca 100%
nacional.<br />
<br />
Determinada ocasião CB (pronuncia-se “Ci Bi”)
e Paçocão estabeleceram uma discussão a respeito da real identidade da
paçoca. A propósito, tratava-se de uma crise identitária de Paçocão que
havia viajado aos Estados Unidos para passar uma temporada nas terras <i>yankees</i> aprendendo inglês, habilidade necessária no seu projeto de se tornar uma mercadoria globalizada. CB, que alguns <i>brothers</i> gringos gostavam de zoar chamando de <i>Chocolate Bootie,</i>
se encontrava por lá há tempos. Ele não passava de um chocolatizinho
interiorano metido a gringo que falava inglês errado e ganhava a vida na
exportação de chocolates <i>M&Ms</i> para o Brasil e fazendo
trambicagens. O desentendimento dos dois começara a partir dos vários
pacotes de paçocas levadas por Paçocão como souvenir da terrinha
buscando aplacar um pouco das saudades de Boogie do solo tupiniquim. Uma
das grandes representantes dessa iguaria brasileira é a paçoça da marca
<i>Amor</i>, que Boogie chamava desde criança de paçoquinha uma vez que
a paçoca de fato para ele seria maior e mais consistente. Paçocão, de
sua parte, afirmava que a paçoca Amor seria a verdadeira paçoca enquanto
que aquela Boogie se referia como paçoca seria um doce de amendoim.
Para CB (já disse que se pronuncia “Ci Bi”, porra!) aquilo não fazia
sentido. Ele desde sempre se referiu ao suposto doce de amendoim como
paçoça e a suposta paçoca como paçoquinha. Uma confusão! <br />
<br />
Brigaram
feio. Nas semanas seguintes levaram adiante sérias discussões sobre a
identidade da paçoca durante noites a fio enfrentando o frio
nova-iorquino bebericando<i> longnecks</i> de <i>Colt 45</i> (<i>malt liquor</i> vagabundo de menos de um dólar), doses de cachaça <i>Boazinha</i>
contrabandeada por Paçocão para a terra dos federalistas, comendo
macarronadas com molhos de salsicha e fazendo exercícios sexuais nos
quais encontravam prazer nas mais variadas, divertidas e contorcidas
posições. No cool down do sexo eram picados durante o sono por <i>bed bugs</i>
(percevejinhos gringos) que ficavam escondidos o dia todo em sua cama e
que na madrugada surgiam se fartando do sangue de ambos e deixando como
herança marcas vermelhas pelo corpo dos dois que eram coçadas com
vontade durante o dia todo.<br />
<br />
CB e Paçocão tinham uma vida relativamente tranqüila na <i>Big Apple</i>. Moravam num prédio velho e decadente do <i>Harlem </i>lotado
de imigrantes em sua maioria dominicanos que falavam um espanhol
caribenho indecifrável que os dois apelidaram carinhosamente de <i>pacaiá pacaiá</i>. O próprio zelador do prédio era dominicano e não falava absolutamente nada em inglês além do chamamento lugar comum <i>my friend</i>.
Não havia banheiro dentro do apartamento e a cozinha, assim como o
banheiro, era coletiva, suja e cheio de ratos. Paçocão reclamava da
sujeira, da falta de Internet, TV e da água fria, pois o sistema de
aquecimento havia quebrado bem no início do outono e eles já encontravam
em pleno inverno. A falta de água quente obrigava o casal a tomar banho
na academia de ginástica que freqüentavam tentando manter seus
corpinhos em forma e na qual riam ao ver mulheres chocolate gordinhas
moradoras do <i>Harlem</i> negro usando sacos preto de lixo cobrindo o
corpo durante o workout com a crença de que perderiam mais calorias
malhando daquela forma no mínimo peculiar.<br />
<br />
O tédio da vida americana começara a tirar a alegria de Paçocão e ela se tornaria uma freqüentadora assídua da <i>The New York Public Library</i>
passando dias e parte das noites debruçada sobre livros poeirentos e
grossos a respeito da paçoca e sua história. Lendo descobriu - diferente
do que achava - que a palavra paçoca não era um termo de origem
africana, mas sim indígena. Vinha do tupi <i>pa’soka</i>, uma junção de<i> paba</i> (terminar) com <i>soka</i> (socar). O termo fazia referência à maneira como a comida que a <i>pasoka</i>
indígena era produzida: uma mistura de carne assada desfiada com
farinha de milho preparada socando a carne e a farinha no pilão.<br />
<br />
A
paçoca original de carne se aproxima em muito das comidas degustadas
por tropeiros devido ao seu alto valor calórico e nutritivo, ou seja, é
um prato que pequenas porções podem fornecer energia suficiente para
grandes caminhadas no interior da inóspita mata fechada além de seus
ingredientes serem facilmente transportados e de rápido preparo. Não é
coincidência ela ter se integrado a dieta dos bandeirantes que
desbravavam o interior e sertões brasileiros dizimando indígenas,
buscando riquezas minerais e recapturando negros fugidos. Historicamente
bandeirantes já são associados a origem indígena, sendo alguns em parte
caboclos ou mamelucos (descendentes de mistura de indígenas com
brancos) ou ainda cafuzos (descendentes de negros com indígenas), bem
diferente da pureza portuguesa que lhes é sempre atribuída pela
historiografia. Dizia-se que o infame herói paulista Domingos Jorge
Velho (1641-1703), bandeirante responsável pela destruição do Quilombo
dos Palmares com suas tropas mestiças, era um afamado comedor de paçoca
que se casou apenas em idade avançada tendo antes várias concubinas
indígenas. A mesma euforia por paçoca se diz a respeito de Anhanguera
(Diabo Velho), alcunha tupi pela qual era conhecido outro famoso
bandeirante paulista: Bartolomeu Bueno dos Santos (1672-1740). Paçocas e
bandeirantes, uma história complexa!<br />
<br />
Até hoje há
cidades espalhadas por alguns estados brasileiros nas quais é possível
degustar a paçoça salgada. Em Minas Gerais temos a Festa Nacional da
Paçoca. Em Pilar do Sul, interior de São Paulo, acontece anualmente o
Festival da Paçoça e no Paraná a paçoca é parte do cardápio tradicional
do estado. Durante as festividades juninas no nordeste brasileiro, a
paçoca é um prato indispensável. Todavia, ninguém sabe explicar muito
bem como a paçoca ficou associada, em todo o imaginário popular, a um
delicioso doce tradicional produzido a partir de amendoim, farinha de
mandioca e açúcar. Há controvérsias. Alguns dizem que isso tem haver com
as mudanças alimentares da região onde a paçoca se originou, os estados
de São Paulo e Goiás. Entretanto, para sua decepção, Paçocão não
conseguia obter informações confiáveis sobre a origem da paçoca doce
contemporânea, a nossa deliciosa paçoquinha. Foi aí que um inquérito de
ordem identitária e existencial tomou a direção de seu interesse.<br />
<br />
Sua
pesquisa focou, então, outros quitutes compatriotas. As
descobertas se amparavam em livros que moldaram a identidade nacional e
que traziam a culinária como um lugar privilegiado para se pensar a
elaboração de tradições, leia-se aqui <i>Açúcar: uma Sociologia do Doce</i> (1932) e <i>Casa Grande & Senzala</i>
(1933), ambos do saudoso Mestre de Apipucos, Gilberto Freyre
(1900-1987). Cada doce, nesses e outros livros, tinha uma história
específica como a bananinha caramelizada, o doce de abóbora, o pé de
moleque, o brigadeiro, o quindim, a pamonha doce, a tapioca, o bolo de
rolo, o doce de buriti, o pudim de leite, o curau de milho, a rapadura, a
goiabada, o beijo de mulata, o papo de anjo, o bom-bocado, o manjar, a
cajuada, a cocada, o merengue, a baba de moça, o beijinho, o cajuzinho, a
canjica, o doce de caju, o doce de pequi, o melado de tacho, as baias
de café, o chuvisco, o pão de cuca, o doce de pinhão e a torta de maçã
"alemã". Ou seja, Paçocão descobriu que seus parentes, meio irmãos e
irmãs, eram muitos e variados. Mas todos eles tinham em comum o aspecto
docificado, atrativo possibilitado por uma especiaria: o açúcar. <br />
<br />
Mais que isso. Numa leitura atenta de <i>Açúcar: uma Sociologia do Doce</i>,
ela entendeu que Freyre olhava para essa iguaria como a responsável por
juntar culturas e povos através da culinária. Era como se o açúcar
fosse a liga que organiza a mistura fornecendo consistência e mantendo
os diferentes ingredientes juntos. E a paçoca doce? De onde viria? O que
significaria? Não importava muito como ela se elaborou, pensou, mas sim
o significado e a origem de seus componentes. Assim, buscou entender
cada um dos seus componentes em busca de pistas.<br />
<br />
A
paçoca é feita de amendoim torrado e pilado com farinha de mandioca e
açúcar. Lendo livros de folclore, dicionários etimológicos e estudos
antropológicos ela descobriu que tanto o amendoim como a farinha tem sua
origem em tribos indígenas da América do Sul e faziam parte da dieta
alimentar desses grupos. O termo amendoim é originário do tupi-guarani <i>mãdu'bi</i> (ou <i>mãdu'i</i>)
significando "enterrado". Há algumas lendas indígenas sobre o
surgimento do amendoim. Uma delas afirma que havia um menino chamado
Doinmã que defecava amendoins numa panela com o auxílio da mãe. Um dia a
mãe saiu e deixou Doinmã aos cuidados do tio. O menino sentiu vontade
de defecar e pediu a panela ao tio que, não sabendo da história, mandou o
sobrinho fazer suas necessidades fora da casa. O garoto saiu e defecou
na panela. Horas depois o tio saiu da casa e, ao ver a panela,
fartou-se de amendoim. Minutos seguiriam até ele descobrir a origem do
amendoim e, extremamente irritado, surrou Doinmã até a morte. Com medo
da reação da irmã, enterrou o corpo do garoto próximo a um rio. Todos
lamentaram e choraram o sumiço de Doinmã, inclusive o tio. Passado algum
tempo, uma planta surgira próximo ao rio que a mãe de Doinmã se
banhava. Um dia, no momento em que a mãe se secava do banho, ela ouviu
um choro igual ao de seu filho. Notou que a lamúria vinha da planta. Ao
se aproximar dela e arrancar a mesma da terra, notou que nas raízes
estavam os amendoins de Doinmã. <br />
<br />
Mandioca também tem origem tupi vindo do termo <i>mãdi'og</i>, <i>mandi-ó </i>ou <i>mani-oca</i>
cujo significado é "casa de Mani". Mani é a deusa benfazeja dos
guaranis que se transforma em mani-oca. A lenda conta que ela seria a
neta de um chefe indígena. Ao saber que a filha estava grávida de um
rebento bastardo, o pai quis punir aquele que desonrara sua filha. A
filha negou ter tido relação com qualquer homem mesmo após sofrer
castigos impostos pelo pai. Decidido a matá-la, o pai foi impedido por
um homem branco que lhe apareceu em sonho afirmando que a filha era de
fato inocente não tendo tido relação com nenhum homem. Para surpresa da
tribo, nove meses depois uma criança extremamente branca nasceu. Foi
dado o nome de Mani à criança que andava e falava precocemente. Ao final
de um ano, sem aparentar nenhuma doença ou dor, Mani caiu morta. Foi
enterrada dentro de casa e a cova foi regada por determinado período
seguindo o costume da tribo. Ao cabo de certo tempo uma planta
desconhecida brotou, cresceu e deu frutos. Pássaros embriagaram-se ao
comer os frutos da planta, fato que aumentou a superstição dos
indígenas. Passado mais algum tempo, a terra fendeu-se. Ao cavar, os
indígenas julgaram reconhecer o corpo de Mani nas raízes da planta. Ao
comê-las eles aprenderam a usar a mandioca. <br />
<br />
Não há
unanimidade sobre a origem do açúcar. Há histórias que falam de sua
existência há 6000 AC, mas estudos mais recentes apontam uma história
mais remota, algo em torno de 2000 anos. Sabe-se que o primeiro lugar a
cultivar cana de açúcar foi a Nova Guiné e de lá o cultivo se expandiu
para as Filipinas, Fuji e outras ilhas menores localizadas no sudoeste
do Oceano Pacífico. Os indianos, persas e chineses foram os primeiros a
processarem açúcar oriundo da cana e a iguaria chegou a Europa levada
por Alexandre Magno em suas campanhas empreendidas no Oriente. Séculos
depois o açúcar seria explorado pelo comércio de especiarias que se
estabeleceu no renascimento. Ele era visto como um produto sofisticado e
medicinal, vendido em boticários e acessível somente aos indivíduos com
alto poder aquisitivo. A produção de cana-de-açúcar foi trazida por
portugueses para o Brasil como meio de explorar a nova colônia e o
sistema de <i>plantation</i> (monocultura + mão de obra escrava +
latifúndio) prevaleceu. O açúcar produzido no Brasil tinha aspecto
escuro assim como a pele dos escravos que trabalhavam na sua produção em
engenhos. Era depurado primeiro em blocos duros de cor caramelada ou
marrom: o açúcar mascavo. Depois vieram as formas de refinamento que
produziam os vários outros tipos de açúcar como o demerada, o cristal e o
refinado.<br />
<br />
Sim, havia uma enorme história por trás da
paçoca doce. Não importava mais como ela deixara de ser salgada. Mas
importava que o açúcar houvesse cruzado sua trajetória, trazendo novas
perspectivas, unindo tradições e culturas, solidificando uniões. O
açúcar mascavo, de cor caramelizada e marrom, não o açúcar branco
refinado e ausente de cor e sentimento. Não é à toa que até hoje
associamos o amor a algo doce, suave e tranqüilo. A paixão é
arrebatadora, embriaga, tira a razão e nos faz cometer loucuras. Mas o
amor é calmo e para ser degustado aos poucos. Amor, a melhor definição
para o açúcar e a paçoca. Amor era o que se via nas lendas indígenas
referentes ao amendoim (amor de mãe e filho), da mandioca (o amor
proibido da indígena com o homem branco) e no açúcar (aquele que une
povos e culturas através da culinária, do sabor e de receitas). Mas o
açúcar, assim como o amor, tem a sua faceta sinistra. O açúcar também
poderia matar. Quantos homens e mulheres negros morreram no período da
escravidão vítimas do trabalho duro, brutal e desumano do plantio da
cana e da produção de açúcar nos engenhos? Alguns foram deliberadamente
assassinados. E o que falar dos indígenas dizimados pelos europeus para
que em suas terras a cana pudesse ser cultivada? E mais
contemporaneamente, já ouviu falar da história dos três brancos
assassinos? Sal, trigo e... açúcar! <br />
<br />
Paçocão, após
semanas enfiadas dia e noite na biblioteca, saiu do prédio localizado na
Rua 42 da ilha de Manhattan totalmente atordoada aquela noite. Tantas
histórias, idéias e tradições estavam por trás da sua trajetória.
Passando pela <i>Times Square</i> ela notou uma loja enorme da <i>M&Ms</i>.
Sentiu pena dos turistas que enchiam suas sacolas de compras com o
produto gringo ao pensar no sabor de seus doces locais. Não, o <i>M&Ms</i>
não teria nem um terço da história dessa singela iguaria nacional
chamada paçoca e que até hoje é vendida em botecos, bares, pé sujos,
mercearias, supermercados, camelôs e unindo amantes através do simples
gesto de degustar uma paçoca juntos. <br />
<br />
Seguiu caminhando até a estação <i>Times Square</i> e dentro da mesma andou por um longo e entediante corredor branco alcançando o <i>Port Authority</i>. De lá tomou o trem A em direção ao <i>Harlem</i>.
Sua cabeça girava entre pensamentos. Ao sair do metrô na estação da Rua
125 enfrentou quatro quarteirões debaixo de forte neve se deparando com
faces negras em seu caminho até chegar ao prédio velho da Rua 123,
entre as avenidas <i>Amsterdam</i> e <i>Broadway</i>, onde morava dividindo o espaço com ratos, baratas, bed bugs, imigrantes ilegais e sem água quente.<br />
<br />
Ao
subir os degraus da entrada do prédio, escorregou no gelo e caiu de
bunda na neve branca que cobria toda a calçada e que os zeladores pacaiá
pacaiá não haviam tirado aquele dia. Levantou se limpando da neve
molhada, xingando e amaldiçoando os velhos coitados. Ao entrar no prédio
e foi recebida por uma agradável massa de ar quente. Subiu as escadas
sujas e chegando ao seu andar notou que a sujeira aumentava. Abriu a
porta do corredor e viu seu homem CB cozinhando. Ao notar sua presença,
ele respondeu com um sorriso sem graça. Cardápio: macarrão com salsicha,
duas doses de <i>Boazinha</i> para abrir o apetite e duas <i>Colt 45</i> de US$ 0.90 cada. O computador tocava a trilha sonora da noite: <i>Love Supreme,</i>
John Coltrane. Sobremesa: a última paçoca Amor do pacote contrabandeado
por Paçocão para a gringa, a ser dividida por dois. Depois de jantar,
discutiram para ver quem comeria a paçoca sozinho ou como a dividiriam,
enquanto CB preparava um café. Numa ida ao banheiro de Paçocão, CB (“Ci
Bi”, caralho!), numa atitude egoísta, enfiou todo o doce na boca e comeu
extasiado. Brigaram. Não treparam. Na noite seguinte Paçocão tomou um
avião de volta às terras tupiniquins e seus meios-irmãos e irmãs doces.
Numa tentativa de reconciliação, o homem chocolate até hoje envia
enormes caixas de <i>M&Ms</i> da loja da <i>Times Square</i> para
Paçocão que os vende fazendo fortuna. A cada novo pacote que chega pelo
correio ela olha desconsolada, suspira e diz: “Se ele enviasse ao menos
uma paçoca <i>Amor</i>...”</div>
Márcio Macedohttp://www.blogger.com/profile/11624430791106628189noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5943691296501129269.post-14441649734446930172014-03-31T16:20:00.003-03:002014-03-31T16:20:27.998-03:0050 Anos de "A Integração do Negro na Sociedade de Classes", de Florestan Fernandes<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOGAkWv0OxtlIaX0gu-HF8H8WDhxPg-lrQ5pWa6EmDgDfEoB1m0xDNIkGQnvDLFgJ12SZpzBB-SYJ2EMwHXu4A-ycUYCmAd7LJOKPSrRPhjZrjYpk8mMepQSQv1XD6Egyx1Nbo_XiRBIM/s1600/Cartaz+Evento+A+Integracao+do+Negro+.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOGAkWv0OxtlIaX0gu-HF8H8WDhxPg-lrQ5pWa6EmDgDfEoB1m0xDNIkGQnvDLFgJ12SZpzBB-SYJ2EMwHXu4A-ycUYCmAd7LJOKPSrRPhjZrjYpk8mMepQSQv1XD6Egyx1Nbo_XiRBIM/s1600/Cartaz+Evento+A+Integracao+do+Negro+.jpg" height="640" width="436" /></a></div>
<br /></div>
Márcio Macedohttp://www.blogger.com/profile/11624430791106628189noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5943691296501129269.post-81883328589639574382014-03-16T21:21:00.002-03:002014-03-16T21:21:35.602-03:00A Utopia de Um Mundo Sem Discriminação<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
A convite de meu amigo <b>João Batista de Jesus Félix</b>, professor na <b>Universidade Federal de Tocantins (UFT)</b>, irei a <b>Palmas</b> e <b>Tocantinópolis</b> ministrar três palestras essa semana. <br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQHGZ2FQjPvu8NSdUiJdGMd7VNO8o3SYfA2RJO8ty47a0Wtp6aDcWK18_NEQJq9VTwfdyEdo-G8mvzc_zeTKctCKiAd_hV1QyoTSsuSVaC10wZChIxGeuXoIl_Ol3aZbkLrdUMPWgiZMw/s1600/Palestra+Palmas.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQHGZ2FQjPvu8NSdUiJdGMd7VNO8o3SYfA2RJO8ty47a0Wtp6aDcWK18_NEQJq9VTwfdyEdo-G8mvzc_zeTKctCKiAd_hV1QyoTSsuSVaC10wZChIxGeuXoIl_Ol3aZbkLrdUMPWgiZMw/s1600/Palestra+Palmas.jpg" /></a></div>
<br />
<span id="goog_1477257033"></span><span id="goog_1477257034"></span><br /></div>
Márcio Macedohttp://www.blogger.com/profile/11624430791106628189noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5943691296501129269.post-13660480310287236892014-03-03T23:23:00.002-03:002014-03-03T23:30:31.566-03:00A PL de Romário Para o Hip-Hop<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Há mais ou menos uma semana atrás participei de uma conversa no programa <b><i>JC Debate</i></b> da <b>TV Cultura</b> sobre o projeto de lei proposto pelo deputado federal <b>Romário</b> que estabelece a regulamentação profissional de atividades (DJing, MCing, B-boying e grafiteiro) relacionadas a cultura hip-hop. É um projeto polêmico e a maior parte do hip-hop paulista se posiciona contra. No programa não houve propriamente um debate, pois seria necessário que houvesse alguém defendendo o projeto de Romário, coisa que nem <b>Max BO</b>, MC apresentador do programa <b><i>Manos e Minas</i></b> (TV Cultura), nem eu fizemos.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjL235tKUgYnK_guqgnUYxTt-1rjL1kWqQwZ5t3vE1wMV68gwZj7_vduxZ5DBZTduOMOy9LFVCUI_nEZORvh43sVtd_aEOd7oSLIiqmAwMjMi6xaGqj36BVPBb0W9zu3n7-hD93V_2mMnQ/s1600/549175_10202557343792616_1336586444_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjL235tKUgYnK_guqgnUYxTt-1rjL1kWqQwZ5t3vE1wMV68gwZj7_vduxZ5DBZTduOMOy9LFVCUI_nEZORvh43sVtd_aEOd7oSLIiqmAwMjMi6xaGqj36BVPBb0W9zu3n7-hD93V_2mMnQ/s1600/549175_10202557343792616_1336586444_n.jpg" height="456" width="640" /></a></div>
<br />
O projeto do deputado soa como um tiro no escuro se analisarmos a trajetória do ex-jogador de futebol convertido em político. Como aponta BO no programa, Romário nunca demonstrou nenhum interesse ou aproximação com o hip-hop durante toda a sua carreira esportiva. Contudo, é necessário lembrar que o projeto pode ser nada mais do que a força do <i>lobby </i>de grupos associados com manifestações populares no Rio de Janeiro e que podem de uma forma ou de outra tirar proveito de uma proposta como essa. A "cultura hip-hop" no Brasil a cada dia que passa é reconhecida como um grande capital simbólico que pode funcionar como via de comunicação com jovens das mais diversas classes, raças/etnias, gêneros e regiões. É algo poderoso e, por isso mesmo, disputado (mesmo que na surdina).<br />
<br />
Assista o programa e tire suas conclusões.<br />
<br />
Detalhe: a montagem acima é hilária, principalmente o "gangsta do bem"! :) <br />
<br />
Abraço!<br />
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="360" src="//www.youtube.com/embed/qLI9EanUbCI" width="640"></iframe><br /></div>
Márcio Macedohttp://www.blogger.com/profile/11624430791106628189noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5943691296501129269.post-73612122560939503912014-03-02T23:50:00.000-03:002014-03-03T02:33:10.956-03:00Lupita Nyong'o e Nayara Justino<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixJNrvSjF8Yr_kZ38uwVYw_qKOGlL-cJ7VfsXEsjL1C4JcQXZU2X0eN9mT7eMXnFztqNH8qDVImolSEzeHJGgUpvOlaY_Eah34G3qXDRCPJi0FrOccvU_b2hAeZPbZtuzxogllHzJK3Qc/s1600/lupita-nyongo-facts-including-boyfriend-rumors-oscar-buzz-and-new-movies-photos-picture.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixJNrvSjF8Yr_kZ38uwVYw_qKOGlL-cJ7VfsXEsjL1C4JcQXZU2X0eN9mT7eMXnFztqNH8qDVImolSEzeHJGgUpvOlaY_Eah34G3qXDRCPJi0FrOccvU_b2hAeZPbZtuzxogllHzJK3Qc/s1600/lupita-nyongo-facts-including-boyfriend-rumors-oscar-buzz-and-new-movies-photos-picture.jpg" height="374" width="640" /></a></div>
<br />
Ando sumido do blog. Sem tempo para escrever. Mas é
carnaval, tempo de folia para uns, trabalho e/ou descanso para outros.
Enquadro-me nas duas últimas opções. Aliás, a vida anda tão corrida que
me esqueci que hoje, bem no domingo de carnaval, acontecia a cerimônia
de entrega do Oscar (ainda acontece enquanto escrevo). Rompi meu
silêncio de mais de um mês para falar de algo que estava ensaiando desde
ontem mas hoje, logo após a notícia da atriz queniana <b>Lupita Nyong'o</b> ter levado o Oscar de melhor atriz coadjuvante por sua participação em <b><i>12 Anos de Escravidão</i></b>, tive certeza que era o momento de escrever.<br />
<br />
Enquanto nos EUA Lupita fatura o Oscar, li uma notícia ontem que <b>Nayara Justino</b>, a "mulata" Globeleza 2014, teve sua vinheta tirada do ar e substituída por outras do sambista <b>Arlindo Cruz</b> além de ter sido proibida de dar entrevistas nas últimas duas semanas devido a sua rejeição pelo público telespectador da <b>Rede Globo</b>. A notícia circulou na sexta-feira, 28 de fevereiro, no/na blog/coluna da jornalista <b>Fabíola Reipert</b> do portal de notícias <b>R7</b> (leia <a href="http://entretenimento.r7.com/blogs/fabiola-reipert/com-rejeicao-do-publico-globeleza-vira-problema-na-globo-que-a-proibe-de-dar-entrevistas/2014/02/28/" target="_blank"><b>AQUI</b></a>).
De acordo com a jornalista, Justino foi comparada pelo público ao
personagem Zé Pequeno do filme Cidade de Deus, do diretor Fernando
Meireles. Interessante para além de ler a notícia é analisar os
comentários dos leitore/as da coluna: um verdadeiro exemplo de
objetificação da mulher com afirmações bastante objetivas dos atributos
necessários a ser uma "Mulata Globeleza".<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhL0GP44b-3iyxsSGZQZp1giShBqsncwez4vjEi__6zeL8NSwsnTQ8LCQdk8Eu8diU65t2S5bnqwHVSAxYyNl4vttBbqbSuaN4_JRkD0c5T6qokCWppyonsCO8Wb53H8Bv3ir17FNIvsJs/s1600/nayara-tem-170-m-e-57-kg-1385987294481_956x500.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhL0GP44b-3iyxsSGZQZp1giShBqsncwez4vjEi__6zeL8NSwsnTQ8LCQdk8Eu8diU65t2S5bnqwHVSAxYyNl4vttBbqbSuaN4_JRkD0c5T6qokCWppyonsCO8Wb53H8Bv3ir17FNIvsJs/s1600/nayara-tem-170-m-e-57-kg-1385987294481_956x500.jpg" height="334" width="640" /></a></div>
<br />
Vejamos.
Enquanto uma atriz negra conquista um Oscar, uma modelo negra é
escrachada em público por não se enquadrar no padrão europeizado de
beleza. A resposta da emissora de TV não é defendê-la, mas simplesmente
trocá-la por um negro sambista (que em nenhum momento se pronuncia). No
carnaval brasileiro não é apenas a cultura negra que tem se
mercantilizado de forma absurda, rendendo lucros exorbitantes a pessoas e
grupos totalmente estranhos a cultura popular. Corpos negros perdem
cada vez mais a sua humanidade num claro exemplo de racismo. Devo estar
enganado, logicamente irão dizer. Mas se Nayara Justino teve sua
humanidade negada como "mulata", talvez a reencontre como "negra". <br />
<br />
Parabéns Lupita! <br />
<br />
Bom carnaval e durma com esse barulho...</div>
Márcio Macedohttp://www.blogger.com/profile/11624430791106628189noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-5943691296501129269.post-17749011335593848992014-01-21T14:55:00.000-02:002014-01-23T14:49:42.078-02:00A História dos Panteras Negras Finalmente Contada<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMoOHtayCjBCK4v63T_4dowxqp1qWGGW0lsO1Ci56ioCYsFVLpMaZ0gEWihZy1pMc_DhHpIh8-s6Ht2CU4TRdgw0dzvWpw4TB14fiTAnn5hcGueJBw3rt38K8gN4wKTP7TSWxPHu3mWDA/s1600/Black+Against+Empire.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMoOHtayCjBCK4v63T_4dowxqp1qWGGW0lsO1Ci56ioCYsFVLpMaZ0gEWihZy1pMc_DhHpIh8-s6Ht2CU4TRdgw0dzvWpw4TB14fiTAnn5hcGueJBw3rt38K8gN4wKTP7TSWxPHu3mWDA/s1600/Black+Against+Empire.jpg" height="320" width="211" /></a></div>
Gostar muito de livros é uma droga. Você compra vários e não tem tempo de ler todos. Ano passado, quando ainda morava em <b>Nova York</b>, comprei <b><i><a href="http://www.amazon.com/Black-against-Empire-History-Politics/dp/0520271858" target="_blank">Black Against Empire: The History and Politics of the Black Panther Party</a> </i></b>(<b>US$ 19.22 - 25.80, 539 páginas, University of California Press, 2013</b>)<b><i> </i></b>dos historiadores <b>Joshua Bloom</b> e <b>Waldo E. Martin Jr.</b>, leitura que estou tendo chance de fazer somente agora. Lançado no início de 2013, a obra é o resultado de mais de uma década de pesquisa desses dois acadêmicos em relação ao tema.<br />
<br />
O<i> Black Panthers Party </i>(BPP) entrou para o imaginário da "geração hip hop"e do senso comum por conta de sua postura revolucionário e desafiadora em relação estado norte-americano nos anos 1960: negros que se armaram e começaram a patrulhar as ruas dos bairros negros tentando coibir a ação abusiva da polícia em sua abordagem da população moradora dessas áreas. Há vários mitos que ligam o surgimento de gangues como <b><i>Bloods</i></b> e <b><i>Crips</i></b> de <b>Los Angeles</b> partindo do modelo de organização dos <i>Panthers</i>. Outro ponto que explica em parte a entrada do BPP na mitologia da revolução política armada é a ausência geral de revoluções armadas nos <b>Estados Unidos</b> desde o ano de 1865. <br />
<br />
Nunca li de fato um livro contando a história do BPP (em português não há nada disponível) e ao folhear as primeiras páginas do livro de Bloom e Martin Jr. descobri que isso foi uma coisa ironicamente boa. Revisando a produção acadêmica e não acadêmica sobre a história do grupo, os autores afirmam que a maior parte dessa literatura é ideologicamente enviesada devido a ausência de fontes confiáveis. O que é explorado nesses trabalhos busca reconstruir a conexão entre o partido e violência (armas) a partir de entrevistas ou relatos orais de ex ativistas, análise de esparsos documentos produzidos pelo grupo e de matérias sensacionalistas publicadas na imprensa.<br />
<br />
A estratégia adotada pelos historiadores foi distinta. Após a análise de relatos orais esgotarem as possibilidades de reunir novas informações, os historiadores voltaram suas análises para os documentos produzidos pelo grupo cruzando dados e contrapondo-os com a história oral ou trajetória individual de ativistas. Essa metodologia possibilitou a reconstrução de uma genealogia das estratégias e dinâmicas das práticas políticas além das diretrizes ideológicas do BPP. Em seu trabalho de pesquisa os autores coletaram, reuniam e arquivaram o mais completo acervo do períodico do partido criando o<span class="userContent"> <b><i>Black
Panther Newspaper Collection</i></b>. Essa coleção conta com todas as edições do
jornal entre 1967-1971 (período de maior influência e
atividades do grupo) e ao todo são 520 edições de um total de 537
publicadas pelo grupo. A partir desse acervo já foram produzidas dezenas de dissertações de mestrado e teses de doutorado. <i><b>Black Against Empire</b> </i>é o primeiro livro voltado para um público mais amplo, não acadêmico.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6zaq93FJ6vTwOKf35uY9rJWwVflqoD654N9PhzxDqwa0ismNTo8lbZ_eJhFNZsAqf872rOyWR5w0-jg4ug3MiaxoiiGqvXPQa9ZDFsEeswwAMdUZDWKWNVwjUCNXdobUQI-VTX69pdpM/s1600/Kathleen-Cleaver-and-Black-Panther-co-founder-Bobby-Seale-right-at-a-Free-Huey-rally-in-Oakland-California-in-the-summer-of-1968.-Photograph-Howard-Bingham.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6zaq93FJ6vTwOKf35uY9rJWwVflqoD654N9PhzxDqwa0ismNTo8lbZ_eJhFNZsAqf872rOyWR5w0-jg4ug3MiaxoiiGqvXPQa9ZDFsEeswwAMdUZDWKWNVwjUCNXdobUQI-VTX69pdpM/s1600/Kathleen-Cleaver-and-Black-Panther-co-founder-Bobby-Seale-right-at-a-Free-Huey-rally-in-Oakland-California-in-the-summer-of-1968.-Photograph-Howard-Bingham.jpg" height="417" width="640" /></a></div>
<br />
<span class="userContent">O BPP surgiu na cidade de <b>Oakland</b>, <b>Califórnia</b>, no final de 1966. Seus fundadores foram os estudantes </span><b>Huey P. Newton</b> e <b>Bobby Seale</b>. Newton, ao estudar a constituição estadual, descobriu uma lei que permitia o porte e exibição pública de armas legais por qualquer cidadão californiado desde que as mesmas tivessem o objetivo de segurança pessoal. Cansados dos abusos policiais, os jovens estudantes arregimentaram outros jovens dispostos a realizar a patrulha da ação da polícia. Eles seguiam as viaturas policiais armados e acompanhavam as abordagens feitas a cidadãos negros. Contudo, a idéia de auto-defesa e uso de armas teve que ser reavaliada pelo grupo quando a lei que sustentava a ação dos BPP foi revogada pelo estado da Califórnia. <br />
<br />
Até meados de 1968, o BPP era uma organização relativamente pequena. Ao final daquele ano no entanto tudo mudaria: cerca de 20 filiais foram abertas em cidades que se extendiam de <b>Los Angeles</b> à <b>Nova York</b>. Em 1970 havia cerca 68 escritórios do grupo espalhados por todo os Estados Unidos. Os historiadores concluem que: <i>"<b>The Black Panther Party had
become the center of a revolutionary movement in the United States"</b></i><b> </b><i><b>(O Partido Black Panther tinha se tornado o centro de um movimento revolucionário nos Estados Unidos)</b>. </i>Sua rápida expansão e as idéias defendidas pelo grupo levaram o diretor do <b>FBI</b> à época, <b>J. Edgar Hoover</b>, a fazer uma famosa declaração: <b><i>"The Black Panther Party, without question, represents the greatest threat to the internal security of the country" (O Black Panther Party, sem dúvida, representa a maior ameaça a segurança interna do país).</i></b><br />
<br />
Em linhas gerais, a rápida expansão do BPP é explicada pelos autores devido a uma série de fatores conjunturas relacionadas a situação das relações raciais nos EUA na segunda metade dos anos 1960. O <b>Movimento Pelos Direitos Civis</b> havia triunfado com as decisões da <b>Suprema Corte</b><b> </b>em seu favor de<b> </b>1964 e 1965 (<i><b>Civil Rights Act</b></i> e <b><i>Voting Rights Act</i></b>) que anulavam leis que sustentavam a segregação racial vigente no sul do país. Porém, havia uma massa empobrecida de negros urbanos ao norte para os quais essa medida trouxe poucos ou nenhum benefício. Esse era um nicho da população afro-americana que vivia a realidade dos guetos urbanos de cidades como <b>Chicago</b>, <b>Nova York</b>, <b>Los Angeles</b> e enfrentava cotidianamente desemprego, violência policial, segregação urbana e residencial além de racismo institucional.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaoPVvdXslPevSfv2PtKQR0DeVcWBoJS3NMrad2b31MErL3w-A0kXz2UTB-HBT8Byv9u_2ALJi78Is6hVdlkqofSndffGHP7OIPqzkkCznazhaczgeML4jplnh5VuLNJ3XzI29KnVAT0Q/s1600/25928840black-panthers-2-jpg.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaoPVvdXslPevSfv2PtKQR0DeVcWBoJS3NMrad2b31MErL3w-A0kXz2UTB-HBT8Byv9u_2ALJi78Is6hVdlkqofSndffGHP7OIPqzkkCznazhaczgeML4jplnh5VuLNJ3XzI29KnVAT0Q/s1600/25928840black-panthers-2-jpg.jpg" height="400" width="400" /></a></div>
<br />
Nesses espaços havia mais recepção as falas inflamadas de <b>Malcolm X</b> do que a ideologia de não violência vindas de <b>Martin Luther King Jr.</b>, um representante da classe média e burguesia negra sulista. Porém, foi justamente após o assassinato de King, em 1968, que teve início uma radicalização ideológica dos movimentos negros. King era responsável por manter coalizões entre diferentes grupos dentro e fora do movimento pelos direitos civis e com sua morte essas alianças deixaram de existir. O resultado foi a ascensão de ideologias como o <b><i>Black Power </i></b>e maior evidencia de jovens lideranças como <b>Stokely Carmichael</b>. Um filme que retrata bem esse período é o documentário <b><i>The Black Power Mixtape 1967 -1975</i></b> (leia mais <a href="http://newyorkibe.blogspot.com.br/2011/04/black-power-mixtape-1967-1975.html" target="_blank"><b>AQUI</b></a>). Nesse bojo, o apelo vindo dos <i>Panthers</i> à auto-defesa cairia como uma luva e atrairia a atenção de jovens urbanos das grandes metrópoles, pouco dispostos a aderir a ideologia de não violência ou que entendiam como ineficiente.<br />
<br />
Em termos teóricos, o<i> </i>BPP<i> </i>associava ideologias revolucionárias de esquerda oriundas no <b>Terceiro Mundo </b>(termo corrente à época) com a tradição de nacionalismo negro. O grupo via as comunidades negras nos Estados Unidos como uma colônia<i> </i>e a polícia como um exército que a ocupava organizando e controlando seu funcionamento. Assim, Huey P. Newton e Bobby Seale criaram um discurso político revolucionário que desafiava o <i>status quo</i> norte americano. Tendo <b>Malcolm X</b> e <b>Franz Fanon</b> como influência, eles afirmavam que <b><i>"the black people constituted a
'colony in the mother country'" </i><i>(o povo negro constituem uma colônia dentro da pátria mãe)</i></b>. <b> </b>Assim sendo, o grupo se tornou o elo de ligação entre a luta por independência negra no interior dos EUA e os oponentes ao imperialismo americano ao redor do mundo.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDVTUVn7ik4Hqa_ARIK8wHVzjj43fLXSGjGSxgmOICP0A5h58Upy6CZlYnqFbslwyrWr5LHH7mH2vcH57C8EvRwt0HtfyQTHRIhL5iHp0aioXuQRTkib4fOB4Um_7LaHEAMrg55j-p6M4/s1600/Aaron-Dixon-serves-free-breakfast-to-children-1968-by-Greg-Gilbert-Seattle-Times1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDVTUVn7ik4Hqa_ARIK8wHVzjj43fLXSGjGSxgmOICP0A5h58Upy6CZlYnqFbslwyrWr5LHH7mH2vcH57C8EvRwt0HtfyQTHRIhL5iHp0aioXuQRTkib4fOB4Um_7LaHEAMrg55j-p6M4/s1600/Aaron-Dixon-serves-free-breakfast-to-children-1968-by-Greg-Gilbert-Seattle-Times1.jpg" height="438" width="640" /></a></div>
<br />
O período de existência do grupo se extendeu de 1966 a 1982. Entre 1969 e 1975 o FBI concentrou seus esforços em desmantelar o<i> </i>BPP através seu programa de contra inteligência, <i><b>COINTELPRO</b></i>. Fazendo uso de táticas que idam desde a infiltrar agentes que serviam como informantes e agitadores dentro do grupo chegando até a execução de lideranças, o FBI buscava difamar o BPP apresentando o mesmo como uma ameaça à sociedade norte americana e questionador de seus valores: um inimigo do estado. Essa estratégia impedia que o BPP<i> </i>e outros grupos nacionalistas ganhassem a respeitabilidade da maior parte da população negra e não negra. Apenas aqueles que estavam mais próximos de suas atividades e/ou se beneficiavam de seus projetos - como o <b><i>Free Breakfast Program</i></b> (café da manhã gratuito para a comunidade e principalmente crianças) - eram capazes de ter uma percepção diferenciada do grupo.<br />
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Os autores do livro afirmam que essa tática do FBI em vilipendiar o grupo também explica em parte o pequeno número de trabalhos sérios sobre o BPP. O grupo entrou para a memória coletiva dos EUA como um bando de homens e mulheres negros/as raivosos/as, comunistas e armados/as dispostos/as a derrubar o governo americano por todos os meios possíveis. <i><b>Black Against Empire</b> </i>busca fazer jus a história real do BPP distanciando-se da difamação e mal entendidos criados e recriados no decorrer do tempo. Leia um trecho do livro <a href="http://www.huffingtonpost.com/joshuabloom/black-panther-party_b_2638913.html" target="_blank"><b>AQUI </b></a><br />
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Por fim, um livro que serve como uma boa companhia para ser lido conjuntamente a esse sobre o BPP é a nova biografia de Malcolm X escrita em 2011 pelo historiador <b>Manning Marable</b>. A obra conquistou o prêmio <b>Pulitzer</b> em 2012 como melhor livro de história publicado em 2011. Traduzido para o português ano passado ele foi lançado por aqui pela editora <b>Companhia das Letras</b> sobre o título de <a href="http://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=13172" target="_blank"><b><i>Malcolm X - Uma Vida de Reinvenções</i></b></a>. Leia minha resenha do livro clicando <b><a href="https://sites.google.com/site/revistasankofa/sankofa8/resenha-malcolm-x" target="_blank">AQUI</a> </b>e um trecho do livro <a href="http://www.companhiadasletras.com.br/trechos/13172.pdf" target="_blank"><b>AQUI</b></a><br />
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<b>Muita Paz, Muito Amor!</b></div>
Márcio Macedohttp://www.blogger.com/profile/11624430791106628189noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-5943691296501129269.post-47498850656086211602014-01-19T18:20:00.000-02:002014-01-20T00:22:29.397-02:00A Supremacia Branca de "Breaking Bad"<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8l3VsuN_6eQEXQ8P70UKOW9l8hhMO5gIWESI1Vi6fDZcptqbPqU7zyslCXHAWS8qwscE-NLF0i3pwouk7GtPC-QDgEZOlF4Rv5u14gB03qYCO7d3sMNpdstEdnVtnBDez8DWoVusY8QU/s1600/breaking-bad-15829-1920x1080.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8l3VsuN_6eQEXQ8P70UKOW9l8hhMO5gIWESI1Vi6fDZcptqbPqU7zyslCXHAWS8qwscE-NLF0i3pwouk7GtPC-QDgEZOlF4Rv5u14gB03qYCO7d3sMNpdstEdnVtnBDez8DWoVusY8QU/s1600/breaking-bad-15829-1920x1080.jpg" height="360" width="640" /></a></div>
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Todo mundo anda assistindo e falando sobre <b><i>Breaking Bad</i></b>, a série de TV ganhadora do <b>Globo de Ouro</b> de 2014. A série explora a história de um professor de química do ensino médio (<b>Bryan Craston</b>) convertido em traficante de drogas com o auxílio de um ex aluno (<b>Aaron Paul</b>). Assisti às seis temporadas da série, que foi ao ar nos <b>Estados Unidos</b> entre 2008 e 2013, em pouco mais de duas semanas. Confesso que o roteiro da mesma prende a atenção do/a telespectador/a e a producão tem a mesma qualidade das grande produções de <b>Hollywood</b>. Há uma série de absurdos do ponto de vista da verosimilhança, mas eles não afetam o desfrute de um olhar menos sociológico do show.<br />
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Porém, desde o primeiro episódio que assisti, um certo incômodo me abateu. Tentei compartilhar do mesmo com minha namorada (que não assistiu a série) e com um <i>brother, </i><b>Rogério Cruz</b><i>, </i>um grande entusiasta da mesma.<i> </i>Entretanto, tive que terminar de ver as seis temporadas para conseguir articular melhor meu mal-estar. Resumidamente, ele se referia ao racismo presente na série. <br />
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No início, o que me chamou a atenção foi o ambiente racializado da série no qual personagens pertencentes a minorias raciais estavam circunscritos a papéis estereotipados. Quase todo/as o/as latinos/as são traficantes, pobres, moram em bairros problemáticos ou optam pela vida marginal como se a mesma fosse um destino do qual é impossível se desvencilhar. Duas únicas exceções são um agente do <b>DEA </b>(polícia anti drogas) que é constantemente alvo de piadas racistas de seu parceiro branco e a diretora da escola retratada na série. O universo de <b>Walter White</b>, o professor de química, é constituído por pessoas iguais a ele e sua família: branco/as.<br />
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A ligação de White com o submundo das drogas se dá através de seu ex aluno e futuro sócio de empreedimentos ilícitos, <b>Jesse Pinkman</b>. Pinkman é a incorporação do <i>loser</i> de classe média que largou a escola e passou a se dedicar ao ofício de produzir metanfetamina. Nesse ponto, vale a pena notar a caracterização racializada do jovem que é branco mas usa roupas, age, fala e vive com toda uma simbologia que remete ao gueto negro/latino. Pinkman ouve <i>rap, </i>dirige um <i>low rider</i> e termina a maior parte de suas frases com um "<i>yo</i>" ou "<i>bitch</i>". Seus amigos são jovens latinos e brancos sem futuro que passam o dia bebendo, usando drogas e tendo diálogos sobre cultura <i>pop</i> sobre o efeito de "viagens" causadas por alucinógenos. Mas conforme Pinkman vai se tornando mais profissional na produção de drogas, ele paulatinamente vai se desfazendo dos sinais que o associam ao gueto como as roupas coloridas e acima do número e a linguagem carregada de gírias. <br />
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Um último ponto que me incomodou foi o fato de que até a segunda ou terceira temporada apenas latinos são mortos na série. Porém, meus argumentos eram poucos e fracos para acusar BB<i> </i>de racismo. Foi aí que lembrei que tinha lido algo há quase dois anos atrás e que na época não me chamou tanto a atenção, uma vez que não estava acompanhando o show.<br />
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<b>Malcolm Harris</b> escreveu para a <i><b>The New Inquiry</b> </i>em 2012<i> </i>o instigante artigo <b><i>The White Market </i></b>(leia <a href="http://thenewinquiry.com/essays/the-white-market/" target="_blank"><b>AQUI</b></a>). Nele o jornalista evidencia como <i>BB</i> repõe a velha fábula presente em vários personagens de desenhos animados e em filmes de ação como <b>Tarzan</b> e bangue bangue na estética <b>John Wayne</b>, ou seja, uma idéia de supremacia branca onde o homem branco consegue inverter as adversidades de um ambiente desconhecido, inóspito e hostil a ele usando de sua superioridade racial. Contudo, a fábula teve que ser complexificada no caso de BB, uma vez que há uma diferença entre o branco que se sobressai ante uma savana africana cheia de nativos negros canibais e animais selvagens ferozes e o professor de química cientista mal sucedido que produz uma super droga 99% pura que todos os drogados dos EUA querem consumir e traficantes obter a receita de produção. No contexto de White (e preste atenção ao seu nome...), todos os mexicanos donos de cartel são imbecis que matam de forma irracional, levam uma vida desregrada e produzem sua droga de forma desleixada e amadora. Nesse sentido, é necessário injetar o mundo das drogas da brancura de White (um pleonasmo) através de sua obsessão com qualidade e limpeza. Ou seja, sejamos mais capitalistas! <br />
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Entretanto, no mundo real, essas lógicas não funcionando dessa forma. Drogados não se preocupam com pureza e, assim sendo, obsessão com limpeza e qualidade significam perda de lucro. Citando a série <b><i>The Wire</i></b> através do traficante <b>Stringer Bell</b> (Idris Elba), Harris exemplifica o <i>street wise </i>econômico das ruas que tira a credibilidade do personagem Walter White: <b><i>“When it’s good, they buy. When it’s bad, they buy twice as much. The worse we do, the more money we make.” </i><i>(Quando a droga é boa, eles compram. Quando ela é ruim, eles compram duas vezes mais. O quanto pior nós a fazemos, mais dinheiro nós ganhamos)</i></b>.<br />
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Tarzan, John Wayne e Walter White são personagens que acariciam os brios de uma supremacia branca, mas que só existem no mundo da ficção, pois a vida real é bem mais complexa e diferente.<br />
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<b>Muita Paz, Muito Amor! </b></div>
Márcio Macedohttp://www.blogger.com/profile/11624430791106628189noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5943691296501129269.post-29030463135373947332014-01-15T19:58:00.001-02:002014-01-18T19:53:30.746-02:00De Rolê Por Aí... Resistência Política ou Consumo?<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjq1ERrlKaYzS6gcou85HWeVTMXfj5L0PI5VrWU-a1gr6xPH2d9jNA3Hhy-yuCwF4lsQlM5F67Qz3B_5pwVuB8Dyz1uJiyHGPrsoE2k6leBAeD0_t3Wi_uu3LrhRkS9DZtcW3CI0Kd7-jw/s1600/rolezinho.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjq1ERrlKaYzS6gcou85HWeVTMXfj5L0PI5VrWU-a1gr6xPH2d9jNA3Hhy-yuCwF4lsQlM5F67Qz3B_5pwVuB8Dyz1uJiyHGPrsoE2k6leBAeD0_t3Wi_uu3LrhRkS9DZtcW3CI0Kd7-jw/s1600/rolezinho.gif" height="640" width="526" /></a></div>
<b><i>“Os comícios de todas as noites na Praça do Patriarca e as concentrações também à noite de negros agressivos ou embriagados na rua Direita e na Praça da Sé, os botequins do centro onde os grupos se embriagam, já estão provocando protestos, justíssimos protestos, até pela imprensa, pois não é possível uma cidade como São Paulo ficar a mercê de hordas grosseiras e malcriadas, prontas a se desencadearem contra qualquer branco, homem ou mulher, desde que um gesto involuntário, um olhar mesmo, possa ser mal interpretado por esses grupos brutais e violentos”. “Negros do Brasil” – </i>Paulo Duarte<i>, O Estado de São Paulo, </i>17 de abril de 1947<i>.</i></b><br />
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Rolezinhos, não se fala em outra coisa. Não tinha a intenção de escrever sobre o tema, mas venho lendo tanta coisa que me desagrada na <i>web</i> que decidi alinhavar algumas linhas sobre o fenômeno. Algo curto, que fuja do sociologuês e evite exotizar, vitimizar ou alocar uma precoce agenda revolucionária e/ou de resistência nos jovens que participam dos rolezinhos.<br />
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O trecho que abre esse <i>post</i> foi retirado do artigo <b>"Negros do Brasil"</b> publicado no jornal <b><i>O Estado de São Paulo </i></b>e escrito pelo jornalista <b>Paulo Duarte </b>(1899-1984). O texto evidencia a preocupação das elites paulistanas em relação à ocupação da região central da cidade pelos negros nos anos 1940, associando-os ao perigo e à violência. A <b>Rua Direita</b> foi motivo de várias polêmicas entre a população negra e os comerciantes ali estabelecidos nessa época (basta ler relatos históricos sobre esse período). Certa feita tentou-se proibir a circulação deste contingente da população no local e num artigo de jornal os lojistas alertavam que os negros estavam dando a <b>São Paulo</b> um aspecto de <b>Havana</b>, <b>Cuba</b>. Duarte, contudo, não atacava somente os negros “agressivos” e “embriagados” da <b>Rua Direita</b> e da <b>Praça do Patriarca</b>, mas também o que ele chamava de <b><i>“sociologia nigro-romântica do Nordeste” </i></b><i>e a literatura</i><b><i> “dos sociólogos romancistas ou dos romancistas sociólogos tidos como alunos do Sr. Gilberto Freire (sic); rapazes de algum talento, sem possuir, no entanto, do mestre nem a cultura nem a análise aguda deformada apenas pela sua irreprimível imaginação tropical cheia de brilho”</i></b>. Esses intelectuais, de acordo com o literato paulista, insistiriam em pintar um tipo brasileiro definitivo tendendo para o negro, mas Duarte afirmava categoricamente do alto de sua sapiência paulista quatrocentona: <b><i>“Uma coisa, porém, existe e existirá com absoluta nitidez, a deliberação marcada pelo consenso unânime dos brasileiros lúcidos: o Brasil quer ser um país branco e não um país negro”</i></b> (leia o texto completo de Duarte clicando <b><a href="http://www.fflch.usp.br/sociologia/asag/Negros%20do%20Brasil%20-%20Paulo%20Duarte.pdf" target="_blank">AQUI</a></b>).<br />
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O contexto é distinto, mas o fenômeno dos rolezinhos guarda similaridades com as polêmicas dos anos 1940 e 1950 envolvendo negros, brancos e comerciantes do centro de São Paulo. No projeto de sociedade que vem se construindo no Brasil nas últimas duas décadas, o processo de reconhecimento dos indivíduos e cidadãos passa necessariamente pelo acesso ao mercado, ou seja, consumir. Não é à toa que o que mais se constrói em São Paulo e no restante do Brasil nos últimos anos são novos shopping centers e hipermercados. Na sociedade de consumo, shopping centers configuram um espaço de imbricamento de consumo, sociabilidade e lazer em um espaço privado. Historicamente no Brasil o consumo é uma prática reservada a grupos minoritários pertencentes às elites e, por conta disso, foi/é usado como forma de distinção social. Mas a expansão do consumo que vem se dando nos últimos anos faz com que a distinção social que ele estabelecia anteriormente não tenha o mesmo efeito na conjuntura atual.<br />
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Por outro lado, é necessário possuir certa sensibilidade para não reproduzirmos ideias equivocadas oriundas do senso comum. Jovens e pobres (negros ou brancos) sempre consumiram e frequentaram shoppings no Brasil. Tanto é verdade que os rolezinhos em sua maioria vêm acontecendo até agora em shoppings com um perfil mais popular o que comprova que há muitos anos já ocorreu uma segmentação dos shoppings por classe social. Por outro lado, o que vemos hoje é um aumento da dinâmica de consumo aliado à necessidade de reconhecimento social através dele. As novas tecnologias de informação também contribuem para esse processo. O funk ostentação paulista e os rolezinhos não existiriam hoje sem o acesso destes jovens a computadores pessoais, <i>smartphones</i> e à Internet (assista o documentário <b><i>Funk Ostentação</i></b> <a href="http://www.youtube.com/watch?v=CxRMiuvpWeA" target="_blank"><b>AQUI</b></a>).<br />
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Por fim, vale lembrar que, <i>a priori</i>, os rolezinhos não têm a mesma conotação política que os protestos que ocorreram no meio do ano e que tiveram seu epicentro nas reivindicações por revogação do aumento da tarifa de ônibus. Também discordo da idéia de resistência. Rolezinho tem a ver com consumo, lazer e sociabilidade da juventude pobre ou de classe média baixa. Somente se considerarmos que o reconhecimento social na atualidade se dá muito mais via consumo do que necessariamente pela incorporação de direitos civis, políticos e sociais, aliado à repressão que vem se dando aos rolezinhos (com contornos de classe e raça) é que poderemos ver o impacto e aspecto político/social desse fenômeno. Explico-me.<br />
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Ser negro/a, mestiço/a (raça) e pobre (classe) no Brasil significa lutar contra estigmas vigentes na ordem social e que estão incorporados na pele, no cabelo, na forma de falar, de se vestir e na prática do lazer/sociabilidade da juventude do rolezinho. Quando uma multidão de jovens com esse perfil se reúne para se divertir de forma pacífica em um espaço privado, socialmente higienizado, sobre vigilância e dedicado ao consumo isso gera uma histeria generalizada que o sociólogo inglês <b>Stanley Cohen</b> classificou de "<i>moral panic</i>" (pânico moral) em seu livro <a href="http://www.timeshighereducation.co.uk/books/the-canon-folk-devils-and-moral-panics-the-creation-of-the-mods-and-rockers-by-stanley-cohen/410619.article" target="_blank"><b><i>Moral Panic and Devil Folks</i></b> </a>(1972), ou seja, uma condição, episódio, pessoa ou grupo de pessoas que emergem e são definidas como uma ameaça aos valores societários e interesses (ordem social). E daí, "pau" ou cadeia neles! Nesse sentido, vale a pena resgatar a fala de Paulo Duarte nos anos 1940 para fechar e resumir esse <i>post</i>: <b><i>"Uma coisa, porém, existe e existirá com absoluta nitidez, a deliberação marcada pelo consenso unânime dos brasileiros lúcidos: o Brasil quer ser um país branco e não um país negro”.</i></b><br />
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Há nos rolezinhos uma potencialidade política/social que, na minha opinião, ainda não se desenvolveu. Mas... Quem é que sabe sobre o dia de amanhã?<br />
<b><br />Muita Paz Muito Amor!</b><br />
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Márcio Macedohttp://www.blogger.com/profile/11624430791106628189noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5943691296501129269.post-9601404179185217332014-01-13T03:03:00.000-02:002014-01-13T16:40:21.835-02:00"12 Anos de Escravidão": violência, sexo, repulsa, atração e política. <div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBcyWRG1ZVEY3lF39ql_eLVso7V9ZG15eJfQAA37wxbX8GNDWyGLzqe-TY68xh0Dmcvp2Y0QAXkXki-iK4l3o_XDKxvEtIWyk0rRjnHS61fGTSrJmBlYW12ocL6d5M9QxFHcVAWttdbcw/s1600/12-years-a-slave-trailer-1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBcyWRG1ZVEY3lF39ql_eLVso7V9ZG15eJfQAA37wxbX8GNDWyGLzqe-TY68xh0Dmcvp2Y0QAXkXki-iK4l3o_XDKxvEtIWyk0rRjnHS61fGTSrJmBlYW12ocL6d5M9QxFHcVAWttdbcw/s1600/12-years-a-slave-trailer-1.jpg" /></a></div>
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Dias atrás assisti o filme do diretor britânico <b>Steve McQueen</b>, <b><i>12 Anos de Escravidão</i></b> (<b><i>"12 Years a Slave"</i></b>). Muito tem sido falado a respeito dessa película e da ausência em <b>Hollywood</b> de bons filmes sobre a escravidão africana nas <b>Américas</b>. Tenho algumas opiniões sobre os dois pontos.<br />
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Sobre o filme, diria que é bom, mas nada espetacular. O roteiro foi baseado no relato verídico <i><b>Twelve Years a Slave</b> </i>(1853) de <b>Solomon Northup </b>(interpretado no filme pelo ator inglês <b>Chiwetel Ejiofor</b>) negro livre de <b>Nova York</b> que em 1841 foi sequestrado em <b>Washington D.C.</b> e, posteriormente, vendido como escravo na <b>Louisiana</b>, sul dos <b>Estados Unidos</b>. Há muitas cenas de violência no filme como os castigos corporais nos quais os/as escravizados/as eram submetidos/as, estupros e todas as práticas bárbaras que faziam parte do processo de desumanização instaurado pela escravidão. Em minha opinião, o ponto mais interessante da história é a relação entre os personagens de <b>Michael Fassbender </b>e da atriz queniana <b>Lupita Nyong'o</b>. Fassbender interpreta o senhor de escravos que estabelece uma relação sádica de repulsa e atração pela escravizada interpretada por Nyong'o. Impossibilitado pela lógica do sistema escravista de demonstrar sua atração pela escrava, o senhor de engenho canaliza sua ira contra ela estuprando e castigando-a de forma cruel. A relação se transforma em sadismo por parte do personagem de Fassbender que passa a sentir prazer sexual ao martirizar fisicamente a escravizada. A propósito, o universo sexualizado da película e o ritmo lento da narrativa podem ser vistos como a assinatura do diretor McQueen. Basta assistir <i><b>Shame</b>, </i>filme do mesmo diretor datado de 2011, para identificar esses dois traços.<br />
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Mas por que não existem bons filmes sobre a escravidão? Não é algo fácil de responder, mas não custa nada tentar. Talvez valha a pena respondê-la formulando outra pergunta: por que há tantos filmes sobre o holocausto? É justamente aí que entra a política da indústria de cinema de Hollywood. A escravidão é um tema ainda tabu, pois remete a um período vergonhoso da história de países que foram escravistas e/ou se beneficiaram de alguma forma da escravidão ou do tráfico negreiro. E falar de escravidão é falar da relação violenta e de subjulgação de brancos/as em relação a negro/as, tema que a maioria das pessoas prefere evitar. Fazer filmes sobre o holocausto no entanto é mais confortável para <b>Hollywood</b> considerando que esse genocídio ocorreu na distante <b>Alemanha</b> nazista, num evento (<b>Segunda Guerra Mundial)</b> histórico recente e no qual norte americanos se saíram como os grandes mocinhos. Há também de se considerar o <i>lobby</i> e a presença de diretores pertencentes à comunidade judaica na indústria de entretenimento americana além do papel identitário que o holocausto passou a ter para judeus de todo o mundo.<br />
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Por fim, é necessário lembrar de um argumento levantado pelo filósofo francês <b>Jean Paul Sartre</b> (1905-1980) no seu livro <b><i>Reflexões Sobre o Racismo</i></b>. Sartre compara o tipo de discriminação sofrida por negros e judeus e afirma que a despeito de ambos serem vítimas de preconceito, judeus são socialmente vistos como brancos. Considerando que no racismo ocorre um processo de naturalização do/as negros como pobres, feios, menos inteligentes etc., é mais fácil sentir compaixão por aqueles/as que, mesmo submetidos/as à desumanização, estão mais próximos ou dentro do padrão normativo: branco/as. Exemplo do que falo pode ser visto no caso recente do "mendingo gato" de<b> Curitiba</b> ou quando pessoas se surpreendem ao verem crianças abandonadas não negras e/ou mestiças. Enfim, acho que uma mistura de todos esses elementos explicam porque um filme sobre holocausto é mais fácil de ser produzido e arregimenta mais público do que aqueles que retratam a escravidão.<br />
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Ainda em tempo: enquanto escrevia esse <i>post</i>, <b><i>12 Anos de Escravidão</i></b> faturou o <b>Globo de Ouro</b> como melhor filme de drama. Assista abaixo o trailer do filme que deve entrar em cartaz nos cinemas brasileiros em fevereiro.<br />
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<b>Muita Paz Muito Amor! </b><br />
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<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="360" src="//www.youtube.com/embed/z02Ie8wKKRg" width="640"></iframe><br /></div>
Márcio Macedohttp://www.blogger.com/profile/11624430791106628189noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5943691296501129269.post-30027457893667141772014-01-10T22:44:00.000-02:002014-01-11T04:07:35.338-02:00"Yellow": crônicas de um homem negro claro! <div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
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<b>FELIZ 2014!</b><br />
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Estou de volta escevendo minhas besteiras. Começo o ano falando um pouco de Internet, vídeo e estética negra. Nos últimos anos a rede mundial de computadores vem se tornando num espaço de experimentação e vitrine para projetos inovadores como documentários e séries. Já falei aqui no blog sobre algumas delas: <a href="http://www.youtube.com/watch?v=nIVa9lxkbus&list=PL854514FC0EBDCD8E&feature=share" target="_blank"><i><b>The Misadventures of an Awkward Black Girl</b></i></a> de <b>Issa Rae</b> (que acabou de assinar com a produtora/canal de TV <b>HBO</b>) e <i><b>The Couple</b> </i>(leia mais <a href="http://newyorkibe.blogspot.com.br/2012/02/couple.html" target="_blank"><b>AQUI</b></a>). Quase na mesma linha dessas duas web séries foi lançado recentemente <b><i>Yellow: a docu-series. The Pleasures and Problem of the Light Skinned Black Man</i></b>. O ator que interpreta o papel principal é <b>Austen Jaye</b> cujo o nome no vídeo é <b>Austin</b>. A criação, roteiro e direção é de <a href="http://numaperrier.com/" target="_blank"><b>Numa Perrier</b></a>, co-fundadora da rede de TV independente <a href="http://blackandsexy.tv/" target="_blank"><b><i>Sexy&BlackTV</i></b></a> (assista a TV pelo <a href="http://www.youtube.com/blackandsexytv" target="_blank"><b>YouTube</b></a>) no qual é possível assistir outros projetos de web séries como <b><i>That Guy</i></b>, "<i><b>Roomieloverfriends"</b> </i>e <b><i>Hello Cupid</i></b>. O canal surgiu como derivativo do filme independente <b><i>A Good Day To Be Black And Sexy</i></b>, dirigido por <b>Dennis Dortch</b> em 2008 (leia mais <a href="http://newyorkibe.blogspot.com.br/2011/01/black-and-sexy.html" target="_blank"><b>AQUI</b></a>).<br />
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<b><i>Yellow</i></b>, como o próprio subtítulo explica, explora histórias recorrentemente vividas por homens negros de pele mais clara (<i>light skinned</i>). Acho que um dos grandes atrativos para as mulheres assistirem a série são os dotes físicos do ator principal: <b>Austen Jaye</b>. Ri muito com o primeiro episódio da série (assista logo abaixo). Infelizmente, não há legendas em português. Mas faça um esforcinho e tente enfrentar o idioma imperialista, vale a pena! <br />
<b><br /></b>
<b>Muita Paz e Muito Amor! </b><br />
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<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="360" src="//www.youtube.com/embed/x66TvA4BZtM" width="640"></iframe><br /></div>
Márcio Macedohttp://www.blogger.com/profile/11624430791106628189noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5943691296501129269.post-67223959312692237312013-12-28T18:25:00.002-02:002014-01-10T22:53:44.083-02:00Aristocrata Clube<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggvZ4piuh_TkI2Q5HDusFRqaTD-9h4ELDRQFnk-24Xb0cf8gKoGqqLUQm1HVxJXGV9aRGg2rySCl8V2k6oqFPVZynyb1ljlr3Ocyw7MhTOGORhTkQuq7mSRQJIbHjzg-nnloZPL9yhFdQ/s1600/0,,43812024,00.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggvZ4piuh_TkI2Q5HDusFRqaTD-9h4ELDRQFnk-24Xb0cf8gKoGqqLUQm1HVxJXGV9aRGg2rySCl8V2k6oqFPVZynyb1ljlr3Ocyw7MhTOGORhTkQuq7mSRQJIbHjzg-nnloZPL9yhFdQ/s640/0,,43812024,00.jpg" height="307" width="640" /></a></div>
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Racismo é um tema bastante complicado e difícil de ser discutido no Brasil. Contudo, ocorreram muitos avanços nos últimos 20 anos. O documentário <i><b>Aristocrata</b></i>, dirigido por <b>Jazmin Pinho</b> e <b>Aza Pinho</b> (2004), explora a história de uma associação recreativa de negros de classe média fundada na década de 1960. Naquela época, havia a convivência com práticas que soam contraditórias: a afirmação da idéia de democracia racial, ou seja, ausência de racismo entre nós, ao mesmo que ocorriam práticas explícitas de racismo. Um dos espaços em que a discriminação contra negros e negras se dava abertamente eram aqueles associados ao lazer e sociabilidade. Esse é o argumento utilizado pelos entrevistados do documentário para justificar o surgimento do Aristocrata Clube.<br />
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Entretanto, a história do Aristocrata pode ser colocada num contexto mais amplo. Clubes negros existem em São Paulo desde os anos 1930 e boa parte deles são remanescentes da <b>Frente Negra Brasileira</b> (FNB), fundada naquela década. A FNB foi fechada pelo regime ditatorial de <b>Getúlio Vargas</b>, o Estado Novo, em 1937, uma vez que todas as organizações políticas nesse período foram colocadas na ilegalidade e a FNB havia acabado de se transformar em partido político. Mas nessa época clubes como o <b>28 de Setembro</b>, de Jundiaí, o <b>13 de Maio</b>, de Piracicaba, e o <b>José do Patrocínio</b>, de Rio Claro, já haviam sido fundados no interior do estado. Todos eles eram espaços de sociabilidade de uma pequena e precária classe média negra constituída majoritarimente por funcionários públicos.<br />
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Nos anos 1950 e 1960 outros clubes surgiram. Seus fundadores eram profissionais liberais que atuavam como médicos, advogados, professores além de pequenos comerciantes e funcionários públicos de carreira. Um dos mais famosos clubes desse período é o <b>Renascença Clube</b>, criado em 1951 na cidade do Rio de Janeiro (leia mais <b><a href="http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-73312007000200012&script=sci_arttext" target="_blank">AQUI</a></b>) e que ficaria conhecido na década seguinte por promover concursos de beleza de mulheres negras (abaixo fotos das garotas frequentadoras do Aristocrata e conhecidas à época como "aristogatas").<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtJSS2JsOoQwIXF1nQq5udE5IjDiFHkjHPRMbTC8dN7gGe3ub5xGkpx6jYzI81YBh-iaytxSpvqkVzcaTuPPZ8NV_srmdM_DLSY2ItJT6OvKfjJoqUsF7NxLXrAzMeqp3Lb3Z85-pgQmw/s1600/0,,43812012,00.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtJSS2JsOoQwIXF1nQq5udE5IjDiFHkjHPRMbTC8dN7gGe3ub5xGkpx6jYzI81YBh-iaytxSpvqkVzcaTuPPZ8NV_srmdM_DLSY2ItJT6OvKfjJoqUsF7NxLXrAzMeqp3Lb3Z85-pgQmw/s640/0,,43812012,00.jpg" height="516" width="640" /></a></div>
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Assistir o documentário <i><b>Aristocrata</b></i> é adentrar a história de sociabilidade, lazer e relações raciais que permeia a trajetória da população negra em São Paulo e no Brasil. Porém, diferente do argumento utilizado pelo/as entrevistado/as para justificar a decadência do clube, a falta de interesse pelo clube demonstrada pela geração de filho/as do/as fundadore/as explica apenas em parte o problema de continuidade da associação. O outro lado da moeda diz respeito a dificuldade enfrentada por essa pequena classe média em repassar o lugar de classe conquistado por ela para seus filhos e filhas, em outras palavras, a difícil tarefa enfrentada por negro/as de manter e/ou reproduzir riqueza e <i>status</i> social. Mas isso já seria história para outro <i>post</i>. Assistam o vídeo! Leia mais sobre o Aristocrata acessando uma reportagem feita pela revista <b>Época São Paulo</b> (<a href="http://revistaepocasp.globo.com/Revista/Epoca/SP/0,,EMI186813-16206-1,00-%20MEMORIA+ARISTOCRATA+O+MAIS+LUXUOSO+CLUBE+NEGRO+DO+BRASIL.html" target="_blank"><b>AQUI</b></a>).<br />
<br /><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="480" src="//www.youtube.com/embed/92k_7J9EhTE" width="640"></iframe></div>
Márcio Macedohttp://www.blogger.com/profile/11624430791106628189noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5943691296501129269.post-37654691510494495972013-12-20T17:48:00.000-02:002013-12-22T12:41:00.667-02:00A Mulata Exportação<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnPunMVHptZs1xcrFUxlZukv8hJx732YgU_bO5W39ZZOo2nZp82Lc-xJxk9P59Y1UUKWDOuvtyIEqKiqe0mjof6UAefOQdYOfVNXvGj_LQxZJ-4WXXEnfRyBaDquRjc_j286woCyfw1mw/s1600/MULATA+BRASILEIRA.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnPunMVHptZs1xcrFUxlZukv8hJx732YgU_bO5W39ZZOo2nZp82Lc-xJxk9P59Y1UUKWDOuvtyIEqKiqe0mjof6UAefOQdYOfVNXvGj_LQxZJ-4WXXEnfRyBaDquRjc_j286woCyfw1mw/s640/MULATA+BRASILEIRA.jpg" width="640" /></a></div>
<b><br />A Mulata Exportação (da série “Grandes Figuras da Negritude Brasileira: ensaios em profundidade do Dr. Altamiro Brandão, Ph.D. em Negrologia”) </b><br />
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O Brasil é um país abençoado. Quase não vivenciou guerras em toda a sua história (matamos uns paraguaios, mas quem se importa?), raramente experimenta adversidades causadas pela mãe natureza como vulcões, terremotos, tufões, tornados - e outras desgraças mais - e não possui conflitos étnicos e raciais vivendo sobre a égide do que intelectuais da academia e até os de boteco chamam de democracia racial. Ou seja, a idéia de que todos por aqui, independentemente da cor, têm as mesmas chances e que esse besteirol de preto-preto/branco-branco, tão comum entre os patrícios anglo-saxões do norte, não tem vez em solo tupiniquim. Somos um povo mestiço, formado pelo alegre encontro das três raças e culturas, já dizia o grandíssimo mestre Giba Freyre, em seu catatau “Barraco Grande e Senzala Chic” (1933): o branco europeu, o negro africano e o indígena originário da própria terrinha. Nosso gigante sul-americano também tem uma economia vibrante e, desde o século XVII, participamos com afinco do comércio internacional saindo da venda de especiarias, como açúcar no além-mar entre os séculos XVI e XVII, passando pelo ouro no século XVIII, café no XIX e chegando atualmente aos jatinhos da Embraer. Brasil Brasil. “God can be generous and blessing America”, mas com certeza Deus é brasileiro e corinthiano. Ainda dentre as tradicionais mercadorias negociadas pela grande nação tupiniquim, uma tem destaque no cenário internacional do entretenimento: a mulata exportação. Contudo, para entender o desenvolvimento dessa grande figura da negritude brasileira, é necessário entender o seu desenvolvimento histórico, econômico e social. A mulata é uma figura que arranca suspiros de todos os homens com sua beleza e sensualidade. Filha do encontro entre raças, a branca e a negra, a mulata reservou aquilo que as duas tinham de melhor, contrariando o pensamento de célebres doutores europeus (um nobre francês agraciado Gobineau e um italiano com nome de vinho vagabundo, Lombroso) e até mesmo brasileiros (Nina Rodrigues) que no final do século XIX diziam que o mestiço era um degenerado, fraco e vagabundo que levaria nosso gigante sul-americano ao fracasso como nação. A mulata é prova do contrário, é a nossa grandeza genética. Como bem se sabe, mulatas não existem em todos os lugares da mesma forma que no nosso Brasilzão. Nos EUA, por exemplo, a mulata é Black ou African-American, nomes estranhos que escondem sua origem mestiça. Mas entre o povo preto americano e mesmo entre brancos sabe-se muito bem da admiração pela beleza e sensualidade das mulheres classificadas como light-skinned, as mulatas de um passado norte-americano distante: veja aí as atrizes Halle Berry e Vanessa Williams, e as cantoras Alicia Keys e Beyoncé Knowles. Mulatas dos pés a cabeça seriam no Brasil, mas na grande nação dos federalistas nada além de Blacks ou African-American ou light-skinned women. No caso da África do Sul, houve um grosseria absurda: colocaram todas as mestiças sobre a categoria “colored.” Estupidez e falta de criatividade. Mas voltando ao Brasa, há famosas mulatas que povoam o universo de nossa literatura: Rita Bahiana, figura central no clássico “O Cortiço” de Aluísio Azevedo, escrito em 1890, Escrava Isaura, do livro de título homônimo publicado por Bernardo Guimarães em 1875, que dizia-se branca na obra mas que, na verdade, era uma mulatinha formosa e educada. Lembremos também da sensual e linda Gabriela da obra de Jorge Amado, “Gabriela, Cravo e Canela”, de 1958. Entretanto, muitos têm problemas com a categoria mulata/mulato. De acordo com estes, o termo é pejorativo por fazer referência ao animal mula, que é produto do cruzamento do cavalo com burra ou do jumento com égua. Seja verdade ou não, o que importa é que mulata teve períodos de glória na história do gigante sul-americano. Exaltada nas modinhas de carnaval como na letra de “O Teu Cabelo Não Nega”, escrita por Lamartine Babo em 1931, e que não reproduzo aqui por falta de espaço, e em concursos de beleza como o Rainha das Mulatas, organizado pelo Teatro Experimental do Negro de Abdias do Nascimento e do mulato Guerreiro Ramos, nos anos 1940, que revelou a exuberante Mercedes Batista, e o do Clube Renascença, celeiro de mulatas nos anos 1970. Foi justamente nessa época que a mulata exportação foi concebida pelas idéias de visionários como o radialista Oswaldo Sargentelli, que cunhou o termo “Mulata Sargentelli”, e foi elevado à figura de “mulatólogo”: “mulatinha bonitinha do ziriguidum, meu amigo! Boa boa, ops, oba oba...” Mulatas mulatas... Representação do meu Brasil varonil. No corpo pancadão a marca da miscigenação, nos pés o dom de sambar e na cama o prazer de amar. Línguas maldosas insistiam em epítetos fora de sentido como o clássico: “Branca pra casar, mulata pra fornicar e preta pra trabalhar”... Mentiras deslavadas! O próprio redator deste texto confessa que só se casou com uma branca por uma peça pregada da vida: o amor. Mas antes disso várias mulatas passaram pelos meus braços satisfazendo meus mais profundos desejos. Foi a partir dos anos 1960 e 1970 que a categoria mulata ganhou uma feição institucional no que ficou conhecido como “Show de Mulatas”. Em casas noturnas da saudosa cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro elas dançavam, sambavam e entretinham turistas nacionais e estrangeiros exibindo seus dotes trajando biquínis minúsculos que ressaltavam ainda mais as formas corporais já avolumadas. Passamos a exportar mulatas. Sim, exportar, pois elas começaram a viajar além-mar para mostrar a esses gringos de cintura dura o que a mistura racial tinha criado nos trópicos, contrariando as teorias dos doutores Gobineau, Lombroso e Rodrigues. E foi daí que surgiu a categoria “mulata exportação”: aquela que samba, dança e representa com toda a autoridade a ginga de um país mestiço e harmonioso como o nosso. Ah mulata, sua pele morena, seu cabelo macio e alisado na chapinha; bendito seja o Henê Maru e o Alisabel que resolveram o problema do seu pixaim. Não faltam mulatas exportação na sua história. O que diríamos da dançarina Mercedes Baptista, da cantora Elza Soares (que deu um drible de placa conquistando o coração do craque de futebol Garrincha), a Miss Guanabara e segunda colocada no Miss Brasil 1964, Vera Lúcia Couto, as cantoras Eliana Pittman e Clara Nunes, a Miss Brasil 1986 Deise Nunes, a diva das telas de Di Cavalcanti, Marina Montini, e a “sargentelli”, que posteriormente virou atriz global, Solange Couto. Desnecessário dizer que o carnaval é a data na qual ocorre uma opulência de mulatas dos mais variados tipos, formatos e cores. É a época do ano em que reinado delas é estabelecido. São elas rainhas do carnaval, madrinhas de bateria de escolas de samba e as passistas da avenida. Sendo assim, a última versão da mulata exportação foi criada nos anos 1980 no contexto do carnaval: a “mulata globeleza.” A sua figura ficou associada à modelo e dançarina Valéria Valença que, durante os anos 1990, aparecia nas vinhetas de uma rede de televisão com o corpo despido de qualquer peça de vestuário e coberto por pinturas. Bastava a vinheta da mulata globeleza aparecer na TV para sabermos que o carnaval com sua alegria e luxúria havia chegado. Mas como já disse, o aparecimento da mulata globeleza sinalizava a agonia da figura mulata exportação. Desde os anos 1970 , uma série de negros - pais e avôs dos atuais negr@s metid@s - começaram a divulgar a ideologia de que todos aqueles haviam passado das seis da tarde no seu nascimento (e não vale ser no horário de verão!) ou possuíam o pé na cozinha não deveriam mais se pensarem como pret@s, pard@s, moren@s, cablocl@s, cafuz@s e mulat@s. Diziam eles que para o que não há remédio remediado está: tod@s deveriam se auto-definir como NEGR@S. Foi a partir daquele momento que a mulata começou a ser perseguida como categoria social: perdeu o respeito dos ditos mais educados, que insistiam em chamá-la de negra. Oswaldo Sargentelli morreu em 2002 de enfarto e desgosto. Dizem as más línguas que a desilusão do mulatólogo aumentara mais ainda ao saber que as cotas para negros, estabelecidas inicialmente numa universidade estadual do Rio de Janeiro, uma cidade mestiça/mulata, não aceitaria mulatas, mas apenas negras. Em 2004 Valéria Valença, já aposentada da TV, se tornaria evangélica. A Solange Couto, por sua vez, não parava de engordar na época em que escrevi esse texto e já voltou a emagrecer agora que o publico. Nossa última esperança de reviver a mulata exportação era através de uma mulatinha promissora: Camila Pitanga. Mero engano. Sem pestanejar e em questão de poucos anos ela se revelou uma negra metida global. A mulata exportação desapareceu de vez e mesmo a mulata comum com samba no pé também está fadada à extinção. O carnaval, época em que elas são mais toleradas e têm lugar privilegiado na folia de Momo, já não é mais o mesmo. Ela ainda é a rainha da festa, mas sua nobreza, constituída de madrinhas de escola de samba e passistas, vem se transformando rapidamente e as mulatas tem perdido o seu posto para branquelas globais esqueléticas bronzeadas artificialmente e mulheres fruta fartas de aBUNDÂncia e pobres de ginga. Mas aposto que nunca seremos tão bons em exportar melancias e peras como fomos com mulatas. É vero! Que Deus abençoe a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, cujo porto séculos atrás recebeu pretos escravos africanos e portugueses brancos colonizadores para séculos depois enviar, via Galeão, às mais diversas partes do mundo, o produto mais 100% nacional de todos: a mulata exportação.<br />
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Leia também os outros ensaios do Dr. Brandão: "Negr@s Metid@s" (<a href="http://newyorkibe.blogspot.com.br/2011/01/negrs-metids.html" target="_blank"><b>AQUI</b></a>) e "O Mulato Pernóstico" (<b><a href="http://newyorkibe.blogspot.com.br/2012/06/o-mulato-pernostico.html" target="_blank">AQUI</a></b>)</div>
Márcio Macedohttp://www.blogger.com/profile/11624430791106628189noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5943691296501129269.post-83624806501421958662013-11-03T01:10:00.000-02:002014-01-13T16:45:53.721-02:00A Miséria do Novo Humor Brasileiro<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLfPSy7xBRFUGI9HbypGflvOcXrnSZE_qHtgmeYBMuwAaYeWrJt4etqvBQHp_aoOFhwR0pu_I6E4BbkacNlHwS95Z1GR6_GyEKsCAKNKhYLI-dUGvdT3VhyphenhyphencVZkcnrt6WamIfTDl2Qpzo/s1600/o-riso-dos-outros.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLfPSy7xBRFUGI9HbypGflvOcXrnSZE_qHtgmeYBMuwAaYeWrJt4etqvBQHp_aoOFhwR0pu_I6E4BbkacNlHwS95Z1GR6_GyEKsCAKNKhYLI-dUGvdT3VhyphenhyphencVZkcnrt6WamIfTDl2Qpzo/s1600/o-riso-dos-outros.jpg" /> </a></div>
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Desde o ano passado que leio e escuto comentários positivos aqui e ali sobre o documentário <i><b>O Riso dos Outros</b> </i>(2012) do diretor <b>Pedro Arantes</b>. Na quinta passada, depois de uma conversa com minha namorada que acabara de assistir o filme resolvi fazê-lo também. São por volta de cinquenta minutos de falas, muitas piadas e poucos risos. Digamos que foi assim ao menos de minha parte. A película busca captar a cena do emergente humor <i>stand up</i> brasileiro.<br />
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Sugiro vivamente que as pessoas assistam o filme. É um bom retrato da pobreza do novo humor brasileiro (ou do sudeste brasileiro) que nada faz do que requentar velhas fórmulas, ou seja, o humor desbocado, racista, sexista, homofóbico, misógino, classista e preconceituoso com qualquer forma de diferença física, social e étnica. O documentário capta as falas de figuras de ponta da cena <i>stand up</i> como os polêmicos <b>Rafinha Bastos</b> e <b>Danilo Gentili</b> além dos depoimentos do cartunista <b>Laerte</b>, do escritor <b>Antonio Prata</b>, da blogueira feminista <b>Lola Aranovich</b>, do político e ativista gay <b>Jean Willys</b> e outro/as comediantes, ativistas e acadêmicos. Em minha opinião, faltou a fala do público desse novo humor uma vez que eles são a outra ponta dessa cena artística.<br />
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O que me chamou a atenção em particular é a falta de formação e conhecimento político, intelectual, artístico da nova geração de comediantes tirando algumas poucas exceções. Fala-se que há uma "ditadura do politicamente correto" e que a "a piada é só uma piada". Pois bem, há dois anos atrás cursei uma disciplina da grade de meu doutorado com um professor que gosto muito chamado <b>Terry Williams</b>. O curso de Williams tinha um formato e título pouco usual mesmo para a pouco ortodoxa <b>New School</b>: <b><i>Youth Culture: Sex, Drugs and Comedy</i></b>. Na verdade, estudamos a junção dessas três temáticas no contexto urbano de <b>Nova Iorque</b>. Lemos textos teóricos sobre sexualidade, drogas e humor, fomos em shows de sexo, clubes de <i>stand up</i> e frequentamos cenas relacionadas ao consumo de drogas.<br />
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Ao fazer meu trabalho final para o curso tive a oportunidade de ler mais a fundo sobre humor do ponto de vista teórico além de me aprofundar na trajetória de um dos maiores comediantes norte-americanos: <b>Richard Pryor </b>(1940-2005). O que me chamou a atenção à época é o acúmulo de literatura teórica sobre os conceitos de humor e piada e o fato do comediante ser um comentarista social que, através do humor e da piada, reflete sobre a realidade a sua volta descontruindo ou reforçando o <i>status quo. </i>Bons humoristas também são existencialistas por natureza uma vez que a sua experiência de vida torna-se material precioso que é revertido na elaboração de piadas que buscam a auto-ironia. Exemplo disso é a vida de <b>Richard Pryor </b>que nasceu dentro de um bordel e teve uma vida atribulada com suas várias namoradas e esposas, abuso de drogas com um toque requintado vindo da experiência de ser negro nos <b>EUA</b> dos anos 1960 e 1970. Para quem se interessa pelo tema e lê em inglês vale a pena checar a sua hilariante e muitas vezes triste auto-biografia intitulada <b><i>Pryor Convictions and Other Sentences</i></b> lançada em 1995. Abaixo segue um videozinho de Pryor contando sua piada sobre os animais na selva africana. Hilário! Talvez o/as comediantes brasileiro/as pudessem aprender um pouquinho com ele, não?<br />
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<b>Muita Paz, Muito Amor!</b></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Times New Roman";"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="//www.youtube.com/embed/E9IlOQeU3lw" width="420"></iframe> </span></span></div>
Márcio Macedohttp://www.blogger.com/profile/11624430791106628189noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5943691296501129269.post-46834120114523069032013-10-20T16:11:00.000-02:002013-10-28T18:38:20.169-02:00Para o Nosso "Ben"<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgevJ4VjHxtio7EEv_fus1rp6Tj8ULGJpD14UFwmb9XE30r2Qboe6Rm3jQuh4rUkmukPZcYkCDcOamfdjpFawerIBmmcucrolO41PH8oAFQeG3HT2MD43q8SfnEkxdSQrKyZZDF_GUcCGM/s1600/1206_1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgevJ4VjHxtio7EEv_fus1rp6Tj8ULGJpD14UFwmb9XE30r2Qboe6Rm3jQuh4rUkmukPZcYkCDcOamfdjpFawerIBmmcucrolO41PH8oAFQeG3HT2MD43q8SfnEkxdSQrKyZZDF_GUcCGM/s640/1206_1.jpg" width="640" /></a></div>
Acordei tarde hoje e fui à cozinha onde minha mãe já dava os toques finais ao almoço: raviolli (acho que é assim que se escreve). Meu pai que é um ranzinza charmoso reclamava: "Mas só tem isso pra comer? E o arroz, feijão..." Sim, ele nunca come sem esses acompanhamentos. De minha parte, estava no processo de preparar minha dose diária de droga: cafeína. A TV da cozinha, há três na casa, estava sintonizada na<b> Globo</b> e transmitia o programa de <b>Regina Casé</b>, <b>Esquenta</b>. Não tenho saco nenhum para a programação da Globo, acho imbecilizante. Contudo, não há como você fugir dela em sua vida. Pelos posts de meus/minhas amigo/as no <b>Facebook</b> fico sabendo quais são os artistas quentes do <b>The Voice Brasil</b>, como foi a polêmica participação de <b>Edi Rock</b> no <b>Caldeirão do Huck</b> e que em alguma novela estão querendo fazer um moleque preto cortar o seu cabelo "selvagem". Pois bem, voltemos ao Esquenta. Nunca me dei ao trabalho de assistir a esse programa, acho chato. Por outro lado, entendo que o mesmo faz parte de uma política de reconhecimento e representação que coloca preto/as na TV e parte de suas manifestações culturais. E como é padrão Globo, o/as pretinho/as são super produzido/as e bonito/as. Dei uma "bizoiada" no programa enquanto preparava meu pretinho forte. Lá estavam <b>Arlindo Cruz</b>, <b>Preta Gil</b>, a garotada de um videoclipe de passinho patrocinado pela <b>Coca-Cola</b> que está circulando na <b>internet</b> (eu acho), a garota negra carioca que ficou famosa fazendo piadas sobre o comportamento das pessoas no Facebook além do músico <b>Jorge Benjor</b>. Mais um pouco de programa e Benjor faz uma performance cantando <i>W/Brasi</i>l. Nesse momento lembrei de conversas que tenho sempre com meus amigos e namorada: Benjor um dia foi legal e nem era Benjor, mas sim Ben. Explico.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNopUSoBO0GoWAafax9gbJpm_OsIRczozBldE97uQVSD1ZnfWqr5OMaEIR27rDlIf8L4O-USMx3sh-ZJPV4onzKnWCP1-552z0EUz7JO0daKKbkuyKkejFTd_uzpIL3lnmDpofoUJbKWc/s1600/jorgeben_antiga.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="412" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNopUSoBO0GoWAafax9gbJpm_OsIRczozBldE97uQVSD1ZnfWqr5OMaEIR27rDlIf8L4O-USMx3sh-ZJPV4onzKnWCP1-552z0EUz7JO0daKKbkuyKkejFTd_uzpIL3lnmDpofoUJbKWc/s640/jorgeben_antiga.jpg" width="640" /></a></div>
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Jorge Benjor é uma referência musical para todo/as aquele/as que frequentaram espaços de sociabilidade negra e pobre em <b>São Paulo</b> entre os anos 1960 e 1990. Em qualquer batizado, festa de aniversário, casamento, baile, jantar dançante, churrasco, festa de debutante e outras festividades eram e ainda são tocadas músicas clássicas de Benjor compostas e gravadas por ele entre os 1960 e 1980. Aliás, muitas pessoas ainda se referem a ele nesses espaços como Ben e não Benjor, nome que o artista incorporou nos anos 1980 para evitar confusão com o músico norte-americano<b> George Benson</b>. Mas a mudança de nome pode ser interpretada também como uma linha divisora da musicalidade do artista. Se o Ben fazia uma tipo de música marcada por uma mistura magistral entre bossa-nova, soul, jazz, samba, funk e rock, que alguns classificaram como a melhor definição do que seria o samba-soul ou sambalanço ou samba-rock, o Benjor dos anos 1990 conseguiu sair de uma crise em sua carreira fazendo uma espécie de sonoridade que lembra em muito marchinhas chatas de carnaval e prestando homenagens a figuras conhecidas como o músico <b>Tim Maia</b> (o "síndico" da canção) e o publicitário <b>Washington Olivetto</b> (que segundo consta, encomendou a música). Pode ser sacanagem da minha parte, mas não lembro de nenhuma música contemporânea de Benjor além de <i><b>W/Brasil</b></i>. Definitivamente, a negrada que eu conheço e me incluo aclama e ouve o Jorge Ben e desconhece o Benjor. Para o nosso Ben!<br />
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<b>Muita Paz, Muito Amor!</b></div>
Márcio Macedohttp://www.blogger.com/profile/11624430791106628189noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5943691296501129269.post-44012863719728789022013-10-12T06:41:00.005-03:002013-10-12T07:28:29.748-03:00Os Sete Anões de Auschwitz <div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYsdPNfasYDvNCKo7E4swfD6aWjqAwAc0Cmwkv7Jg2zgyZKi2soKIax6pjCaQAd-l2hxHEnkNdgd50HU3xFQMT_C7cODY8hXaTDCt7DYF0RfiWgNpnPOkRAzMUrksZQDQrnbqN7AA3Ggc/s1600/War_M_1687891a.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYsdPNfasYDvNCKo7E4swfD6aWjqAwAc0Cmwkv7Jg2zgyZKi2soKIax6pjCaQAd-l2hxHEnkNdgd50HU3xFQMT_C7cODY8hXaTDCt7DYF0RfiWgNpnPOkRAzMUrksZQDQrnbqN7AA3Ggc/s1600/War_M_1687891a.jpg" /></a></div>
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12 de outubro: Dia das Crianças e de Nossa Senhora Aparecida. Parabéns aos dois! Sou um adulto ranzinza e devoto de São Benedito. Não darei doce as crianças e nem farei orações para a santa errada, fiquem tranquilos.<br />
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<i>Post</i> rápido, hoje é feriado. Deixo como dica para esse sábado preguiçoso - caso você não vá a igreja ou alguma festa de criança - um ótimo documentário que assisti tempos atrás por sugestão de meu truta <b>Dafne Sampaio</b>: <b><i>The Seven Dwarfs of Auschwitz</i></b> (Os Sete Anões de Auschwitz). O filme conta a história de uma família de anões que é deportada para o campo de concentração de Auwschwitz e se torna objeto de interesse do <b>Anjo da Morte</b>: <b>Josef Mengele</b>.<br />
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Assistam (audio e legendas em inglês apenas).<br />
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<b>Muita Paz Muito Amor! </b><br />
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<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="//www.youtube.com/embed/79rHJCX9D3o" width="560"></iframe><br /></div>
Márcio Macedohttp://www.blogger.com/profile/11624430791106628189noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5943691296501129269.post-18501877769336277572013-10-11T15:22:00.002-03:002013-10-11T16:20:11.570-03:00Um Beijo e Adeus Para Gabriela!<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDUoYH_C1Ma67V_YECKda4psAfGLZKTE1f2OgfXsIe3jTKJ3Ae0kf11B0dzRB_7XyvO-5SNQ6ewoEZFbhka_IIf3yTYQwQlD6dw1p918ipdaN2BCO36lG4A2NQu65QveNpSdP_ER9Lq8w/s1600/gabriela-leite.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDUoYH_C1Ma67V_YECKda4psAfGLZKTE1f2OgfXsIe3jTKJ3Ae0kf11B0dzRB_7XyvO-5SNQ6ewoEZFbhka_IIf3yTYQwQlD6dw1p918ipdaN2BCO36lG4A2NQu65QveNpSdP_ER9Lq8w/s640/gabriela-leite.jpg" width="500" /></a></div>
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Faleceu ontem à noite, aos 62 anos, <b>Gabriela Leite</b>. Durante boa parte da sua vida Leite trabalhou como prostituta e atuou como ativista em defesa dos direitos das profissionais do sexo (um termo que ela achava muito politicamente correta e preferida o termo "puta") reivindicando a regularização da profissão. Durante a juventude Gabriela chegou a estudar filosofia na <b>Universidade de São Paulo (USP)</b>, mas acabou deixando o curso e um trabalho de secretária em escritório para se dedicar a prostituição na região da <b>Boca do Lixo</b> em <b>São Paulo</b> e posteriormente na zona boêmia de <b>Belo Horizonte</b> e na <b>Vila Mimosa</b> no <b>Rio de Janeiro</b>. Em 1987 ela organizou o primeiro <b>Encontro Nacional de Prostitutas</b> e ganhou notoriedade por sua militância criando em 1992 a ONG <b>Dávida</b>. Um das suas iniciativas mais conhecidas foi a criação, em 2006, da marca <b>Daspu</b>, cuja as roupas eram elaboradas e costuradas por prostitutas. O nome era uma clara ironia a loja de artigos de luxo <b>Daslu</b>. Em 2010 Gabriela concorreu ao cargo de deputada federal pelo <b>Partido Verde</b>. Sua campanha foi coberta num documentário filmado pela americana <b>Laura Murray</b> intitulado <b><i><a href="http://www.umbeijoparagabriela.com/" target="_blank">Um Beijo Para Gabriela</a> </i></b>(trailer logo abaixo).</div>
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Gabriela se vai vítima de câncer. O que ela nos deixa como legado além de seu trabalho como ativista é uma postura que olhava a prostituta sem o viés moralizante ou vitimizador. De acordo com ela, a prostituição era uma profissão que deveria ser regulamentada para que seus/suas profissionais tivessem acesso aos mesmos benefícios que o/as trabalhadore/as de outras áreas e fosse assim quebrado o estigma que paira sobre o/as mesmo/as. Para saber mais da vida de Gabriela leia a sua biografia lançada em 2009 pela <b>Objetiva</b> e intitulada <i><b>Filha, Mãe, Avô e Puta</b></i> (baixe <a href="http://lelivros.biz/book/download-livro-filha-mae-avo-e-puta-gabriela-leite-em-epub-mobi-e-pdf/" target="_blank"><b>AQUI</b></a>).</div>
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A foto abaixo foi tirada em abril desse ano na exibição do filme sobre a campanha de Leite na <b>The New School</b>, <b>NYC</b>. <span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45,"tn":"*G"}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption">Da esquerda para direita estão eu, Cristian Mat, Flávio Lenz (companheiro de Gabriela), Mariana Assis, Geeti Das e Laura Rebecca Murray (diretora do filme). </span></span> </div>
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<b>Um beijo e adeus para Gabriela! Descanse em paz, querida! </b></div>
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<b>Muita Paz, Muito Amor!</b></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYY6VpRCjBNUooQ7wCd4u8a2Crhbb3xRp4BtmQiIl-f9rMeRiSerO132xgYpT6QtR4XYScG3IpYdlzKcFX6nBBfh5WR8rmbkcXClbIqQX-KSJrWwz1i5syEr7Z4wsfitUoY_byF3NaoIE/s1600/522102_10151345491596712_669045656_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYY6VpRCjBNUooQ7wCd4u8a2Crhbb3xRp4BtmQiIl-f9rMeRiSerO132xgYpT6QtR4XYScG3IpYdlzKcFX6nBBfh5WR8rmbkcXClbIqQX-KSJrWwz1i5syEr7Z4wsfitUoY_byF3NaoIE/s640/522102_10151345491596712_669045656_n.jpg" width="640" /></a></div>
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Márcio Macedohttp://www.blogger.com/profile/11624430791106628189noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5943691296501129269.post-51823760372189184832013-10-08T15:58:00.000-03:002013-10-10T13:50:58.615-03:00"and that's your time": THEESatisfaction<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6O0HtueKIKWCFIiCJB2aVZSspRCQyAYAt5IREAW3wqhIwO_Lib1jyM2gm-La00TzP7n5RqOeWk-JoW3WnY7-GGh5RL4S9SkUXYJ4pnbMtzuqQlaq-YzzRIesRVXKZX4omTvJRkilsAJU/s1600/4352888676_4a9012f3c8_z.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6O0HtueKIKWCFIiCJB2aVZSspRCQyAYAt5IREAW3wqhIwO_Lib1jyM2gm-La00TzP7n5RqOeWk-JoW3WnY7-GGh5RL4S9SkUXYJ4pnbMtzuqQlaq-YzzRIesRVXKZX4omTvJRkilsAJU/s1600/4352888676_4a9012f3c8_z.jpg" /></a></div>
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Há um bom tempo que não escrevo por aqui. Mudanças mil. Volta ao <b>Brasil</b>, trabalho de campo para o doutorado em <b>São Paulo</b>, refúgio/castigo em <b>Limeira</b>, dificuldades e processo de leitura e escrita. Enfim, vida! Mas o motivo para voltar a escrever é uma notícia boa: o lançamento de uma nova mixtape do duo feminino de rap <b>THEESatisfaction </b>(foto acima).<br />
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Essas duas garotas oriundas de <b>Seattle</b> (sim, a cidade na qual surgiu o grunge nos anos 1990 e que nos premiou com a banda <b>Nirvana</b>) são uma grande novidade na cena alternativa do hip-hop norte-americano. Elas são descoladinhas, meio<i> hipsters</i> (no bom sentido!), lésbicas e fazem um som com inspiração nos anos 1980. Ano passado assisti o show delas numa casa em Williamsburg, Brooklyn, NYC, e adorei! O primeiro álbum delas saiu ano passado e leva o título de <b><i>awE naturalE</i></b>. Das treze faixas desse disco minhas preferidas são <i><b>Bitch</b>, <b>QueenS</b> </i>(cujo videoclipe que segue logo abaixo é uma espécie de celebração ao amor gay/lésbico), <b><i>Existinct</i></b> e <b><i>Sweat </i></b>(um dos samplers usados nessa faixa lembra muito música brasileira). As faixas <b><i>God</i></b> e <b><i>Enchantruss</i></b> contam com a participação de <b>Ishmael Butler<i> </i></b><i>aka</i> <b>"Palaceer Lazaro"</b>; ele foi um dia "Butterfly" do clássico grupo de jazz-rap dos anos 1990 <b>Digable Planets</b> e agora lidera o grupo alternativão <b>Shabazz Palaces</b>.<br />
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<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="//www.youtube.com/embed/qGWFBt_IPOg" width="560"></iframe> <br />
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Depois de <b><i>awE</i></b> as garotas lançaram mixtapes em homenagem as suas maiores influências: <b><i><a href="http://theesatisfaction.bandcamp.com/album/theesatisfaction-loves-anita-baker" target="_blank">THEESatisfaction Loves Anita Baker</a></i> </b>(outubro de 2012) e <b><i><a href="http://theesatisfaction.bandcamp.com/album/theesatisfaction-loves-erykah-badu" target="_blank">THEESatisfaction Loves Erykah Badu</a></i> </b>(janeiro de 2013). Delas destaco a faixa <b><i>Cabin Fever Sweet (Live on the Radio K)</i></b><i> </i>que tem um sampler maravilhoso da canção <b><i>Sweet Love</i></b>, hit dos anos 1980 na voz de Anita Baker. Confira o som no videoclipe abaixo. Na vasta produção das garotas há ainda as mixtapes <a href="http://theesatisfaction.bandcamp.com/album/thats-weird" target="_blank"><b><i>That's Weird</i></b></a> (novembro de 2008), <a href="http://theesatisfaction.bandcamp.com/album/snow-motion" target="_blank"><b><i>Snow Motion</i></b></a> (agosto de 2009), <a href="http://theesatisfaction.bandcamp.com/album/why-we-celebrate-colonialism" target="_blank"><b><i>Why We Celebrate Colonialism</i></b></a> (novembro de 2009), <a href="http://theesatisfaction.bandcamp.com/album/theesatisfaction-loves-stevie-wonder-why-we-celebrate-colonialism" target="_blank"><b><i>THEESatistaction Loves Stevie Wonder Wonder Why We Celebrate Colonialism</i></b></a> (julho de 2010), <a href="http://theesatisfaction.bandcamp.com/album/theesatisfaction-live-on-kexp-street-sounds" target="_blank"><b><i>THEESatisfaction LIVE on KEXP Street Sounds</i></b></a> (fevereiro de 2010), as faixas <i><a href="http://theesatisfaction.bandcamp.com/track/icing" target="_blank"><b>Icing</b></a> </i>(novembro de 2009) e <a href="http://theesatisfaction.bandcamp.com/track/astronomical-warfare" target="_blank"><b><i>Astronomical Warfare</i></b></a> (outubro de 2009) e os álbuns digitais <a href="http://theesatisfaction.bandcamp.com/album/transitions" target="_blank"><b><i>Transitions</i></b> </a>(novembro de 2010), <a href="http://theesatisfaction.bandcamp.com/album/sandra-bollocks-black-baby" target="_blank"><b><i>Sandra Bollocks Black Baby</i></b></a> (março de 2011) e o lançado hoje <a href="http://theesatisfaction.bandcamp.com/album/and-thats-your-time" target="_blank"><b><i>and that's your time</i></b></a><br />
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<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="//www.youtube.com/embed/nxcDBLq2wdo" width="560"></iframe><br />
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As letras das garotas são engajadas versando sobre sexualidade, racismo, gênero, desigualdades sociais e outras paradas. Um detalhe interessante é que elas lançaram duas mixtapes cujos títulos perguntavam "Por que celebramos o colonialismo?" justamente em datas cívicas dos EUA: dia da independência e dia de Ação de Graças.<br />
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Enfim, baixe os discos, mixtapes e faixas e curta o som engajado e experimental de <b>THEESatisfaction</b>!<br />
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<b>Muita Paz e Muito Amor!</b></div>
Márcio Macedohttp://www.blogger.com/profile/11624430791106628189noreply@blogger.com0