domingo, 30 de outubro de 2011

Michael Muhammad Knight: Hip-Hop, Nação do Islã e os Five Percent.

Tradução do artigo Convert Straddles Worlds of Islam and Hip-Hop publicado no jornal New York Times no último sábado, 29 de outubro de 2011.

Convert Straddles Worlds of Islam and Hip-Hop
Mark Oppenheimer



Ele era um "garoto branco de 15 anos de idade com um pai diagnosticado com esquizofrenia, estuprador e separatista racial e mãe enfrentando seu segundo divórcio,"Michael Muhammad Knight escreve em suas mémorias de 2006, "Blue Eyed Devil: A Road Odyssey Through Islamic America." (Diabo dos Olhos Azuis: Uma Estrada de Odisséia Através da América Islâmica). Em sua casa em Rochester, ele "ouvia muito Public Enemy e lia 'A Autobiografia de Malcolm X' e aos 16 anos tinha um enorme poster do Ayatollah Khomeini na parede do seu quarto. Aos 17, Knight, tendo se convertido ao Islão, estava "circulando no interior do Paquistão com refugiados afegãos e somalis" e estudando "na maior mesquita do mundo: Faisal Masjid em Islamabad, que se parecia a uma nave espacial."




Isto foi precisamente metade de um tempo de vida passado. Knight, agora com 34 anos, é um estudante de doutorado em estudos islâmicos na Universidade da Carolina do Norte. Ele retornou para os Estados Unidos no mesmo ano que saiu e aos 20 anos trocou seu fundamentalismo islâmico por versão mais liberal e irreverente. Escritor prolífico, ele frequentemente satiriza seus camaradas islâmicos, cutucando os tradicionalistas. Ele é um bobo da corte para o mundo islâmico, um provocador em um kufi (adorno de cabeça usado pelos muçulamos).

Knight escreveu sete livros desde 2002, incluindo um de memórias no qual ele descreve sua desilusão com o Islão ortodoxo, um romance, "The Taqwacores," sobre um fictício submundo de roqueiros punks muçulmanos, e outro, "Osama Van Halen" (2009), sobre punks que sequestram Matt Damon e exigem papéis mais favoráveis de muçulmanos em filmes. Seus escritos têm perturbado muitos muçulmanos, assim como seus ataques a hiprocrisia e rebeldia no mundo islâmico. Até agora ele é reconhecido como um praticante (e danoso) aprendiz do islamismo sunita, a maior tradição muçulmana do mundo. Mas Knight encontrou uma nova maneira de surpreender seus camaradas fiéis. No seu sétimo livro, "Why I Am a Five Percent" ("Porque Eu Sou Um Cinco Por Cento") - Jeremy P. Tarcher/Penguim, publicado este mês - Knight professa sua afinidade com a Nação dos Deuses e Terras, também conhecido os Five Percent, um rebento misterioso e mal entendido da Nação do Islã.

 
Em 2007, Knight publicou uma história dos Five Percent, os quais estavam organizados no Harlem em 1964. Eles tomaram o nome do ensinamento da Nação do Islã de que 5 por cento das pessoas são "pobres professores por direito" que devem educar as massas oprimidas. Em "The Five Percents: Islam, Hip-Hop and the Gods of New York," (Os Cinco Por Cento: Islão, Hip-Hop e os Deuses de Nova York), Knight argumenta que a reputação de criminalidade do grupo foi largamente exagerada.

No entanto, muçulmanos ortodoxos se resentem da conexão existente na mente de algumas pessoas entre o Islão tradicional e os Five Percent cuja teologia eles consideram heresia. E os Five Percent não proferem mais qualquer conexão com o Islão tradicional.

 
Ainda, o que interessa não muçulmanos não é a precisão teológica mas o fascínio único dos Five Percent. O dialeto do secto, sua obscura numerologia e excêntrica formulação de orgulho racial - na qual homens negros são considerados "deuses" (gods), mulheres negras "terras" (earths) - tem largamente influenciado a música hip-hop e, consequentemente, algo para além da América negra.  

Em seu livro anterior sobre o grupo, Knight reafirmava a profunda história dos Five Percent voltando ao seu fundador, Clarence 13X Smith, que se auto-denominava Allah. Ele também analizou mensagens dos Five Percent nas letras de artistas como Wu-Tang Clan, Busta Rhymes e 50 Cent (o qual pegou seu nome de outro 50 Cent, um trambiqueiro [hustler] de rua pertencente aos Five Percent e assassinado em 1987).

Para milhões de fãs de rap se questionado sobre aquelas letras bizarras do rapper RZA (foto acima) do Wu-Tang Clan, ou refletindo sobre as origens da afirmação de rua "Word" (palavra), ou mesmo se perguntando do porquê Erykah Badu (foto abaixo) ter nomeado seu filho Seven (sete), aqui estão no mínimo algumas respostas.

(Para os não iniciados, Seven (sete) refere-se a Deus.

 
Mas ao oferecer sua simpática exploração dos Five Percent, Knight nunca sugeriu que ele era um deles. Ele se colocava como um muçulmano sunita estudando um grupo desconhecido. No novo livro, no entanto, as coisas mudaram

Knight escreve agora que sua imersão no mundo dos Five Percent fez dele, de certa forma, uma pessoa de dentro. Ele não aceita a verdade literal de todas as suas afirmações (e ele é cético de que todos os Five Percent o fazem também). Mas ele não é mais um estranho ao grupo buscando se inserir.

"Enquanto meu encontro com os Five Percent influenciou meu pensamento sobre raça e religião," Knight escreve, "algo mais aconteceu, algo mais profundo do que posições intelectuais." Ele se viu contemplando essas questões "em termos dos Five Percent, usando linguagem dos Five Percent." "Tornou-se completamente natural para mim refletir sobre a data do dia usando Matemática Suprema," o sistema dos Five Percent no qual números representam conceitos espirituais (um é conhecimento, dois é sabedoria e assim por diante). Algumas vezes Knight "experimentou até mesmo uma ressonância emocional mais profunda com narrativas do ex Clarence 13X e seus deuses adolescentes do que aquelas do Profeta Muhammad e seus companheiros."

Knight não vive como um Five Percent. Alguns diriam que ele nem mesmo vive como um muçulmano. Nos seus dois anos em Harvard, onde em maio terminou um mestrado, "foi a mesquita talvez duas vezes," contou-me ele essa semana. Mas essa aparente tensão somente aponta para o principal argumento de "Why I Am a Five Percent"; esta identidade religiosa não é necessariamente sobre fé, ou mesmo sobre cultura. Acadêmicos gastam uma porção de tempo rebatendo a bolinha de tênis sobre o que "religião" é; para Knight, ela é uma forma de ver o mundo. Ele chegou ao Islã não por causa de afirmações verdadeiras e específicas sobre Deus, mas porque "aquelas orações árabes me deram o sabão certo para me lavar da América, meu pai, meu padrasto, o Jesus branco, e tudo mais dos colegas de classe ignorantes e caipiras do colégio católico." Agora, ele tem uma linguagem mais nova: menos mulçulmana, mais Five Percent. Na época que ele terminou seu primeiro livro sobre os Five Percent, o Harlem estava "mais conectado" com seu mundo "do que o inimaginado quadro da Arábia pré-moderna. Parar em fente do Hotel Theresa," onde Allah, o primeiro Five Percent, foi preso em 1965,"ou visitar o parque Marcus Garvey, onde Allah estabeceu seu primeiro parlamento, me afetariam não menos como uma peregrinação [à Meca]." 

Na introdução de seu livro, Knight oferece um pouco de aconselhamento a outros acadêmicos fazendo trabalho de campo: "Mantenha sua defesa e distância. Vocês gastam muito tempo com cultura e falham ao checar a si mesmos, vocês se apaixonarão e se tornarão o seu objeto."

Mas como irá você saber se chegou perto demais do seu objeto? Para Knight houve claros sinais. Em 2008 ele fez a tradicional peregrinação a Meca. "Aqui estou eu," contou-me ele, "um quase muçulmano ortodoxo em Meca, andando ao redor da Kaaba" - o santuário que muçulmanos de todo o mundo encaram durante suas orações - "e interpretando ele através de matemática, as lições, letras do Wu-Tang. Eu tinha que dar sentido aquilo."

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Vocês Não Estão Sozinhas: Homens Negros Feministas em Ação

 

Tradução do texto You Are Not Alone: Black Male Feminists in Action de Charles H. F. Davis III publicado na Clutch Magazine em 10 de outubro de 2011. Acesse o texto original clicando AQUI

Feminismo masculino, e feminismo negro masculino em particular, são tópicos relativamente novos dentro dos discursos de gênero masculino-feminino. Com a crescente insatisfação e intolerância global por injustiça, especialmente à agora altamente visível opressão de mulheres e garotas, esta conversa é mais pertinente do que nunca.

Clutch previamente publicou um artigo sobre a aversão de um homem ao feminismo  (leia AQUI) e outro sobre a jornada pessoal de um homem em direção ao pensamento feminista (leia AQUI). Sendo assim, alguém poderia perguntar: “há ainda necessidade para outro artigo neste tópico tão cedo?” Sendo que desde a publicação de quaisquer dos artigos citados, nem depois da publicação deste, o comportamento opressivo masculino ou a adoção de auto-imagens negativas por mulheres e garotas se cessará, há certamente lugar para continuar esse diálogo.

Aqui são oferecidas algumas poucas reflexões sobre a minha epifânias em relação a idéias opressivas sobre masculinidade, pensamento negro feminista masculino e o meu próprio trabalho como o de colegas educadores de jovens homens negros. Nesse aspecto, este artigo espera não somente definir mais concretamente essa noção de pensamento [negro] feminista masculino, mas também lançar luz sobre porque ele é importante e o que esta idéia pode e deve se parecer na prática.

Enfatizar questões entre grupos e sub-grupos oprimidos é a tarefa do ativismo. Geralmente mal interpretado, ativismo não é meramente as muitas e várias vozes em primeira pessoa de vítimas assumidas falando sobre a posição daquelas vozes sendo articuladas por todas as pessoas em nome da humanidade. Isto dito, o feminismo para além dos mitos sensacionalistas do final dos anos 1960 e início dos 1970, muitos dos quais ostensivamente brancos, é uma forma de pensamento que apóia as vozes de mulheres mais do que silenciá-las em um mundo de dominação masculina. Por esta razão, e apoiado pelos recentes trabalhos de Deborah MacDowell e Michael Awkward, eu – um homem negro heterossexual – acredito que cabe aos homens negros tomar a responsabilidade de serem defensores e aliados das mulheres negras por uma justa percepção, enquadramento e tratamento das mulheres por nossos colegas homens, predecessores e contemporâneos.

Se incumbir do papel de defensor e aliado é uma ação participativa. Muitas críticas vindas da academia e blogosfera geralmente de maneira acurada sugerem que não há lugar mais para um “ativismo de armário” no século XXI. Eu, ocupando ambos lugares, tenderia a concordar que a maior parte da retórica sem agência – a intencional habilidade para intervenção e ação – está sujeita a debate. Tal como, o que ocorre na frente das mesas de comentadores, sábios, acadêmicos e escritores é tão importante quanto o que ocorre por trás delas. Para mim e vários outros homens, este é precisamente o trabalho no qual estamos engajados.

No final dessa semana estarei na Syracuse University para falar com a fraternidade dos homens de cor sobre humanidade e masculinidade. É minha esperança que através de nosso diálogo coletivo como homens nós possamos começar a desafiar e mudar nosso entendimento sobre não somente sobre o que significa ser um homem, mas também pessoas vivendo vidas válidas de se lembrar da oportunidade de mudar o mundo. Através do entendimento de questões de misoginia dentro da vida da faculdade e fraternidade e seus efeitos não somente sobre mulheres mas homens também, esses estudantes podem começar a agir. Este tipo de trabalho é imensuravelmente importante no que diz respeito a tarefa de auxiliar e assistir a desconstrução de masculinidades destrutivas – idéias e performances de masculinidade – muitas das quais oprimem diretamente mulheres. 

De workshops de larga escola como essa a conversas diárias com homens negros em meu campus, o trabalho de construir uma grande comunidade de homens negros progressistas está sendo feito. Não somente na área do feminismo masculino engajado, mas também nos tópicos de heterosexismo e homofobia; contudo, isto é outra conversa para outro dia. Similarmente a mim, a retórica e ação participativa com jovens homens negros e garotos de Jonathan Berhanu, Frank Harris, Tyrone Howard, David Ikard, Howard JeanDumi Lewis, Keon McGuire e incontáveis outros é um testemunho que meus esforços não são e nem deveram ser uma exceção.

Cada um de nós tem uma única chance de replicar a nós mesmos nas vidas dos outros. Em entender a longa história da dominação masculina, e resistência feminina/feminista a esta dominação, nós devemos compreender que a luta por igualdade e equidade nem começa nem termina conosco. Para estes jovens homens negros e garotos, sendo influenciado pelo contágio de uma idéia – construindo uma realidade melhor para esposas, mães, irmãs e filhas ainda não nascidas –, ótimos avanços podem ser feitos. Deixe este artigo de algum modo e em termos inequívocos re-inspirar esperança e fé para as mulheres negras saberem que elas não estão sozinhas; nós estamos com vocês e em oposição a todas as coisas que estão contra vocês. Nosso comprometimento como inovadores, educadores e motivadores é de criar novas gerações de “novos homens negros” de Mark Anthony Neal, os quais são conscientes do seu papel no avanço das mulheres como meios de avançar a si mesmos. O artista/ator Common nos lembra que, “quando nós diminuímos nossas mulheres nossa condição parece piorar.” Este é o nosso grito de batalha, que vitória possa ser conquistada.

sábado, 8 de outubro de 2011

O Menelick 2 Ato


Há tempos que eu venho reclamando da chatice que a Revista Raça se tornou (leia AQUI) e da falta de veículos de informação, seja na mídia escrita, televisionada ou virtual, voltados para um público preto, jovem, urbano e antenado produzido por gente do mesmo naipe.  Os grandes jornais e revistas ainda continuam com uma mentalidade retrógrada que estabelece uma representação de preto/as como não consumidores, pouco sofisticados e destituídos de demandas diferenciadas em relação a jovens de outros perfis raciais. Pois bem, “até agora você não disse nada de novo, Márcio Macedo”, a sua pessoa deve estar pensando. Infelizmente, é verdade.  Mas surpresas acontecem…

Ano passado, ao visitar o Brasil, peguei uma pequena revista informativa em algum show, loja de disco ou lançamento que fui em São Paulo. Sou daqueles que vai jogando as coisas na mochila e deixa pra ler depois. Apenas folheei a revistinha que mais se parecia a uma versão mais arrojada, bonita e bem produzida dos velhos fanzines. Mas eis que a dita cuja da revistinha se perdeu no meio da bagunça em que vivo em NYC e, a essa hora, deve estar jogada em algum canto de um depósito do Queens onde guardo minhas coisas durante as visitas de férias e/ou trabalho ao Brasilzão.  Mas coincidências também acontecem. No meio deste ano novamente em visita a terrinha peguei vários números da tal da revistinha em algum lugar de SP que não me lembro e depois fui presenteado com mais um exemplar da mesma por minha amiga Valéria Alves que assina um texto no último número de O Menelick 2 Ato: Brasilidades e Afins.
 

O nome é inspirado em um jornal - O Menelick – vinculado ao que se convencionou chamar de “Imprensa Negra” e que circulou em São Paulo nos anos 1910. Seu idealizador à época foi o poeta Deocleciano Nascimento. Atualmente, quem está por detrás da empreita do 2 Ato do Menelick é o jornalista e fotógrafo José Nabor Jr. que de 2007 a 2010 desenvolveu o projeto da agora revista impressa num blog homônimo.

Dos seis números lançados até agora devo ter uns quatro. A proposta do projeto é interessante justamente por não se fechar em nenhuma manifestação cultural ou artística específica, mas sim querer da conta do universo das manifestações culturais afro-brasileiras e da diáspora negra como um todo. Contudo, mesmo que esse seja o objetivo, pela leitura dos textos fica claro (ou escuro!) uma predileção por temas mais relacionados as manifestações negras da cidade e do estado de São Paulo, o que acho um ponto positivo da revista. Outro ponto visível ao folhear os números, obedecendo a sua cronologia, é um arrojamento e melhoria dos textos – assinados em sua maioria por jornalistas, artistas e cientistas sociais em geral – e do projeto gráfico.

  EDIÇÃO #06

Por outro lado, penso que ainda falta uma revista eletrônica negra decente e que seja alimentada diariamente por textos de diferentes escritores discutindo assuntos polêmicos, apresentando novidades, fazendo resenhas de livros, discos, exposições de arte além de explorar temas políticos relacionados a população negra e jovem sem a caretice de textos militantes. Um bom exemplo disso pode ser visto na revista Clucth (visite AQUI o site dos caras e leia AQUI um post meu sobre a revista). O Menelick 2 Ato segue um bom caminho, mas pode se expandir e melhorar ainda mais. Hoje à noite rola o lançamento do seu oitavo número em SP. Se você não tiver nada pra fazer e se interessar pela parada cola lá. Mais informações no flyer abaixo ou no blog O Menelick 2 Ato.

Muita Paz!

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Professor Derrick Bell (1930 - 2011)

 
 
Não vou falar de Steve Jobs (1955-2011), pois é covardia concorrer com os grandes jornais. Sem dúvida que o cara foi a grande figura do mundo dos negócios e tecnologia nos últimos 10 anos e, de alguma forma, mudou a forma como vivemos. Entretanto, ontem também faleceu nos EUA uma grande figura do movimento pelos direitos civis e do mundo acadêmico afro-americano: Derrick Bell (1930-2011). Bell (foto acima), assim como Jobs, foi vítima de câncer e faleceu num hospital da região Upper West Side de Nova York ontem à tarde. Ele foi o primeiro negro a receber um cargo vitalício de professor no curso de direito da Harvard University e, posteriormente, tornou-se o primeiro diretor da escola de direito da mesma instituição acadêmica. Mas Bell ficou também conhecido por seu ativismo, por rejeitar cargos de prestígio em favor de seus posicionamentos políticos e por ser um dos percusores do que viria a ser conhecido como critical race theory: um conjunto de estudos, inicialmente desenvolvidos na área do direito, que evidencia como o racismo é parte integrante da engrenagem de funcionamento de várias instituições.

Uma faceta interessante da perspectiva elaborada por Bell é o uso de "storytelling", ou seja, o uso de parábolas ou histórias para exemplificar ou reforçar pressupostos teóricos.  Mas isso ocorreu lá pelos anos 1970, muito antes que livros como It Was Like a Fever: Storytelling in Protest and Politics (2006), da professora de sociologia na University of California, Irvine, Francesca Polleta, fossem lançados evidenciando os usos políticos desse método que se disseminariam na política e no ativismo.

Nos anos 1990, o público americano não acadêmico teve um contato mais íntimo com o trabalho de Bell. O filme Cosmic Slops, produzido e lançado por um canal de TV em 1994, é uma trilogia de três pequenas histórias. A primeira delas é "The Space Traders", baseada num conto do livro Faces at the Bottom of the Well: The Permanence of Racism (1992) de autoria de Derrick Bell. Nela o autor descreve alienígenas que visitam o planeta e fazem uma oferta aos EUA: ouro suficiente para sanar o dívida nacional, uma porção química mágica que limparia céus e rios poluídos do país e uma ilimitada fonte de energia limpa e segura para substituir as já escassas reservas de energia da América. Em troca disso tudo, as criaturas pedem por apenas uma coisa: tomar posse de toda população negra dos EUA, que seria levada para o espaço. O governo norte-americano resolve convocar um referendo público para decidir sobre a oferta e... Veja o desfecho da história no filme que pode ser assistido por inteiro clicando neste link AQUI.  Lembrando que o título da película é baseado numa canção homônima do músico de funk George Clinton de 1973.

Um obituário mais completo de Bell, publicado pelo New York Times, pode ser lido AQUI.

Derrick Bell, rest in peace!