terça-feira, 25 de janeiro de 2011

457 Anos de São Paulo


 

Gostaria de estar em São Paulo hoje. Sim, um pouco por conta do feriado, mas sinto muitas saudades dessa megalópole cheia de problemas, mas também abundante em coisas agradáveis. Não posso me gabar de ser paulistano. Nasci em Limeira, cidade do interior do estado, e me mudei para a capital quando fui estudar na USP. Entretanto, desde criança sonhava em morar na "cidade grande". Isso ocorria por conta da influência de um tio já falecido chamado Messias (o nome já é sintomático de algo) que morava no fundão da zona leste paulistana. Messias, irmão mais novo de meu pai, havia migrado do sul de Minas Gerais para São Paulo no começo da década de 1970. Após poucos anos morando na Terra da Garoa, meu tio possuía um carro, uma casa própria e trabalhava numa indústria que produzia rodas para carros. Para uma família de negros cuja até aquela geração todos haviam nascido na região rural e poucos se quer completavam o ensino fundamental (naquela época, da primeira a quarta série), meu tio significava o sucesso em pessoa, pois incorporava os símbolos de status social  que o poderiam diferenciar do restante da família (um emprego estável, casa própria e carro). Toda vez que meu tio nos visitava no interior eu tinha oportunidade de passear de carro (algo que raramente fazia) e ver meu pai agindo de uma forma que quase nunca presenciava no cotidiano. Ele estava entre irmãos, podia deixar de lado seu ar contido e severo que exibiam austeridade e autoridade para os filhos e estranhos. Meu tio era alto, escuro, carismático e de riso fácil. Foi por influência dele que me tornei corintiano (não um dos mais devotados!) e ainda devo a ele meu amor pela cidade de São Paulo. Minha devoção e esse time e essa cidade já haviam sido antecipados numa foto do final dos anos 1970 em que eu, por volta dos meus cinco anos, estou no Viaduto do Chá vestindo um camisa do Timão. Minha melhor foto até hoje!

 

As duas fotos que ilustram esse post são da antiga Estação Rodoviária de São Paulo (demolida ano passado) que funcionou em frente a Praça Júlio Prestes entre 1961 e 1982 tendo sido construída na administração do prefeito Adhemar de Barros. O prédio foi alocado naquela área sem nenhum planejamento e foi em parte responsável pela deterioração dos seus arredores. Entretanto, o design do prédio, de arquitetura kitsch, sempre exerceu fascinação sobre mim com suas bonitas placas coloridas. Leia reportagem sobre a demolição do prédio clicando AQUI. A rodoviária velha foi a porta de entrada de São Paulo para meu tio, para mim e várias outras pessoas que hoje amam a cidade como se tivessem nascido nela.

PARABÉNS SÃO PAULO!

Muita Paz!