segunda-feira, 6 de julho de 2009
Thank You Jo Jackson!
Cientistas sociais são figuras treinadas para não falar obviedades ou repetir o que a mídia veicula, pois, se não fizermos isso, não garantimos nosso papel na sociedade e nem emprego. Até agora não me pronunciei sobre a morte de Michael Jackson, já que tenho sentido certa repulsa pela onda de hipocrisia que se seguiu a sua morte. Até bem pouco tempo, absolutamente ninguém falava algo de MJ se não estivesse relacionado a sua falência, aparência estranha, seus hábitos idiossincráticos e, enfim, sua vida controvertida. A música, aquilo que levou MJ a posição que ocupava no mundo das celebridades, era o último assunto que valia a pena discutir.
Sempre fui um fã de MJ e nunca deixei de ouvir suas canções. Por ser seu fã, gostaria de fazer uma provocação. Devemos agradecer a Joseph Jackson por nos dar MJ, não biologicamente, mas do ponto de vista artístico e empresarial. Genialidade inata não existe, lição básica para qualquer sociólogo, antropólogo e psicológo que não tenha fugido dos cursos básicos de sua área. Genialidade e/ou dom, na verdade, é resultado de muito esforço e aprendizado adquiridos prematuramente. Basta ler o trabalho esplendido de Norbert Elias (1897-1990) sobre a vida do músico Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), Mozart: Sociologia de um Gênio, para perceber como os pais dos gênios tem um papel central na formação de seus filhos. O pai de Mozart era um músico de corte que ensinou música a toda a família. Mozart foi um músico prematuro que na idade de 6 anos era tido como menino prodígio apresentando-se com o pai de corte em corte além de compor números que fariam qualquer músico adulto ficar de cabelo em pé. Contudo, nada disso era natural ou inato. Pelo contrário, Mozart, não mais que uma criança, era exposto a uma rotina diária rígida de aulas e ensaios exaustivos que roubaram sua infância.
Tenho visto a mídia e muitas pessoas crucificarem a figura Joseph Jackson devido ao tratamento duro que o pai dava aos filhos e em especial a MJ. Okay, falem o que quiser do homem, mas não fosse ele, MJ não existiria. De qualquer modo, gravadoras, jornalistas e outras pessoas ligadas ao mundo do entretenimento estão rindo à toa com a morte de MJ. O maior e, possivelmente, último megastar pop ainda renderá muita linhas em páginas de biografias, cenas de filmes e documentários além de seus discos que passarão a vender maciçamente sobre a auréa mágica de alguém que nasceu, viveu e morreu de forma singular, algo que ajuda ainda mais a mistificação de sua personalidade. Mas MJ era um ser humano como qualquer outro, produto de relações sociais, de uma sociedade e uma época. A única coisa que nos resta a fazer agora é desejar que o mesmo descanse em paz depois de toda a alegria que nos presentou em forma de música. Mas sem Jo Jackson nada disso seria possível! Michael Jackson, thank you for everything and rest in peace...
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8 comentários:
Concordo que os pais tem papel essencial no despertar desses "gênios" precoces, mas é preciso lembrar que criança só quer ser criança...
E não há nada que justfique um pai convocar uma coletiva para falar, em nome da familia, sobre o velório do filho e a primeira frase ser "estou abrindo uma gravadora,vamos lançar novos nomes etc"...
Joe Jackson parece com esse ato estar mesmo reverenciando e confirmando as críticas a seu papel de "pai" ...
Acho que tanto Michael como Wolfgang sofreram consequencias em sua formação de uma falta de delicadeza e respeito desses pais que queriam formar gênios, ou por sobrevivência financeira ou por vaidade mesmo...
Bjkas
Kibe, é mesmo triste ter que ouvir toda essa avalanche de críticas quando se gosta tanto do som. tudo bem, podem dizer o que quiserem, mas eu sou louco pelo som dos J5 e da primeira fase de MJ e, pelo fato do velho Joe ter um grande mérito por tudo isso ter acontecido, me deixa meio irritado ouvir tantas críticas. Já não basta ouvir críticas por lamentar a morte do Michael... Tudo bem que o garoto ao qual adimiro tenha morrido há um bom tempo, mas as canções não morreram e essas eram dele.
See yá, man
Abraços
Eu aprendi a gostar do MJ por causa de você e da primogênita que ouviam muito quando eu era criança...Aliás se eu tenho um estilo musical ruim, ou bom os méritos e as críticas são voltados todos à você e a sua irmã. Não de canso de ouvir as músicas dele!!!
lembro com orgulho nos meus 8 a 10 anos de todas as festinhas que ia, sempre me pediam pra dançar como ele,mas acho que o Michael seria de qualquer maneira o astro q ele é hoje, penso que o pai dele apenas ajudou a ser regrado com a dança, embora se assistirmos alguns clipes do J5, você já percebe que já com seus 8, 9 anos, Michael já lidera o grupo, já passa a ser tudo voltado a ele...
Genialidade inata não existe! Vc resolveu a questão! parabéns. Prêmios nóbeis já estão a caminho... Aguarde... Legal que psicólogos, antropólogos e sociológos aprendam isso já no curso básico. Pena também que nenhuma dessas áreas tenha algo a ver com estudos sobre hereditariedade e formação de seres vivos...
Ser contra a Sociolobiologia e a Psicologia evolucionista é uma coisa, decretar (estamos diante deuma fatwa?) que genialidade inata (que eu suponho ser, no seu texto, uma capacidade de fazer coisas bem. Em potência, claro, não em ato) inexiste, ora, é, digamos, que todo mundo, se bem treinado pode ser um Pelé.... Uma descoberta dessas vai certamente mudar a cara dos esportes , das artes, etc. è só esperar (sentado) para ver, meu caro Kibe
Eu acho que ele tinha, sim, um talento inato. Não fosse isso, teríamos não somente o fantástico Micheal Jackson, mas também os extreordinários Jermaine e Tito. Joe teve influência fundamental na formação de Micheal Jackson, e assim fez, provavelmente, porque percebeu que somente um de toda a sua prole poderia atingir o nível artístico de excelência.
Prezada Andrea,
Jo Jackson é um filho da puta mesmo, mas, em minha opinião, é o grande responsável por Michael Jackson. Você tem razão nessa parada de que MJ ter perdido a infância por conta do sucesso prematuro. Entretanto, tudo tem um preço, né?! Na caso de Mozart a crítica não se aplicaria - não estou dizendo que você a fez - uma vez que a concepção de infância era bem distinta, crianças eram adultos em miniatura. Algo que é comum tanto a MJ como Mozart é que ambos eram, de certa forma, adultos meio infantilizados e sofreram as consequências disso a partir de seus atos.
Prezado Ari,
O que eu escrevi foi que "genialidade e/ou dom, na verdade, é resultado de muito esforço e aprendizado adquiridos prematuramente". Acho que as duas últimas palavras resumem o meu argumento. Não é à toa que estou fazendo uma comparação entre Mozart e MJ. Gênios tem traços singulares, mas sou reticente em dizer até que ponto essa singularidade é inata.
Abraços,
Márcio Macedo (Kibe)
Eu também sou extremamente reticente, apenas não dá para afirmar categoricamente, nessa altura do campeonato, que não há qualidades inatas (em potência, quer dizer que precisam de ambiente para florescer). O que vc disse SIGNIFICA que qualquer criança treinada igual pode virar um Wacko Jacko. Isso, meu amigo, mudaria a HIStory do mundo....
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