Divertidíssima a entrevista do antropólogo Roberto DaMatta dada ao blog Máquina de Escrever de Luciano Trigo. O intelectual está lançando um livro de crônicas, Crônicas da Vida e da Morte, reunião de textos escritos para jornais, numa quinada da antropologia para a literatura. Aliás, meus/minhas amigo(a)s antropologo(a)s me corrigam se estiver equivocado, mas todos vocês são cientistas sociais que desejavam ser escritores? Recentemente, me encontrei na Columbia University com um amigo antropólogo referência nessa área no Brasil e que acabara de se aposentar. Ao indagá-lo sobre o que ele viria a fazer agora que estaria livre das obrigações acadêmicas, sua resposta foi clara: escrever literatura.
Nós, sociólogos, que ingenuamente almejamos a cientificidade, não queremos ser escritores, mas cientistas (estou morrendo de rir, nesse momento!). Basta ler o livro de Wolf Lepenies, As Três Culturas, um clássico da sociologia da cultura, para entender os embates entre sociologia e literatura e o esforço da "biologia social" em se firmar como ciência que tinha proeminência em refletir/falar sobre a sociedade. E que cientista social não conhece a famosa piadinha da ciência política?!... Se fosse mesmo ciência, não haveria necessidade de colocar "ciência" no nome!
Mas voltando a DaMatta, sua entrevista é realmente engraçada. Ele parece estar mal-humorado e é bem sintético nas respostas. As partes que mais gostei seguem abaixo:
"G1: Como avalia a versão brasileira das ações afirmativas, sobretudo a política de cotas nas universidades?
DAMATTA: Complicada, mas necessária. Não agüento mais ver elites brancas no Brasil, ainda que saiba muito bem que o preto e o branco, como tudo o mais, são relativos no Brasil.
G1: Numa crônica recentíssima, Arnaldo Jabor escreveu que já aconteceu no Brasil uma “revolução parda”, um empobrecimento generalizado, hoje evidente mesmo na outrora dourada Ipanema. Ele lembrou Vinicius, que dizia que o Brasil seria feliz quando virasse uma grande Ipanema, mas aconteceu o inverso: Ipanema virou o Brasil. Entre a utopia de Vinicius e o Brasil pardo, pobre e violento de Jabor, qual seria um horizonte viável?
DAMATTA: Prefiro falar do meu livro que do Jabor."
Nós, sociólogos, que ingenuamente almejamos a cientificidade, não queremos ser escritores, mas cientistas (estou morrendo de rir, nesse momento!). Basta ler o livro de Wolf Lepenies, As Três Culturas, um clássico da sociologia da cultura, para entender os embates entre sociologia e literatura e o esforço da "biologia social" em se firmar como ciência que tinha proeminência em refletir/falar sobre a sociedade. E que cientista social não conhece a famosa piadinha da ciência política?!... Se fosse mesmo ciência, não haveria necessidade de colocar "ciência" no nome!
Mas voltando a DaMatta, sua entrevista é realmente engraçada. Ele parece estar mal-humorado e é bem sintético nas respostas. As partes que mais gostei seguem abaixo:
"G1: Como avalia a versão brasileira das ações afirmativas, sobretudo a política de cotas nas universidades?
DAMATTA: Complicada, mas necessária. Não agüento mais ver elites brancas no Brasil, ainda que saiba muito bem que o preto e o branco, como tudo o mais, são relativos no Brasil.
G1: Numa crônica recentíssima, Arnaldo Jabor escreveu que já aconteceu no Brasil uma “revolução parda”, um empobrecimento generalizado, hoje evidente mesmo na outrora dourada Ipanema. Ele lembrou Vinicius, que dizia que o Brasil seria feliz quando virasse uma grande Ipanema, mas aconteceu o inverso: Ipanema virou o Brasil. Entre a utopia de Vinicius e o Brasil pardo, pobre e violento de Jabor, qual seria um horizonte viável?
DAMATTA: Prefiro falar do meu livro que do Jabor."
Leia o resto no blog Máquina de Escrever
Muita paz!
5 comentários:
DaMatta, o cachorrão da ANPOCS.
Ciências da Computação não são ciências?
Uau uau, segura o DaMattão!
Ari, ciências da computação não são apenas "ciências" como os profissionais dessa área ganham mais que filósofos e "cientistas" sociais! Você tem alguma dúvida disso?
Kibão, você leu o Tocquevilianas dele? são ensaios sobre os EUA. Eu queria ler...
Não li não, Rapha! Quero dar uma xeretada também. Tenho uma amiga da USP que durante a graduação fez um intercâmbio com ele na Notre Dame University. Segundo ela, o cara é uma figura...
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