segunda-feira, 6 de julho de 2009

E a USP, hein?!


As cenas que foram veiculadas pela imprensa brasileira em 9 de junho expuseram uma faceta triste da educação superior atual no Brasil: jovens universitários e PM de São Paulo entrando em confronto dentro do campus universitário da Universidade de São Paulo na capital do estado. Muito se falou sobre esse ocorrido e acompanhei as notícias e comentários através dos jornais locais e de alguns blogs. Contudo, algo que me chamou a atenção foi a cobertura feita pelo jornalista José Luiz Datena em seu programa Brasil Urgente. Nem preciso dizer que esse senhor presta um grande desserviço ao jornalismo brasileiro com seu programa esdrúxulo que segue a fórmula vulgar, grosseira e já gasta de cobertura lançada pelo extinto Aqui e Agora no SBT. Enquanto as imagens eram mostradas ao público Datena gritava: “A USP tem tudo! Pra que isso? Vão estudar! A USP tem tudo!”

A declarações do ilustre apresentador – que deveria, com todo respeito, voltar a cobrir jogos da terceira divisão do campeonato paulista de futebol no interior de São Paulo – são no mínimo equivocadas, mas sintetizam o que a parte considerável da população paulista pensa sobre a Universidade de São Paulo. Do alto dos seus 75 anos a USP é a instituição educacional de nível superior tida como a menina dos olhos da elite paulista, mas ao mesmo tempo é uma grande incógnita para a população pobre. Muitos indivíduos pertencentes as classes pobres encaram a mesma como um simples reduto de “playboys”, como se diz na periferia. Mas o que é a USP, afinal? Tudo isso e mais um pouco, eu diria!

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(Praça do Relógio, campus SP)

A greve terminou, mas o que mais me incomodou na cobertura da mídia sobre a paralisação da USP foi a ausência de análises que estabelecessem vínculos da situação da universidade com os contextos local e global da educação superior. Venho escrevendo esse post desde minha estada no Brasil no último mês, de modo que, tive tempo de conversar com professores e visitar o campus da capital uma semana após o conflito com a polícia. Nos próximos textos tentarei, de forma sumária, levantar discussões que buscam estabelecer essa relação e evidenciar o impasse pela qual todo ensino superior brasileiro vivencia. Aguardem!

5 comentários:

Ari disse...

Pois é, a reitora pisou feio na bola. Chamar Políciua na Universidade é absurdo, tosco. Mas, sabe, em Teerã a universidade foi invadida e estudantes foram mortos, e não ouvi um pio do pessoal "mobilizado" da USP. Lá pode? Não, e nem aqui...
Ademais, vc sabe tão bem quanto qualquer um que "greve " na USP é na FFLCH, restaurante, Prefeitura Universitária, Creche e transporte. O resto continua funcionando igualzinho... Tem sempre algo estranho em greves assim....
Só não entendi a coisa daquele monstro moral da televisão. Não precisa ficar cheio de dedos falando daquele sujeito escroto...

Márcio Macedo disse...

Okay, se você autoriza, Ari, eu vou com fé: O datena é escroto! ...hahahahaha...

Márcio Macedo disse...

Porra, Datena saiu até com letra minúscula!!! ...hahahahahaha...

Lu disse...

É a Usp é um biscoito fino de pouco mais de 70 anos...Poucos podem provar o sabor e quem prova sente doce e a amargura...E os que nunca provaram...Sonham...
Sempre dou um passadinha nestas páginas bem humaradas e inteligentes...
bjussssssss

Márcio Macedo disse...

Querida Lu,

Na sequência virá mais posts sobre a USP.

Obrigado pela leitura do blog! Seja sempre bem-vinda a minha maloca virtual/intelectual. Vi os seus escritos sobre o cotidiano escolar e o desafio de ser professor num país que valoriza cada vez menos a educação pública. Conheço um pouco dessa realidade uma vez que trabalhei durante dois anos como capacitador de professores da rede pública de SP e minha irmã é professora. É f..., mas assim como na f..., há prazer no ato de ensinar!

Beijos,

Márcio/Kibe