quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Prince: o show!

Vocês já sabem: fui no show do Prince na última segunda. Não havia nada programado até a terça da semana passada. Minha amiga Elizabeth simplesmente me enviou um email me informando sobre o show, perguntando se eu queria ir e dizendo que compraria os ingressos mais baratos de US$ 30. Na segunda à tarde peguei o trem 1 sentido uptown. Liz mora no Bronx e combinamos de jantar num local próximo a Columbia University. No cardápio, o rango predileto de minha truta: comida etíope.  Toda vez que vou nesse restaurante tenho a impressão de que a graça de comer com a mão é mais interessante do que a comida etíope em si, mas vale a experiência. Se você colar por lá uma vez, sugiro também experimentar uma das cervejas da terrinha (eles geralmente tem umas quatro ou cinco marcas disponíveis) além do vinho de mel. Para sua informação o nome do restaurante é Awash e há uma unidade em uptown e outra no East Village.

Trem 1 local na rua 106, baldeação para o trem 3 expresso na rua 96 e em vinte minutes estamos no Penn Station que fica praticamente quase no mesmo prédio do Madison Square Garden na rua 34.  O show estava marcado para ter início às 7:30 com a apresentação de CEE Lo Green, que iria abrir para Prince. Chegamos pontualmente às 7:30... Na bilheteria para pegar os ingressos.  Depois de quase meia hora de espera conseguimos pegar os ingressos reservados com o nome de Liz. Depois de várias escadas rolantes chegamos ao nono andar do MSG, o local reservado aos nossos ingressos de míseros US$ 30 (lembre-se, o mais caros custavam US$ 700 e com um desse você teria a chance de beijar o sapato plataforma de Prince). Ao abordamos a senhora negra que recolhia os ingressos a primeira má notícia da noite: a apresentação de Cee Lo Green havia acabado de terminar. Lis, sua amiga que nos acompanhava e eu nos entreolhamos desconsolados. Mas o consolo veio em seguida. A senhora negra de cabelos alisados olhou furtivamente para nós e nos perguntou se queríamos sentar em outro lugar. Elizabeth ficou espantada e perguntou se os outros lugares eram melhores do que aqueles de nossos ingressos (daquele lugar, o palco parecia uma formiga num mar de areia) e a resposta da funcionária foi efusiva: “Much better!” 
 
Eis que saímos do nono andar e fomos para o sexto. De ingressos de US$ 30 pulamos para lugares cujo o ingresso deveria custar no mínimo US$ 100 e bem de frente com o palco. Eu ainda não conseguiria beijar a bota de Prince ou xavecar alguma das deliciosas backing vocals dele, mas estávamos melhorando. A noite prometia... O baixinho entrou no palco pontualmente as 8:30 com uma energia de fazer inveja a qualquer tiozão quinquagenário. Sim, ele já passou da casa dos cinqüenta, mas aparenta ter 30 com a melanina vinda de sua origem negra (lembre-se, "black don’t crack!"), todas as plásticas, botox e sei lá mais o que... Talvez o fato de estar sempre cercado por mulheres também ajude! Pois bem, Prince cantou, pulou, gritou, subiu em cima do piano (depois de tocá-lo!), tocou guitarra como se estivesse fazendo amor com ela, fez  vários daqueles malditos milionários que pagaram os US$ 700 que eu não tinha subir no palco e dançar e mandou gente para fora do palco de forma ríspida. Quem se importa, ele é Prince, caralho! Aliás, um dos momentos mais engraçados foi quando ele ordenou que uma de suas backing vocals fosse a platéia e trouxesse alguém para dançar com ele. Na primeira, a backing vocal trouxe uma tiazona que não conseguia nem mesmo dar um passinho para esquerda e outro para direita. Prince tentou uma, tentou duas e na terceira parou, pegou o microfone e gritou rispidamente: “GET OUT OF MY STAGE!” Todo o público, de um Madison Square lotado, rachou de rir e júbilo. Pois bem, poucos minutos depois a backing vocal volta com nada mais nada menos do que a celebridade Kim Kardashian (foto abaixo, tirada na noite do show). Usando salto alto e um vestido colado no corpo que marcava a sua bunda nada pequena (aquilo no telão era uma "coisa" absurda!), Kardashian foi outra que, mesmo dotada de um corpinho maravilhoso, não conseguiu balançar o esqueleto. Conclusão: “GET OUT OF THE STAGE!”... O mais engraçado foi que Prince nem se importou com quem era e despachou a celebridade dotada de "abundância" de forma ríspida. Confesso que fiquei triste, não reclamaria de ver Kardashian mais alguns minutinhos do telão tentando mexer o bundão que Deus lhe deu!  Na sequencia Prince e a backing vocal, uma pretona gordelícia, deram um showzinho mostrando como se deveria dançar o funk!

Mas o show era Prince e ele sabia disso. As músicas não paravam e a mistura entre sucessos antigos com canções mais recentes era equilibrado.  O público todo cantou Purple Rain como se fosse musiquinha de jardim de infância, casais se abraçavam se beijavam quando veio Nothing Compares to You (deu vontade de abraçar uma pretona que tava do meu lado, mas o negrão dela dava dois de mim!) e, definitivamente a platéia veio abaixo e todo mundo dançou feito louco (inclusive essa pessoa que lhes escreve!) quando o baixinho soltou a vozeirão e cantou When Doves Cry. Logo depois Prince chamou Cee Lo Green e rolou uma performance muito doida de Crazy na qual Prince tocou guitarra incorporando Jimi Hendrix (assista logo abaixo via celular de um truta). Sim, rolou o momento de clássico de colocar um povo no palco e transformar a parada num salão de baile, lá estavam Chris Rock e a esposa, Kim Kardashian jogando o bundão pra lá e pra cá e várias outras celebridades que não conheço. Tinha até um negrão  de terno rosa, cachecol verde e sapatos de veludo vermelho que estava bem na nossa frente na fila para pegar os ingressos e que eu tenho certeza que não pagou US$ 700 para ficar na beira do palco. Ou seja, devia ser um desses famosos “negrões conversinha” (como dizemos no Brasil!) ou hustler como chamam por aqui.  Enfim, Prince fez um show de exatas duas horas e meia. Absolutamente incrível! E o tempo todo percebia-se que ele estava se divertindo horrores ao ponto de em determinada altura soltar no microfone um “It’s a fucking good show!"



Depois de terminada a apresentação e caminhando em direção a saída do MSG voltei a notar algo que eu e Elizabeth havíamos discutido quando estávamos na fila esperando por nossos ingressos: a diversidade do público tanto em termos de raça como idade. Havia velhos e jovens, brancos, negros, asiáticos e latinos. Ou seja, Prince é mesmo um astro pop que quebra barreiras que parecem às vezes parecem intransponíveis na sociedade norte-americana. Acho que só Michael Jackson era outro ídolo pop capaz de reunir um público com tamanha diversidade.

Voltei para o trem 1 indo em direção ao Spanish Harlem, no aniversário de meu truta Eli Efi, ex grupo DMN. Mas ainda no vagão do metrô, lotado somente de gente que havia assistido ao show, as palavras de Prince ainda ressoavam via boca das pessoas obviamente em outros termos. Mas no fundo no fundo, somente para elas próprias, acho elas pensavam e se expressavam como ele havia dito: “It [was] a fucking good show!”  Ouça então When Doves Cry logo abaixo pra fechar esse post relembrando do baixinho poderoso.

Muita Paz Muito Amor!