domingo, 2 de agosto de 2009

Só Falta Inteligência...

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Não conhecia Danilo Gentili até há algumas horas atrás. Porém, depois de um email de uma amiga e uma rápida pesquisa na Internet descobri uma pequena biografia do rapaz: "Danilo de Almeida Cardoso Gentili (Santo André, 27 de setembro de 1979) é um publicitário, humorista, escritor, cartunista e repórter brasileiro. Faz parte da nova geração de humor, a da stand-up comedy, tendo recebido críticas positivas tanto da imprensa como do público. Foi convidado em 2008 para participar do programa de humor CQC."

Desde semana passada o jovem comediante se meteu numa polêmica ao fazer uma piada que circulou via Twitter. “King Kong, um macaco que, depois que vai para a cidade e fica famoso, pega uma loira. Quem ele acha que é? Jogador de futebol?” Várias críticas surgiram e Gentili escreveu um texto em seu blog se defendendo. Intitulado Um Post Racista, nele o humorista afirma seu direito de fazer piadas sobre quem bem entender, que o politicamente correto é um entrave ao humor e o que problema do racismo é, de certo modo, resultado da ação daqueles que insistem em separar a humanidade em "raças". Na verdade, de acordo com o comediante, existiria apenas uma "raça": a humana. Hélio de La Peña escreveu um texto que levava o título A Coisa Ficou Afrodescendente Para o Humor Negro e onde o humorista negro do grupo Casseta e Planeta faz um meio de campo com a polêmica relacionada a piada Gentili. Penha fecha o artigo e resume seu argumento da seguinte forma: "Acho exagero imolar o humorista em praça pública. Processo é bobagem. Danilo não apontou o dedo na cara de nenhum preto e disse 'olha aqui, seu macaco.' Ele fez uma piada, quem não gostou expôs sua opinião. Eu não gostei. E só."

Parafraseando Peña no início de seu texto, eu, "enquanto representante [de uma nova intelectualidade] negra, black ou afrodescendente" também "resolvi pôr a mão nessa cumbuca quente". Vamos aos fatos. De humor não sei dizer, mas de relações raciais Gentili não entende absolutamente nada. La Peña, por sua vez, perdeu a chance de fazer uma profunda análise crítica do seu métier.

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Primeiramente, a noção de "raça" que se usa no debate entre intelectuais, pesquisadores e ativistas não faz referência a uma noção biologizada da mesma como a utilizada em cães ou gatos e referida por Gentili. Raça aqui diz respeito a um construto sócio/político/histórico que que é responsável pela distribuição de bens sociais, materiais e simbólicos de forma desigual ou igualitária na sociedade. Um exemplo: mulheres brancas são, de forma genérica, socialmente mais valorizadas do que mulheres negras. A mesma idéia que se aplica a raça pode ser utilizada, guardadas as devidas proporções e peculiaridades, para os conceitos de gênero (masculino/feminino) e orientação sexual (homo, hetero e bissexual). Além disso, todas essas categorias sociais também são responsáveis por construções identitárias que levam a manifestações de grupo, sentimentos e até desejo. Por fim, faço uma sugestão a Gentili. Já que ele se vê no direito de fazer piada com quem bem entender, que tal uma utilizando judeus, nazistas e o holocausto? Há alguma dúvida de que a comunidade judaica não se mobilizaria no sentido de processar o comediante numa situação dessas?

Assim sendo, as duas perguntas centrais que devem ser feitas são: é possível conceber um humor livre de estereótipos? A culpa da baixa qualidade do humor brasileiro atual ou de seu declínio nos últimos anos é realmente do politicamente correto?

Dias atrás assistia a alguns quadros da TV Pirata - assista vídeo abaixo -, programa que foi ao ar no início dos anos 1990 e é anterior ao estabelecimento com força do politicamente correto. É difícil imaginar um programa com aquele tipo de humor escrachado na TV brasileira atual uma vez que o mote das piadas eram, em sua maior parte, negros, gays e mulheres. O que aconteceu foi que com a emergência dos movimentos sociais desses grupos nos anos 1970, 1980 e 1990 as representações estereotipadas dos grupos passaram a ser questionadas. Não dá mais para afirmar qualquer coisa e se achar imune a críticas e até mesmo processos. Entretanto, o humor no Brasil continua se nutrindo de velhos estereótipos que nada mais são do que idéias equivocadas que surgem no senso comum associando pessoas/grupos a características negativas. Exemplos: mulher dirige mal, judeus são sovinas, loiras e portugueses são burros, negro é bom de cama etc.



A culpa da baixa qualidade dos programas de humor no Brasil não é devido a existência do politicamente correto, mas da falta de inteligência e criatividade dos nossos comediantes que não buscam formas alternativas e antenadas de humor. O politicamente correto nada mais é do que a tentativa de estabelecer um respeito mútuo entre mais diversos grupos que compõem a sociedade civil e que exibem diferenças dos mais diversos tipos. A diferença (seja ela racial, de gênero ou orientação sexual) não pode e nem deve ser entendida como algo negativo e muito menos colocada numa perspectiva hierarquizada. Sendo assim, a pergunta que fica é: que humor fazer?

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Nos EUA há alguns exemplos de programas novos como Curb Your Enthusiasm, cujo produtor e principal personagem é o criador de Seinfield, Larry David. No geral, o esquema do programa segue a linha já consagrada pelo diretor Woody Allen - foto acima - em seus filmes: situações inusitadas vividas por um judeu/americano que vive uma constante estranhamento da sua própria cultura/nação. Isso se configura numa alternativa uma vez que são judeus ironizando sua própria condição de judeus e na sua relação com outros grupos. O mesmo esquema é seguido por comediantes do nível de Chris Rock, de longe o melhor humorista negro na atualidade. Ano passado assisti o seu show no Apollo Theater justamente numa sessão em que o mesmo estava sendo gravado para ser exibido no canal HBO sob o título de Kill The Messenger. Rock é um showman que consegue dominar a platéia sozinho fazendo piadas sobre relacionamento, relações raciais e sexo de forma inteligentíssima. Uma das suas piadas preferidas é justamente sobre a discussão a respeito de quem tem o direito de usar o termo nigger: termo pejorativo pelos quais os negros eram chamados pelos brancos no passado, mas que nas últimas décadas foi incorporado ao linguagar de rappers e da juventude negra. Assista ao vídeo abaixo onde Rock satiriza um corte de cabelo sem cair no senso comum.



Essa mesma tendência pode ser percebida em outros shows humorísticos onde comediantes assumidamente gays ou mulheres se auto-satirizam e ironizam situações vividas nas relações com outros grupos. Isso não significa que essa espécie de humor está livre de críticas. Vários intelectuais e ativistas negros tem se postado contra as representações da população negra exploradas nos quadros de comediantes negros ou presentes em muito sitcoms da BET, um canal de TV de temáticas negras voltado para a população afro-americana. A representações que são criticadas são aquelas que associam os negros à criminalidade, sexualidade exacerbada, desestruturação familiar e satirizam negros gays.

Outro exemplo de via alternativa é o humor político visto no programa de Jon Stewart The DailyShow With Jon Stewart. Entretanto, as piadas de Stewart só fazem sentido para um público muito específico: progressista, educado, leitor de jornais, interessado em política e morador de grandes cidades.

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Pois bem, fazer humor hoje em dia é para gente muito inteligente, antenada e com jogo de cintura para não se queimar nos perigos do que pode/ou não pode e como deve/ou não deve ser dito ou satirizado. Um bom exemplo ao que me refiro, pode ser visto no quadro exibido na TV Pirata há muitos anos atrás e com o qual eu fecho esse post. Há aqui uma junção entre humor e perspectiva crítica que demonstrava o quanto os comediantes estavam sintonizados com as mudanças que a sociedade passada à época. É desse tipo de humor que estamos em busca, algo que faça pensar e rir ao mesmo tempo sem cair na receita fácil do uso do estereótipo.

PS: obrigado à Vera Rodrigues pelo email e por me colocar a par da polêmica!


12 comentários:

Curso de História - Miguel Maluhy disse...

Acho que a palavra chave é jogo de cintura. Humor sempre vai depender dos estereótipos, o segredo é como trabalhá-los sem que tenha um resultado bizarro como o desse garoto.
Abraço!

C. disse...

Não acredito nessa ligação inexorável entre humor e estereótipo sexual e racial, ou étnico, como dizem os mais carolas. Mesmo porque, senão, a gente não riria ali na mesa do boteco acompanhada de amigos queridos discorrendo acerca de futebol, música, filosofia, política, mídia impressa, ciclo reprodutivo das borboletas amarelas do Azerbaijão; é ou não é?
Esses nossos comediantes me parecem uns sujeitos tão bestas! E penso aqui tanto nos caras do Casseta e Planeta quanto nesses meninos do CQC (não suporto o Marcelo Tas desde a época em que ele fazia aquelas piadinhas sexuais sobre a Marta Suplicy - e não que eu seja defensora dela, hã?). Na minha opinião, humor refinado é aquele que revela as seculares relações de opressão das quais somos sócios desde Gregório de Matos, por exemplo. E antes.
E, de repente, acredito que gente feito o tal Gentili ou o de la Peña trabalha justamente pra dizimar essa espécie de humor... "negros opressores em qualquer parte do mundo não são meus irmãos", escreveu Solano Trindade. Tô dentro e não abro.

Verare disse...

Essa aliança, quase "natural", entre humor e estereótipos merece ser repensada. No mais, Kibe, tu meteu a mão na cumbuca de forma inteligente, bem diferente do Gemtili!
Abração,

Anônimo disse...

kibe, respondendo a este post e ao comentário do post do mussum:

realmente o estereótipo de nordestino é invertido no programa e o didi sempre se dá bem.

Sobre a relação entre o humor e o politicamente correto - não concordo com pensamento que se disseminou bastante de que politicamente correto causou o declínio do humor nos anos 90. Como você aponta houve o abandono da criatividade e inteligência. E me parece bastante racionário este abanono.

Um humor como o da TV Pirata critica o estereótipo do macho e a repressão da identidade negra. Com o avanço dos movimentos sociais feministas e negros, este humor caiu de moda. Mas os dois fenômenos - o estereótipo do macho e a repressão da negritude - continuam presentes. E não temos mais um humor que os denuncie.

Por um outro lado o humor continua politicamente incorreto e usando de estereótipos. MAs utiliza um falso verniz bom moço para afirmar interesses particulares. Há um programa da rádio Jovem Pan, "O GRande Molusco" que chama o Lula de ignorante em todas as piadas. E a Zorra total usa e abusa de piadas com funcionários públicos e políticos corruptos e ineficientes. E o personagem da Lady Katy usa um estereótipo - prostituta que casa com um senador, tem o dinheiro, mas não tem o estilo e a pose. Daí o bordão "eu to pagano". E mesmo pagando ela é mal tratada. Poderia apontar preconceito lingüístico contra os pobres neste quadro.

MAs o meu ponto de chegada é o seguinte - me parece que as pessoas riem do que é socialmente engraçado. Estou parafraseando o Peter Fry citado em sua resenha do livro da Laura Moutinho (http://newyorkibe.blogspot.com/2009/05/conheco-laura-moutinho-ha-exatos-10_29.html).

Só que os programas humorísticos estão construindo o socialmente engraçado, com interesses políticos privados disfarçados de interesse coletivo. Faz-se piada com juízos do valor que são senso comum - a falta de diploma superior do presidente, a morosidade do serviço público e a corrupção dos políticos. Ao mesmo tempo reforça-se o senso comum favoravelmente as privatizações, por exemplo.

Houve um senso comum anti-gays e anti-negros explicitamente mostrado em programas humorísticos. Ele foi atacado e saiu do ar, supostamente em nome da diversidade e da democracia. Os programas procuraram temas menos espinhosos, mas mantém sua posição conservadora. O que se comprova pelo fim de um humor crítico (TV Pirata) e a manutenção de um humor imbecil (o de Danilo Gentili) sob a mesma desculpa: o politicamente incorreto entravou tudo.

Se tivesse entravado mesmo, o Casseta e Planeta não teria afirmado que "Lewis Hamilton ganhou o campeonato de Fórmula 1 pelo Sistema de Cotas" (http://video.globo.com/Videos/Player/Entretenimento/0,,GIM906755-7822-PIADA+DE+ULTIMA+HORA,00.html). É que é possível e desejável falar mal das cotas.

Me parece que esta guinada do humor nos anos 90 é uma nova estratégia do poder para manter os seus interesses.

Mojana disse...

O que mais me incomoda nessa história toda é que um cara absolutamente inexpressivo como o Danilo Gentili acabe sendo alçado ao posto de porta-voz da lucidez contra o chamado "racismo ao contrário" praticado pelos negros, conforme tenho visto em alguns veículos de imprensa. Do meu ponto de vista, esse cara está abaixo da crítica.
Penso que humor lida e deve mesmo lidar com aquilo que é socialmente incômodo, desajustado e embaraçoso, utilizando para isso a inteligência necessária para tratar desses temas. Os diversos estereótipos que temos na sociedade são parte desse conjunto de elementos incômodos e acho que os humoristas podem e devem fazer uso desse material, de preferência, trabalhando-os de forma crítica e criativa, coisa que está bastante em falta.
Embora todos sonhem com um sociedade sem estereótipos, não sei se isso é realmente possível. Todos nós temos preconceitos diversos em relação "ao outro", seja o negro, branco, asiático, homossexual, o que quer que seja. Quem aqui nunca riu de uma piada de português? Ou de loura burra? E com relação a estrangeiros, ninguém aqui nunca se incomodou com os bolivianos zanzando em São Paulo? Acho que o negócio é esfriar a cabeça e perceber que ainda há um longo caminho para superar o que eu considero o verdadeiro problema em relação aos estereótipos socialmente estabelecidos: a ilusão de que essas imagens correspondam à realidade das pessoas.

vinnye vices disse...

Concordo mojana, uma sociedade sem estereótipos não virá. É uma ilusão.
E o humor está mt relacionado a isso.

Eu mesmo sou grande disseminador de piadas de português, hehehe.

Mas é um fato que há interesses políticos relacionados a disseminação dos estereótipos pelo humor. E interesses que mantém uma hierarquia social muito cruel.

Daí fico numa encruzilhada - há um combate de discursos políticos em torno das piadas relacionado aos estereótipos, mas isso sempre vai acontecer.

Então não sei se devo levar sempre o humor a sério e protestar contra os estereótipos ou se devo esfriar a cabeça. Acho que esfrio mais a cabeça. Pq não sou alvo de muitas piadas.

Anônimo disse...

boring

Unknown disse...

Falar a verdade, não sabia quem era Danilo Gentil, nunca vi este CQC e nem me preocuparia jamais com o que ele pensa ou se escreve "manifestos inteligentes".

A crítica que comumente ouço deste programa de origem argentina e com a franquia comporada pelo meu amigo marcelo tas é que o texto é uma campanha deslavada pró psdb.não comprovei ainda, por absoluta falta de interesse mas desde já, não acredito em humor com tendencias.Casseta era petista e , apesar daquele momento histórico, perdia muitas chances e oprtunidades de tantas coisas.

Este seu texto está um primor,farei o máximo para divulga-lo: preciso, sem muito quás quás quás, direto ao ponto.

Muito mais importante até a este rapaz.Não sabia desta polêmica e prefiro continuar sem sabê-la na verdade.Este texto seu, independente a ela, é exato, nescessário.

Mojana, do comentário acima, foi perfeita.

Abraços.

Léo Costa

Punk Canibal disse...

Adoro gente bronzeada! Ehehe...

Cara, eu gosto de fazer um humor que é auto-ironizar o machismo, o branquismo etc. Gosto de fazer graça comigo mesmo, porque me encaixo num certo estereótipo bastante odiado pelos oprimidos de plantão: homem, branco, alto, forte, bonito, inteligente, de "classe média", ligeiramente barrigudo... Ehehehehehe.
Mas o politicamente corrento acaba com as possibilidades de sucesso desse meta-humor!
Por causa desses extremos (politicamente correto X humor preconceituoso) um humor como o judaico (auto-humor) é difícil de pegar no Brasil... E só cai bem nos judeus porque eles fazem um papel duplo no mundo de hoje: são vítimas de um lado, mas também são algozes do outro.
Eu gosto do Everybody Hates Chris, mas muitas vezes ele cai na auto-comiseração: "só meu dou mal (porque sou preto)"... Justamente porque os negros são oprimidos mesmo. Eles deviam fazer mais é piada sobre branco!

Quanto ao meu conterrâneo Gentilli (Santo André, ô terrinha de carcamano que come comida por quilo, arrota caviar e sonha em fazer compras em Miami...), se a associação entre negros e macacos não fosse pejorativa, não teria sentido fazer a piada. Ele só achou que a piada teria graça porque sabe que as loiras são consideradas pela sociedade brasileira em geral como mulheres de nível mais alto que as negras. E que os negros muitas vezes encontram no futebol um meio de se destacar socialmente que não encontram de outra forma devido ao preconceito. E que, portanto, um macaco com uma loira se parece com um jogador de futebol. E que, enfim, o negro só tem o "direito" de ficar com uma loira se for jogador de futebol, caso contrário deve continuar sendo pobre e "macaco". Em suma, é uma piada racista.

Nakayama Patricia disse...

Em primeiríssimo lugar, agradeço imensamente pelas boas risadas. E depois disso, concordo com vc em gênero número e grau, a idéia de "raça" em debate deve ser a usual, a biológica não porta o sentido do qual se fala. No meu caso, sou da raça japonesa... Sempre essas polêmicas acerca das questões raciais me deixam com uma pulga atrás da orelha: até que ponto devemos chamar tanta atenção para os polemistas, que sabem que causarão a polêmica? Esses caras fazem tudo de caso pensado, vc pode ter certeza disso. Por outro lado, sempre ouço referências racistas com relação aos japoneses, mas como a idéia de preconceito contra o japonês não é algo socialmente disseminado, como é com os negros, ouço os maiores absurdos. Para não falar dos "pintos pequenos", já ouvi várias vezes "vc é tão legal, bonita, vc é uma japa diferente, nem parece japa" (agora, substitua as palavras japa por negro. Dá cadeia ou não dá???). Outro dia, a mulher (que é uma pessoa adorável) do meu primo (que é mestiço de japonês com judeu) me disse "nossa, minha filha não tem nada de japonês. É engraçado né, como meu pai disse, a mistura com branco vai limpando a raça". Uma vez ouvi "essa daí é uma japonega, ei não vai ficar brava, é porque vc toca bem" (era um negão que tinha me elogiado, eu achei tão legal a saída semântica, ele achou que eu ia ficar brava). "Bansei" (essa tb achei legal, japonesa abaianada). E por aí vai... E essas pessoas me falam essas coisas que não gosto, nem se tocam do que dizem, sem a menor maldade, querem agradar. Eu evidentemente não dou sermão não, deixo passar batido. Essa coisa do preconceito existir mas não ser uma coisa reconhecida, aliviou a carga social para os japoneses construírem uma outra imagem, a da confiabilidade. Em outras palavras, se os nipobrasileiros reivindicassem para si o reconhecimento do preconceito, talvez tivessem fechado as portas para a construção dessa outra imagem que temos hoje (aí, desculpe minha análise antropológica tosqueira, mas eu sinto que as coisas se passam assim). Só gostaria de lembrar que o preconceito contra aos japoneses era tão violento que minha mãe me disse que, quando eram crianças, havia lojas que os expulsavam. Por isso sempre fico pensando sobre essa opção do movimento negro no Brasil, por imitar os movimentos norte americanos. Não sei se sempre é uma boa opção, porque o denuncismo não diminui o preconceito, ao contrário, o afirma e o fortalece. E no caso desses babacas, como o tal do Gentilli, usam este tipo de recurso para aparecer na mídia. E conseguem. Não sei se devemos lançar luzes sobre essas coisas, mas sim massacrar sobre as coisas boas que a negada produz e olha que não são poucas... Beijo grande, saudades!

Lu disse...

Muito bom!
Como já foram tantos os comentários e concordo com a maioria deles tenho poucas palavras sobre assunto para acrescentar.
O Foda de tudo isso que a maioria ainda defende uma postura dessa inclusive os negros e como já foi dito. "nem todo negro é meu irmão"
Mas entendo que fazem parte de uma sociedade em que transforma o diferente em desigual e por fazer parte desta sociedade e até para conquista "um espaço" contróem este discurso "não é bem assim".
Muito bom Kibe!
Um grande abraço!

Márcio Macedo disse...

Querid@s,

Muitíssimo obrigado pela leitura e comentários expressados a respeito do post e da polêmica. Desculpe não responder individualmente a cada comentário, mas a quantidade foi grande e venho trabalhando em outros posts, outros projetos e no doutorado.

Resumindo a parada, acho que mesmo diante da diversidade de opiniões que foram aqui expostas, acho que ao menos em uma coisa todo mundo deve concordar: GENTILI É UM GRANDE BABACA!

Abraço a tod@as e continuem com a leitura e emissão de comentários no blog!

Márcio/Kibe.