Eles/elas sempre dizem, com um sorrisso de orelha a orelha, ao descobrir que moro em New York Shitttt!: "Ah, Nova Iorque, que lindo! Adoro o frio e neve, bonito demais, né?" Dentro do silêncio sepulcral que se segue da minha parte penso: "Você gosta de frio porque não mora naquela porra!" Não adianta, a pior coisa da Big Apple é a merda do frio. Não vou estereotipar, como geralmente faço em conversas de boteco, e dizer que pretos como eu não foram feitos para o frio, afinal há lugares na África nos quais se encontra temperaturas muito baixas (nada de neve, mas algo considerável: o Deserto do Sahara é gelado à noite, por exemplo). Também entendo essa fascinação com neve que algumas pessoas tem. "É bonito, né?", perguntam eles/elas. Eu diria que é bonito se você não tem que ir à aula na universidade, no supermercado fazer compras, a academia malhar e a biblioteca estudar.
No inverno os dias são mais curtos e anoitece por volta das quatro da tarde, algo que aumenta consideravelmente a sensação de depressão que se abate em algumas pessoas (inclusive essa que vos escreve!). Tenho uma amiga brasileira que me disse que gosta do frio porque as pessoas ficam mais bem vestidas. Não sei. Em minha opinião, pessoas que se vestem bem fazem isso em qualquer clima. Mas o que na verdade o comentário dessa minha colega sinaliza é a fascinação com um certo tipo de vestimenta que está geralmente excluída do guarda-roupa de pessoas vivendo em áreas tropicais como pesados casacos de lã, sobretudos, calças e camisas de veludo, tweets, blazers, botas de cano alto, chapéus, cachecóis entre outras paradas e a associação destes a regiões desenvolvidas como os Estados Unidos e parte da Europa. Os brasileiros que moram de São Paulo para baixo são um pouco mais familiarizados com essas peças de vestuário e guardo algumas histórias engraçadas de amigas cariocas que se mudaram do Rio de Janeiro para a Terra da Garoa devido a mudança de emprego ou estudos. Todas passaram por maus bocados até se acostumarem a um frio que nunca faz na Cidade Maravilhosa ou em outras cidades brasileiras localizadas nas regiões norte, nordeste e centro-oeste e tiveram que, de certa forma, refazer o vestuário. A associação entre frio e produção intelectual também é comum, extrapolando até mesmo o senso comum. Não me lembro agora qual dos filósosfos franceses (Montaigne, Montesquieu ou Descartes) que uma vez afirmou que seria impossível fazer trabalho intelectual num clima tropical.
O início das aulas é uma fase estranha. É o final do verão e acabou a alegria, o sol, as mulheres com roupas curtas nas ruas e a magia que os dias quentes e ensolarados possuem. Irão se seguir de cinco a seis meses (de outubro à abril) de chuvas, dias nublados, frio, neve e ausência de verde. Nessas horas sinto vontade de morar na Califórnia ou Flórida! Definitivamente, a única coisa boa que ocorre no inverno é a possibilidade de cancelamento de aulas/dia de trabalho mediante a ameaça de nevascas...
Muita Paz!
domingo, 29 de agosto de 2010
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
E o Brasil Continua Lindo!
Passei minhas férias entre as cidades de São Paulo e Limeira nos meses de junho e julho desse ano. Cheguei no Brasil eufórico, queria encontrar amig@s, continuar minha rotina de exercícios e ainda trabalhar na minha pesquisa. Bem, somente parte disso deu certo devido a alguns problemas de saúde que me roubaram o a energia e o tempo. A tendinite no meu pé esquerdo me impediu de fazer rolês por algumas semanas enquanto que a renite me brindava com um noites horríveis nas quais acordava, depois de duas horas de sono, com a boca seca e falta de ar. Durante algum tempo visitei mais médicos do que amigos, mas tá valendo!
Mesmo assim vi Mammys Joana, Pappys Jão, briguei com minhas irmãs, xinguei os gatos da minha mãe e bebi com uma pá de gente no Marajá (a famosa "Feijoada do Kibe" rolou pelo segundo ano lá!), Monarca, Choperia do Sacha, Ibotirama (que tem WiFi na faixa!), Barraca do Bigode, Burdog, Charme, Estadão, Café Girondino e outros botecos e cafés menores que não lembro o nome. Fui ver a defesa de mestrado do Flávio "Jay-Z" Francisco, peguei algumas festas, assisti a Copa, chamei o Dunga de burro, vibrei com o boicote a Globo e ao chato do Galvão, xinguei o Kassab, passei a noite na rua depois de perder o último busão pro Ipiranga e ficar com medo de ir a pé e roubarem meu iPhone na Baixada do Glicério, fui ao lançamento de livros de amigas, fiz contatos para a pesquisa e acompanhei alguns eventos como a última edição da Semana de Cultura Hip-Hop organizada pela Ação Educativa. E o Brasil continua lindo, apesar da merda do tranporte público em SP e do preço abusivo da telefonia de má qualidade fornecida por empresas muquiranas. Meus amigos me disseram que eu estava chato, só reclamava de SP e falava de New York. "Pois é", disse pra eles, "isso é o que dá quando você se acostuma com o bem bom!". Mas apesar da precariedade da Terra Brasilis em algumas coisas, somos um povo sem igual: bebemos mais e sem dor na consciência, falamos de sexo sem papas na língua e temos senso de humor. Tudo no Brasil é uma questão de negociação e não há, necessariamente, uma posição fechada de antemão. Isso gera coisas legais e outras nem tanto, mas é a maneira de nos relacionarmos e vivermos. Enfim, o Brasil continua lindo e já sinto saudades de tod@s os meus/minhas amig@s e familiares! A foto abaixo foi tirada no churrasco da quadrilha depois de um assalto a banco, nela William "Pagodeiro" (à esquerda) e Kibe "Intelectual Maquinado"!
Muita Paz e que venha mais um ano de solidão em New York Shitttt!!!
Mesmo assim vi Mammys Joana, Pappys Jão, briguei com minhas irmãs, xinguei os gatos da minha mãe e bebi com uma pá de gente no Marajá (a famosa "Feijoada do Kibe" rolou pelo segundo ano lá!), Monarca, Choperia do Sacha, Ibotirama (que tem WiFi na faixa!), Barraca do Bigode, Burdog, Charme, Estadão, Café Girondino e outros botecos e cafés menores que não lembro o nome. Fui ver a defesa de mestrado do Flávio "Jay-Z" Francisco, peguei algumas festas, assisti a Copa, chamei o Dunga de burro, vibrei com o boicote a Globo e ao chato do Galvão, xinguei o Kassab, passei a noite na rua depois de perder o último busão pro Ipiranga e ficar com medo de ir a pé e roubarem meu iPhone na Baixada do Glicério, fui ao lançamento de livros de amigas, fiz contatos para a pesquisa e acompanhei alguns eventos como a última edição da Semana de Cultura Hip-Hop organizada pela Ação Educativa. E o Brasil continua lindo, apesar da merda do tranporte público em SP e do preço abusivo da telefonia de má qualidade fornecida por empresas muquiranas. Meus amigos me disseram que eu estava chato, só reclamava de SP e falava de New York. "Pois é", disse pra eles, "isso é o que dá quando você se acostuma com o bem bom!". Mas apesar da precariedade da Terra Brasilis em algumas coisas, somos um povo sem igual: bebemos mais e sem dor na consciência, falamos de sexo sem papas na língua e temos senso de humor. Tudo no Brasil é uma questão de negociação e não há, necessariamente, uma posição fechada de antemão. Isso gera coisas legais e outras nem tanto, mas é a maneira de nos relacionarmos e vivermos. Enfim, o Brasil continua lindo e já sinto saudades de tod@s os meus/minhas amig@s e familiares! A foto abaixo foi tirada no churrasco da quadrilha depois de um assalto a banco, nela William "Pagodeiro" (à esquerda) e Kibe "Intelectual Maquinado"!
Muita Paz e que venha mais um ano de solidão em New York Shitttt!!!
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
Just for Kicks e NY77
Para quem gosta de documentários e cultura pop vale a pena assistir dois filmes bem interesantes intitulados respectivamente de Just for Kicks (2005) e NY77: The Coolest Year in Hell (2007). A primeira película explora a relação dos tênis com a "cultura" hip-hop e o mundo das grandes corporações. Filmado em NewYork, Portland, Los Angeles, Paris e Londres os diretores, Thibaut de Longeville e Lisa Leone, entrevistaram colecionadores de tênis, b-boys, DJs e rappers pioneiros do hip-hop, designers, artistas e publicitários no sentido de explorar como os tênis se tornaram alvo de desejo e até mesmo obsessão com a ascensão do hip-hop. Lembrando que o termo "kicks" é a gíria usada para se referir aos "sneakers" (tênis). O filme foi exibido em São Paulo em 2007 numa mostra de filmes relacionados ao hip-hop e organizado pelo SESC. Quem perdeu pode ser assistir ao filme por inteiro nesse link AQUI, mas vai ter que gastar o inglês, pois não há legendas em português! Um testemunho: no início dos anos 1990 na saída de um baile quase me meteram um cano na cara por conta do meu par de Nike Air Max (que eu havia trabalhado um mês e meio para comprar!) e só posteriormente, através desse filme, vim a descobrir que isso ocorria não só em São Paulo, mas em New York Shit!!! também...
O segundo filme, NY77: The Coolest Year in Hell, dirigido por Henry Corra, é um documentário sobre o blecaute ocorrido em 1977 na Big Apple. Naquele ano New York Shit!!! vivia um dos seus verões mais quentes de toda a história. Uma onda de calor arrebatou a cidade por 10 dias e a temperatura chegou aos 40 graus. O apagão teve início às 9:34 da noite de 13 de julho e se estendeu até às 10:39 da noite do dia seguinte. 1000 incêndios foram registrados, 1600 lojas foram danificadas e/ou saqueadas e 3700 pessoas foram presas. Na fotinho aí de cima, publicada no New York Times da época, é possível ver a negrada em BedStuy, Brooklyn, fazendo a festa levando para casa o que dava para carregar. Bairros desde o East Harlem, Manhattan, até Bushwick, Brooklyn, foram devastados. Posteriormente, autoridades chegaram ao cálculo que o prejuízo com o apagão girava em torno de 300 milhões de verdinhas.
1977 também já serviu de mote para o filme de Spike Lee, O Verão de Sam de 1999. O documentário de Corra, por sua vez, explora esses fatos históricos como um pano de fundo para falar de várias outros acontecimentos que rolavam pela cidade naquele verão como a caça realizada pela polícia de um serial killer conhecido como Son of Sam (Filho de Sam), o nascimento da "cultura" hip-hop e da cena punk na cidade, a onda disco além da crise econômica e pobreza que abatiam a cidade. São entrevistados em NY77 figuras na pegada de KRS-One, Grandmaster Caz, Afrika Bambaata entre outros jornalistas, escritores e artistas. Assista um trecho do filme logo abaixo:
Muita Paz!
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
Baloji: The New African Cool
Ainda não tive tempo de escrever sobre minhas aventuras no Brasil durante minha estada entre São Paulo e Limeira por mais de dois meses. Ando numa correria desgraçada aqui em New York Shittt! procurando um novo muquifo pra morar, algo extremamente brochante. Mas assim que resolver essas paradinhas farei um post detalhado sobre o Brasil connection. Pois bem, o texto que segue é de autoria de minha amiga Valerie Ellois (foto logo abaixo), aluna de doutorado em psicologia clínica na The New School for Social Research (mesmo lugar que estudo, com a diferença que estou alocado na sociologia). O artiguinho foi publicado no blog da World Up, uma organização sem fins lucrativos dedicada a educar a esfera pública sobre política internacional e questões que afetam a comunidade global através do hip-hop e de culturas socialmente progressistas. Leiam então o texto da sista originária de Chi-Town...
Muita Paz!
Baloji: The New African Cool
By Valerie Ellois
Baloji, auto-identificado como Afropean, nascido no Congo e criado em uma família de classe operária na Bélgica, lança seu segundo álbum intitulado Kinshasa Succursale. Sua estética jovial e tonalidade única saúdam o afro-soul e rap que agitam aí afora. O álbum praticamente transporta os ouvintes a um animado clube de Kinshasa, como retratado no vídeo da faixa Le Jours D'après / siku Ya Baadaye (independance cha-cha).
A voz de Baloji soa como aquela de um congolês belga preso entre dois mundos e nenhum deles proporcionando o conforto do lar. Em Kinshasa Succursale ele se esforça em vincular sua vida atual a mãe congolesa que nunca conheceu e seu infância em Lubumbashi. O que o álbum oferece é uma viagem pessoal que fala de uma geração de 30 e poucos anos tentando moldar o seu lugar e formular uma identidade única.
Baloji passou os últimos meses excursionando em sua país de origem e, de acordo com seu blog pessoal, podemos esperar futuros remixagens e colaborações com Theophilus London, Debruit e Burak. Este verão Baloji também tem apoiado os esforços do Greenpeace em deter o desmatamento e promover a preservação da diversidade biológica no Congo. Tendo acabado de ser capa da revista francesa Mondomix a permanência física e musical de Baloji tem se estendido como uma espécie de "succursale", ou filial, das suas raízes congolesas bem como da vanguarda da indústria musical. Por fim, confira outro vídeo bem legal de Baloji com a banda Konono N°1.
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
"Iz Nóizes!": O Livro!
Não casei, não tive filhos ainda, nunca comprei uma bicicleta e nunca plantei uma árvore (uma vergonha para minha consciência ambiental), mas estou escrevendo um livro já que na falta de mulher e dinheiro eu precisava fazer alguma coisa de útil além de ficar lendo esses livros chatos de sociologia e tocando o dito cujo do doutorado. A palhaçada é uma coletânea de contos, mini-contos e micro-contos que leva o título provisório de Iz Nóizes! (interpretem como queiram, eu tenho a minha análise!). Alguns dos textos já foram publicados aqui no NewYorKibe: duas aventurinhas do casal Juca e Marli vistos em Companheira/Irmã de C... é R... e O Pipoca além de outros textos despretensiosos como Africanos, urgh!, Entre Limonadas e Corinho e A Stevie Wonder's Album.
Uma das pessoas que mais me estimulou a mandar ver no projeto foi Fabiana Lima, moça/amiga responsável pelo blog SoulSista de passagem pelos EUA no primeiro semestre desse ano. Outra figura que também está no barco é o artista plástico e rapper Oga Mendonça, já de antemão responsável pela ilustração do livro (veja o trampo dele AQUI). Obviamente que não há editora e nem previsão de lançamento (e pode ser que o mesmo nunca ocorra!) uma vez que tudo é feito em meio a outros projetos como o doutorado, um roteiro de filme e as pingas que eu tomo nos intervalos. Mesmo assim segue mais um continho que vai entrar na parada e pelo qual tenho um carinho especial. Leiam e mandem comentários (maldosos, de preferência!).
Lá vai...
VAI CHOVER?
Toda mulher preta, mestiça, morena, tico tico no fubá ou que nasceu depois das seis e meia da noite destituída da dádiva genética de um BOM cabelo liso, ou seja, lhe restando um pixaRuim, sabe que o crespo rebelde tem solução: ferro e/ou pente quente, chapinha, Henê Maru, Jennifer Black, Wellin, Alisabel, Soul Glow, Hairlife, Issy, Lisahair, Niely Gold, Skala, Stillus, Amacihair, Gold Black, Hair Dry, Megahair, Fernando Fernandes, prancha e escova progressiva nesse tremendo filho da puta!
A única coisa que realmente atrasa todo esse avanço quimio/tecnológico/racial é a merda da mãe natureza: CHUVA. Mas nessas horas entra em cena o velho e bom amigo (não da natureza!) saquinho plástico de supermercado ou feira carregado estrategicamente nas bolsas de mulheres de cor jambo...ticaba prevenidas. E o desfile de saquinhos é lindo: amarelos, vermelhos, azuis e, por incrível que pareça, até aqueles de lixo, pretinhos pretinhos que mantem os cabelos lisos, secos e estica...dinhos.
Muita Paz!
Uma das pessoas que mais me estimulou a mandar ver no projeto foi Fabiana Lima, moça/amiga responsável pelo blog SoulSista de passagem pelos EUA no primeiro semestre desse ano. Outra figura que também está no barco é o artista plástico e rapper Oga Mendonça, já de antemão responsável pela ilustração do livro (veja o trampo dele AQUI). Obviamente que não há editora e nem previsão de lançamento (e pode ser que o mesmo nunca ocorra!) uma vez que tudo é feito em meio a outros projetos como o doutorado, um roteiro de filme e as pingas que eu tomo nos intervalos. Mesmo assim segue mais um continho que vai entrar na parada e pelo qual tenho um carinho especial. Leiam e mandem comentários (maldosos, de preferência!).
Lá vai...
VAI CHOVER?
Toda mulher preta, mestiça, morena, tico tico no fubá ou que nasceu depois das seis e meia da noite destituída da dádiva genética de um BOM cabelo liso, ou seja, lhe restando um pixaRuim, sabe que o crespo rebelde tem solução: ferro e/ou pente quente, chapinha, Henê Maru, Jennifer Black, Wellin, Alisabel, Soul Glow, Hairlife, Issy, Lisahair, Niely Gold, Skala, Stillus, Amacihair, Gold Black, Hair Dry, Megahair, Fernando Fernandes, prancha e escova progressiva nesse tremendo filho da puta!
A única coisa que realmente atrasa todo esse avanço quimio/tecnológico/racial é a merda da mãe natureza: CHUVA. Mas nessas horas entra em cena o velho e bom amigo (não da natureza!) saquinho plástico de supermercado ou feira carregado estrategicamente nas bolsas de mulheres de cor jambo...ticaba prevenidas. E o desfile de saquinhos é lindo: amarelos, vermelhos, azuis e, por incrível que pareça, até aqueles de lixo, pretinhos pretinhos que mantem os cabelos lisos, secos e estica...dinhos.
Muita Paz!
domingo, 15 de agosto de 2010
Com o Kikito na Mão!
Bróder, longa de estréia do diretor Jefferson De, levou o prêmio de melhor filme na última edição do Festival de Cinema de Gramado ocorrida até ontem, 14/8. O filme ainda faturou os kikitos (nome do trófeu representante do festival) de melhor direção e melhor ator para Caio Blat. Estou com preguiça de contar os detalhes, então leia mais sobre a parada clicando AQUI Agora, só basta saber quando o filme de De entrará em cartaz e o público cinéfilo terá a chance de assistir e avaliar a película premiada. Parabéns ao Jefferson!
Muita Paz
sábado, 14 de agosto de 2010
Sexualidades, Saberes e Direitos
Na sequência do último post, continuamos a falar de sexualidade. Rola na próxima semana, nos dias 17 e 18 de agosto, na Universidade Federal de São Carlos o seminário internacional "Sexualidades, Saberes e Direitos". O evento terá transmissão online. Caso tenha interesse em assistir, visite a página da UAB-UFSCar A transmissão será feita apenas ao vivo, não ficará disponível para assistir posteriormente e tampouco será gravada além de contar com um atraso médio 15 minutos no início de cada mesa/transmissão. Notícias serão enviadas pelo site e pelo Twitter do grupo de pesquisa: @corpoidentidade A descrição das mesas com os resumos das apresentações pode ser vista AQUI
Muita Paz!
Muita Paz!
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
Semana Caribenha de Arte Erótica
Nunca fui ao Caribe, mas morro de vontade fazê-lo. Meus planos são de passar o carnaval do ano que vem na ilha de Trinidad e Tobago, país de origem de um grande truta que adora o Brasil (e Ivete Sangalo, para meu desespero!), e depois visitar a capital da Jamaica, Kingston. E quanto mais xereto sobre essas pequenas ilhazinhas da região conhecida no mundo anglo-saxão como West Indians, mais gosto. No mês passado rolou em Trinidad a segunda edição da Erotic Art Week (Semana de Arte Erótica), um evento anual que tomou conta da capital do país, Port Spain, entre 21 e 31 de julho e, segundo as fofocas, tem se transformado numa espécie de mini carnaval fora de época.
De acordo com os organizadores, a "Semana de Arte Erótica é um festival único de arte concebido por um coletivo de artistas (visuais, plásticos e performistas) vivendo em Trinidad & Tobago. 2010 será o segundo ano da Semana de Arte Erótica do Caribe que está organizada sobre o tema "Wider". Expandindo sobre o tema do último ano "Open", o comitê organizador da EAW objetiva fazer o evento maior e melhor".
O evento contou com exposições, performances, mostra de vídeos, debates, work shops e desfiles outdoor feitos nas ruas de Port Spain (como se pode comprovar pelas fotos aqui exibidas). Mais informações, visite o blog dos caras AQUI
Assista vídeo abaixo com alguns dos artistas que participaram da mostra!
Dá-lhe Trinidad & Tobago!
Agora que você já fumou um cigarrinho, vamos pro segundo round do vídeo... :)
Muita Paz e Muito Sexo Seguro Para Tod@s Nós!
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Propaganda by Eli Efi!
Pois é, estou de volta a New York Shittttt!! Cheguei na última segunda, 9/8, depois de 10 horas de voo das quais ao menos duas foram de turbulência. Urgh... Nem preciso dizer que já sinto saudades de meus/minhas amig@s, familiares e outras pessoas que acabei conhecendo recentemente nessa minha breve visita a Brazilian lands. Entretanto, até ontem continuei em clima de Brasil e não foi necessariamente pelo jogo da seleção brasileira em New Jersey, mas sim pelo encontro com meu amigo Eli Efi ("LF" para quem o conhece desde a época de Brasil).
Ontem aconteceu o lançamento do video clipe da música Propaganda, canção carro chefe do novo ábum de Eli Efi já intitulado de Um Pouco Mais Humano e com previsão de lançamento para novembro deste ano. O evento de ontem foi organizado numa parceira entre o selo Pau de Dá em Doido, Butina Preta, Revista Elementos e o site Coletivo da MTV-Brasil. Em São Paulo um grupo de amigos, rappers, fãs e personalidades da cena hip-hop se reuniu na Galeria Metrópoles, centro velho da cidade, para assistir o lançamento do vídeo e rolou uma conexão direta com o Bronx, aqui em NYC, local onde Eli Efi reside com sua esposa, DJ Laylo. Laylo é também a diretora do vídeo e o casal convidou alguns amigos para irem a sua casa prestigiarem o evento.
É sempre um prazer encontrar esses dois amigos aqui na Big Apple. Eli Efi é um cara carismático e gente boa que sempre tem uma palavra amiga e carinhosa para qualquer situação. Laylo, por sua vez, não fica nada atrás do maridão. A festinha foi regada a caipirinhas, cervejas mexicanas, um frango básico e contou com a presença de amig@s e familiares do casal como Johny Cienfuengos e sua esposa Atia além da engenheira de som/produtora musical Tavi Fields, responsável pela mixagem das músicas do álbum de Efi. Aliás, tive oportunidade de ouvir as outras canções para além de Propaganda que compõem o novo álbum do rapper e posso dizer que a qualidade e sonoridade estão ótimas. Eli Efi consegue fazer um rap swingado e vibrante sem deixar o posicionamento crítico, marca registrada de suas letras, de lado. Isso é o que se comprovou quando ontem quando foi tocada pela primeira vez no Brasil a canção Bounce. Mas sem muitas delongas, assistam ao vídeo de Propaganda que foi gravado entre o Bronx e partes de Manhattan como o Harlem e Times Square e no qual atuam Eli Efi, DJ Laylo e Johny Cienfuengos.
Muita Paz!
Ontem aconteceu o lançamento do video clipe da música Propaganda, canção carro chefe do novo ábum de Eli Efi já intitulado de Um Pouco Mais Humano e com previsão de lançamento para novembro deste ano. O evento de ontem foi organizado numa parceira entre o selo Pau de Dá em Doido, Butina Preta, Revista Elementos e o site Coletivo da MTV-Brasil. Em São Paulo um grupo de amigos, rappers, fãs e personalidades da cena hip-hop se reuniu na Galeria Metrópoles, centro velho da cidade, para assistir o lançamento do vídeo e rolou uma conexão direta com o Bronx, aqui em NYC, local onde Eli Efi reside com sua esposa, DJ Laylo. Laylo é também a diretora do vídeo e o casal convidou alguns amigos para irem a sua casa prestigiarem o evento.
É sempre um prazer encontrar esses dois amigos aqui na Big Apple. Eli Efi é um cara carismático e gente boa que sempre tem uma palavra amiga e carinhosa para qualquer situação. Laylo, por sua vez, não fica nada atrás do maridão. A festinha foi regada a caipirinhas, cervejas mexicanas, um frango básico e contou com a presença de amig@s e familiares do casal como Johny Cienfuengos e sua esposa Atia além da engenheira de som/produtora musical Tavi Fields, responsável pela mixagem das músicas do álbum de Efi. Aliás, tive oportunidade de ouvir as outras canções para além de Propaganda que compõem o novo álbum do rapper e posso dizer que a qualidade e sonoridade estão ótimas. Eli Efi consegue fazer um rap swingado e vibrante sem deixar o posicionamento crítico, marca registrada de suas letras, de lado. Isso é o que se comprovou quando ontem quando foi tocada pela primeira vez no Brasil a canção Bounce. Mas sem muitas delongas, assistam ao vídeo de Propaganda que foi gravado entre o Bronx e partes de Manhattan como o Harlem e Times Square e no qual atuam Eli Efi, DJ Laylo e Johny Cienfuengos.
Muita Paz!
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
Um Brown entre "Ben" e "Benjor"!
Algo que poucos críticos musicais tem apontado é que o surgimento e ascensão da música rap brasileira foi responsável pelo "resgate" (não gosto desse termo, mas vou usá-lo aqui) e exposição para um público mais amplo de uma outra tradição da música popular brasileira: a MPB, ou seja, música preta brasileira!
Os críticos musicais no Brasil tem historicamente privilegiado o diálogo com tradições musicais muito específicas, literalmente aquelas que tiveram e tem uma aceitação maior entre a classe intelectualizada ou as classes média e alta como a bossa nova, a MPB e, mais recentemente, o rock/pop e o samba de faceta mais erudita (que hoje atende pelo nome espúrio e ultrajante de "samba de raiz"!): Noel Rosa e Cartola são os preferidos dos "raizeiros" de plantão. Já fiz um pouco dessa discussão em um post publicado aqui sobre o vulgo "samba de raiz" (leia AQUI ). Isso significa dizer que a tal denominado MPB (música popular brasileira) não é e nem foi tão popular assim. O termos MPB ou "samba de raiz" são recortes e classificações que vão além do aspecto estético dos ritmos musicais. Eles sãos políticos e excluem o que boa parte da população de fato ouvia e ouve. Dentro dessa perspectiva é perfeitamente "aceitável" assumir que ritmos como o ieieie da jovem guarda e o samba soul dos anos 1960/1970 eram mais pobres do ponto de vista estético além de alienados em termos políticos quando comparados a MPB. Contudo, o número de fãs desses dois ritmos era muito maior quando comparado à MPB cujo principal público era formado por gente mais intelectualizada oriunda das camadas média e alta urbanas da época.
Junto do talento e qualidade de artistas como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, Maria Bethania, Gal Costa entre outr@s, a distinção estético/política criada pela crítica é uma das razões pelas quais esses músicos vinculados ao rótulo "MPB" conseguiram se manter em evidência e atividade nos períodos posteriores aos anos 1970. Jorge Ben, um carioca que começou a fazer sucesso no início da década de 1960, viveu um período de invisibilidade e vacas magras nos anos 1980 e início dos 1990. Foi também nesse período que o cantor mudou seu nome artístico de Jorge Ben para Jorge Benjor (e posteriormente "Ben Jor"!) com a justificativa de que internacionalmente seu nome poderia ser confundido com o do guitarismo norte-americano George Benson, algo e que geraria problemas relativos a direitos autorais e pagamento de royalites. Apesar da fria recepção aos seus discos nos anos 1980, Jorge Ben continuava como uma das principais referências de música negra brasileira para os frequentadores de bailes black de São Paulo. Ele dividia as atenções com as músicas de outros renegados dos anos 1970 como Hyldon, Cassiano e Carlos Dafé, figuras ainda com certo destaque (apesar das palhaçadas!) como Tim Maia e artistas novos apadrinhados do gordinho doidão como a cantora Sandra de Sá. No caso desses dois últimos artistas, eles também passaram a ser figuras constantes em shows organizados por grandes equipes de baile daquela época como a paulistana Chic Show.
É portanto dessa relação entre a popularidade dos artistas de Brazilian soul dos anos 1960 e 1970 e o cultivo dessa musicalidade dentro dos bailes black que fez com que uma legião de fãs de Jorge Ben muito jovem surgisse. Gente cujo os pais ouviam Ben nas vitrolas de casa e que influenciaram os gostos musicais dos filhos ou ainda jovens que anos 1980 e 1990 ao frequentar bailes eram presenteados por DJs com as pérolas Ben lançadas no auge de sua carreira. Esse é o caso de Mano Brown e também do redator das linhas que você lê nesse exato momento. Mas como disse anteriormente, o carioca torcedor do Flamengo que almejava ser jogador de futebol esteve em baixa com a carreira nos anos 1980. Ele só retornou com força no início dos anos 1990 ao lançar o hit "W/Brasil" canção que fazia claras referências a agência de publicidade W/Brasil, de propriedade de Washington Oliveto, e era uma homenagem ao amigo Tim Maia (o "síndico", apelido que o mesmo ganhara devido ao fato ter se tornado síndico do prédio onde morava no Rio de Janeiro). Entretanto, para o público negro e baileiro apreciador de Ben, as músicas dignas de se ouvir do cantor eram aquelas dos anos 1960 e 1970. Isso era responsável por gerar certos dissabores a esses fãs quando frequentavam shows recentes do artista uma vez que Ben, agora Ben Jor, privilegiava seu novo repertório composto por músicas mais pops e dancantes em detrimento das baladas cheias de swingue mais antigas com as quais fazia apenas um pout-pourri.
A admiração de Brown por Ben rendeu o primeiro fruto em 2004 quando ambos dividiram o palco em um show do grupo de rap na zona leste de São Paulo cantando a faixa "A Benção Mamãe, A Benção Papai". Esse momento foi registrado no DVD lançado em 2006 do grupo de rap paulistano intitulado "1000 Trutas 1000 Tretas". Seis anos depois Brown e Ben novamente se reuniram novamente, mas dessa vez para a regravação da canção "Ponta de Lança Africano (Umabarauma)" presente no álbum África Brasil de 1976. A nova versão da música produzida pela dupla de artistas foi usada numa campanha publicitária da Nike durante a Copa do Mundo. Entretanto, é interessante pensar como a junção da dupla BB sintetiza elementos tão presentes na identidade nacional. Tanto Brown como Benjor são negros e grandes torcedores de futebol. O primeiro é um paulistano santista enquanto o segundo é carioca flamenguista. A música escolhida para regravação fala de futebol, mas está inserido em um dos mais belos discos de Ben. Em África Brasil constam canções como Xica da Silva, África Brasil (Zumbi), O Plebeu, Hermes Trimegisto Escreveu dentre outras perólas. E é esse o Ben que nós, pretos e curtidores de baile, gostamos de ouvir. Nada de W/Brasil...
Assista ao clipe da nova versão de Ponta de Lança Africano.
Muita Paz!
Os críticos musicais no Brasil tem historicamente privilegiado o diálogo com tradições musicais muito específicas, literalmente aquelas que tiveram e tem uma aceitação maior entre a classe intelectualizada ou as classes média e alta como a bossa nova, a MPB e, mais recentemente, o rock/pop e o samba de faceta mais erudita (que hoje atende pelo nome espúrio e ultrajante de "samba de raiz"!): Noel Rosa e Cartola são os preferidos dos "raizeiros" de plantão. Já fiz um pouco dessa discussão em um post publicado aqui sobre o vulgo "samba de raiz" (leia AQUI ). Isso significa dizer que a tal denominado MPB (música popular brasileira) não é e nem foi tão popular assim. O termos MPB ou "samba de raiz" são recortes e classificações que vão além do aspecto estético dos ritmos musicais. Eles sãos políticos e excluem o que boa parte da população de fato ouvia e ouve. Dentro dessa perspectiva é perfeitamente "aceitável" assumir que ritmos como o ieieie da jovem guarda e o samba soul dos anos 1960/1970 eram mais pobres do ponto de vista estético além de alienados em termos políticos quando comparados a MPB. Contudo, o número de fãs desses dois ritmos era muito maior quando comparado à MPB cujo principal público era formado por gente mais intelectualizada oriunda das camadas média e alta urbanas da época.
Junto do talento e qualidade de artistas como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, Maria Bethania, Gal Costa entre outr@s, a distinção estético/política criada pela crítica é uma das razões pelas quais esses músicos vinculados ao rótulo "MPB" conseguiram se manter em evidência e atividade nos períodos posteriores aos anos 1970. Jorge Ben, um carioca que começou a fazer sucesso no início da década de 1960, viveu um período de invisibilidade e vacas magras nos anos 1980 e início dos 1990. Foi também nesse período que o cantor mudou seu nome artístico de Jorge Ben para Jorge Benjor (e posteriormente "Ben Jor"!) com a justificativa de que internacionalmente seu nome poderia ser confundido com o do guitarismo norte-americano George Benson, algo e que geraria problemas relativos a direitos autorais e pagamento de royalites. Apesar da fria recepção aos seus discos nos anos 1980, Jorge Ben continuava como uma das principais referências de música negra brasileira para os frequentadores de bailes black de São Paulo. Ele dividia as atenções com as músicas de outros renegados dos anos 1970 como Hyldon, Cassiano e Carlos Dafé, figuras ainda com certo destaque (apesar das palhaçadas!) como Tim Maia e artistas novos apadrinhados do gordinho doidão como a cantora Sandra de Sá. No caso desses dois últimos artistas, eles também passaram a ser figuras constantes em shows organizados por grandes equipes de baile daquela época como a paulistana Chic Show.
É portanto dessa relação entre a popularidade dos artistas de Brazilian soul dos anos 1960 e 1970 e o cultivo dessa musicalidade dentro dos bailes black que fez com que uma legião de fãs de Jorge Ben muito jovem surgisse. Gente cujo os pais ouviam Ben nas vitrolas de casa e que influenciaram os gostos musicais dos filhos ou ainda jovens que anos 1980 e 1990 ao frequentar bailes eram presenteados por DJs com as pérolas Ben lançadas no auge de sua carreira. Esse é o caso de Mano Brown e também do redator das linhas que você lê nesse exato momento. Mas como disse anteriormente, o carioca torcedor do Flamengo que almejava ser jogador de futebol esteve em baixa com a carreira nos anos 1980. Ele só retornou com força no início dos anos 1990 ao lançar o hit "W/Brasil" canção que fazia claras referências a agência de publicidade W/Brasil, de propriedade de Washington Oliveto, e era uma homenagem ao amigo Tim Maia (o "síndico", apelido que o mesmo ganhara devido ao fato ter se tornado síndico do prédio onde morava no Rio de Janeiro). Entretanto, para o público negro e baileiro apreciador de Ben, as músicas dignas de se ouvir do cantor eram aquelas dos anos 1960 e 1970. Isso era responsável por gerar certos dissabores a esses fãs quando frequentavam shows recentes do artista uma vez que Ben, agora Ben Jor, privilegiava seu novo repertório composto por músicas mais pops e dancantes em detrimento das baladas cheias de swingue mais antigas com as quais fazia apenas um pout-pourri.
A admiração de Brown por Ben rendeu o primeiro fruto em 2004 quando ambos dividiram o palco em um show do grupo de rap na zona leste de São Paulo cantando a faixa "A Benção Mamãe, A Benção Papai". Esse momento foi registrado no DVD lançado em 2006 do grupo de rap paulistano intitulado "1000 Trutas 1000 Tretas". Seis anos depois Brown e Ben novamente se reuniram novamente, mas dessa vez para a regravação da canção "Ponta de Lança Africano (Umabarauma)" presente no álbum África Brasil de 1976. A nova versão da música produzida pela dupla de artistas foi usada numa campanha publicitária da Nike durante a Copa do Mundo. Entretanto, é interessante pensar como a junção da dupla BB sintetiza elementos tão presentes na identidade nacional. Tanto Brown como Benjor são negros e grandes torcedores de futebol. O primeiro é um paulistano santista enquanto o segundo é carioca flamenguista. A música escolhida para regravação fala de futebol, mas está inserido em um dos mais belos discos de Ben. Em África Brasil constam canções como Xica da Silva, África Brasil (Zumbi), O Plebeu, Hermes Trimegisto Escreveu dentre outras perólas. E é esse o Ben que nós, pretos e curtidores de baile, gostamos de ouvir. Nada de W/Brasil...
Assista ao clipe da nova versão de Ponta de Lança Africano.
Muita Paz!
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