If Beale Street Could Talk é o décimo terceiro livro de James Baldwin (1924-1987), lançado em 1974, e meu romance predileto dele. Ironicamente, o li apenas uma vez há pelo menos oito anos atrás num exemplar da biblioteca da FFLCH/USP. Mas desde que fui para NYC já comprei três exemplares dele, em diferentes ocasiões, que nunca ficaram na minha estante: foram dados, com amor e carinho, a pessoas especiais.
O livro conta a história de uma garota negra de 19 anos apelidada Tish cujo nome verdadeiro é Clemetine. Ela está apaixonada por um escultor de 22 anos, Fonny, cujo nome original é Alonzo. Ambos moram no Harlem e amor vivido pelo casal os protege de suas respectivas famílias problemáticas e o complexo mundo em convulsão que o cerca. No entanto, logo após o noivado do casal Fonny é falsamente acusado de estuprar uma mulher porto-riquenha, Victoria Rogers. Ele é acusado por um policial racista (Officer Bell) and e é imediatamente preso o que, de certa forma, coloca seu noivado em compasso de espera. Rogers, a vítima de estupro, deixa os Estados Unidos voltando para Porto Rico e a mãe de Tish, Sharon, viaja de Nova York a San Juan buscando reunir provas que possam libertar Fonny. A narrativa de Baldwin alterna os pontos de vistas tanto de Tish como de Fonny. Desde o primeiro capítulo a história é uma combinação entre partes extremamente doces e delicadas com tristeza, amargura e melancolia. Passagens com vívidas descrições de relações sexuais se transformam numa sutileza sem tamanho devido ao talento e capacidade de Baldwin em criar imagens e trazer alegria e humor onde alguém só veria dor e obscenidade. Assim ocorre quando ele narra a primeira vez em que Tish e Fonny transam e ela perde a sua virgindade ou o sexo dominical (e hilário!) que os pais de Fonny sempre fazem após o retorno de sua mãe da igreja em graça com o Espírito Santo. A narrativa de Baldwin concentrasse no esforço da família Rivers (Tish) em se manter unida até o final do drama vivido por Fonny. Embora a mãe e as irmãs de Fonny não se preocupem em salvá-lo, os Rivers o tomam como seu próprio filho. Eles passam a fazer hora extra no trabalho para juntar dinheiro que é usado para arcar com as despesas com advogado e também pagar a fiança de Fonny, caso ela venha a ser estipulada. Ao final, Fonny consegue sair da prisão sob fiança para ver seu filho nascer, mas não antes de seu pai cometer suicídio.
Infelizmente, não há traduções para o português de If Beale... como acontece com The Price of the Ticket (1948), Giovanni's Room (1952), Another Country (1962), The Next Time Fire (1963) e outros que não me lembro agora. Mas se você encarar o idiomazinho imperialista vai só lucrar na leitura desse belo e curto romance. Meu amigo Alex Ratts, professor de antropologia na Federal de Góias, disse que está tirando do forno um texto no qual analisa os livros de Baldwin traduzidos para o português. Estou curioso e ansioso para ler. Enquanto isso, vale a pena dar uma xeretada nesse artigo de Caryl Phillips escrito para o jornal inglês The Guardian em julho de 2007 (leia AQUI). Para uma resenha (em inglês) mais completa do romance If Beale... clique AQUI
Finally, dear Jimmy, thanks a lot for your inspiring books!
Muita Paz, Bom Domingo!
O livro conta a história de uma garota negra de 19 anos apelidada Tish cujo nome verdadeiro é Clemetine. Ela está apaixonada por um escultor de 22 anos, Fonny, cujo nome original é Alonzo. Ambos moram no Harlem e amor vivido pelo casal os protege de suas respectivas famílias problemáticas e o complexo mundo em convulsão que o cerca. No entanto, logo após o noivado do casal Fonny é falsamente acusado de estuprar uma mulher porto-riquenha, Victoria Rogers. Ele é acusado por um policial racista (Officer Bell) and e é imediatamente preso o que, de certa forma, coloca seu noivado em compasso de espera. Rogers, a vítima de estupro, deixa os Estados Unidos voltando para Porto Rico e a mãe de Tish, Sharon, viaja de Nova York a San Juan buscando reunir provas que possam libertar Fonny. A narrativa de Baldwin alterna os pontos de vistas tanto de Tish como de Fonny. Desde o primeiro capítulo a história é uma combinação entre partes extremamente doces e delicadas com tristeza, amargura e melancolia. Passagens com vívidas descrições de relações sexuais se transformam numa sutileza sem tamanho devido ao talento e capacidade de Baldwin em criar imagens e trazer alegria e humor onde alguém só veria dor e obscenidade. Assim ocorre quando ele narra a primeira vez em que Tish e Fonny transam e ela perde a sua virgindade ou o sexo dominical (e hilário!) que os pais de Fonny sempre fazem após o retorno de sua mãe da igreja em graça com o Espírito Santo. A narrativa de Baldwin concentrasse no esforço da família Rivers (Tish) em se manter unida até o final do drama vivido por Fonny. Embora a mãe e as irmãs de Fonny não se preocupem em salvá-lo, os Rivers o tomam como seu próprio filho. Eles passam a fazer hora extra no trabalho para juntar dinheiro que é usado para arcar com as despesas com advogado e também pagar a fiança de Fonny, caso ela venha a ser estipulada. Ao final, Fonny consegue sair da prisão sob fiança para ver seu filho nascer, mas não antes de seu pai cometer suicídio.
Infelizmente, não há traduções para o português de If Beale... como acontece com The Price of the Ticket (1948), Giovanni's Room (1952), Another Country (1962), The Next Time Fire (1963) e outros que não me lembro agora. Mas se você encarar o idiomazinho imperialista vai só lucrar na leitura desse belo e curto romance. Meu amigo Alex Ratts, professor de antropologia na Federal de Góias, disse que está tirando do forno um texto no qual analisa os livros de Baldwin traduzidos para o português. Estou curioso e ansioso para ler. Enquanto isso, vale a pena dar uma xeretada nesse artigo de Caryl Phillips escrito para o jornal inglês The Guardian em julho de 2007 (leia AQUI). Para uma resenha (em inglês) mais completa do romance If Beale... clique AQUI
Finally, dear Jimmy, thanks a lot for your inspiring books!
Muita Paz, Bom Domingo!