sexta-feira, 13 de julho de 2012

Meus 10 Livros “Mais Mais” de 2011: Post Número 8


8- Bonequinha de Luxo: Breakfast at Tiffany’s (2006). Truman Capote. Companhia das Letras. São Paulo. R$ 43 (em média). Sou um grande fã de Truman Capote. Nos tempos de graduação li Música Para Camaleões (1980), tendo o estilo desse livro sido denominado pelo autor de "romance de não-ficção", e, desde então, virei um desse sofisticado escritor norte-americano assumidamente gay nos anos 1950/1960, amigo íntimo de mulheres da alta roda nova-iorquina e detentor de uma literatura afiada. Ok, todo mundo sabe que o clássico de Capote é A Sangue Frio (1966) e, seguindo o estilo desse livro, Música... pode ser entendido como uma espécie de continuidade. Capote era extremamente vaidoso e pouco ortodoxo na forma de conseguir informações para as suas histórias (assista o filme Capote e saberá do que estou falando). Bonequinha de Luxo, por incrível que pareça, é um livro cuja estilo é bem diferente e um pouco distante do que seria consagrado em A Sangue Frio.  Quando escreveu Bonequinha... Capote já era relativamente conhecido, mas buscava aperfeiçoar seu estilo buscando um tipo de escrita menos prolixa e mais direta. A faceta biográfica, que seria consagrada em Música..., já é explorada em Bonequinha... mas não de forma totalmente declarada. Quem afirma isso é o crítico Sam Wasson no livro Quinta Avenida, 5 da Manhã: Audrey Hepburn, Bonequinha de Luxo e o Surgimento da Mulher Moderna (2011) – uma espécie de “biografia” da obra (filme, livro, discos), gênero que vem se consagrando há tempos nos EUA – que explora os bastidores da produção do filme Bonequinha de Luxo (1961), filme que consagrou a carreira da atriz Audrey Hepburn. O livro de Capote, por sua vez, é um coleção de três contos ("Uma Casa de Flores", "Um Violão de Diamante" e "Memória de Natal") e uma novela que leva o nome de "Bonequinha de Luxo" ("Breakfast at Tiffany’s" no original em inglês) tendo sido adaptada para o cinema. O papel central da  novela  é composto por uma prostituta de luxo que foi incorporada por Hepburn no filme e, de acordo com Wasson, foi inspirado na mãe do escritor. Capote teve uma infância e adolescência solitária, já que a mãe estava sempre envolvida em algum relacionamento o que a fazia colocar as necessidades e atenção do filho em segundo plano. Wasson afirma que a progenitora de Capote era uma mulher originária do sul dos EUA que sonhava com o glamour de Nova Iorque vista em filmes clássicos de Hollywood. Por conta disso e de relacionamentos fracassados, desde cedo o escritor sofreu e, com o passar do tempo, se acostumou a não ser o centro das atenções da mãe que deixava o filho de lado para frequentar festas e dar atenção a seus amantes. O que impressiona é como Edward Blake, diretor do filme Bonequinha de Luxo, conseguiu transformar uma novela cujo personagens são uma prostituta e um homossexual aspirante a escritor sustentado por uma amante rica num filme que apresentou uma representação de mulher moderna a sociedade norte-americana dos anos 1950. Tudo isso é explorado por Sam Wasson em seu recente livro. Mas fica a dica: para entender bem o livro do crítico é necessário ler o livro de Capote e assistir o filme de Blake. Li Quinta Avenida, 5 da Manhã em janeiro, mas ele só vai ser resenhado por aqui ano que vem... *rs*
Muita Paz e Muito Amor!