Cena 1: Início do mês de abril, dias antes de visitar o Brasil numa viagem rápida, estava eu a caminhar com meu amigo Ernesto Carvalho, fotógrafo e estudante de doutorado em antropologia na New York University (NYU), pela rua 14 quando ele respondeu a uma de minhas indagações - e sempre faço "indagações" a Ernesto - cantando uma letra de música que eu descreveria de, no mínimo, peculiar. Abri um sorrisso e perguntei que porra era aquela de música que ele estava cantando ao que meu amigo respondeu, "Di Melo, cara! Você nunca ouviu Di Melo?" Diante de minha negativa veio toda uma história sobre o autor de Kilarió...
Cena 2: Início do mês de maio. Encontro com Ernesto depois de voltar para Nova Iorque e pergunto: "E aí mano, cadê o DVD do documentário do Di Melo?", "Esqueci, mas trago amanhã..."
Cena 3: Mês de junho. Novo encontro. "E aí Ernesto, traz o DVD pra mim amanhã?", "Pô amanhã sem alta eu trago. Desculpa aí! Hoje quando chegar em casa vou colocar o esquema dentro da mochila e não tem como esquecer, ok?"
Cena 4: Mês de julho. Mais um encontro... "E o DVD, Ernesto?...", "Puta merda, cara!"...
Assim é meu truta Ernesto, só não esquece a cabeça por que está grudada. Mas enfim, naquele primeiro papo sobre Di Melo em abril, meu brother explicava que o cantor é uma celebridade da Brazilian/soul/MPB (música preta brasileira). Nos anos 1970 esse pernambucano radicado em São Paulo conseguiu lançar um disco após tocar por um tempo na noite paulistana. O LP sairia pela EMI-Odeon tendo a participação de celebridades como Hermeto Pascoal e Heraldo do Monte e algumas canções como Kilariô, A Vida em Seus Métodos Diz Calma e Se o mundo Acabasse em Mel tiveram uma boa repercussão. Contudo, após algum tempo tanto o LP como o cantor cairam na obscuridade.
A retomada se deu nos anos 1990 a partir de DJs ingleses que começaram a tocar suas músicas tendo uma delas, A Vida em Seus Métodos Diz Calma, sido incluída na coletânea Blue Brazil 2 da gravadora de jazz Blue Note e o cantor chegou a fazer uma participação no vídeoclipe da canção Don't Stop the Party do grupo Black Eyed Peas. Seu primeiro e único álbum foi relançado, em CD, em 2002, dentro da coleção Odeon 100 anos, coordenada por Charles Gavin. Além do disco de 1975, estima-se hoje que o cantor/compositor possua mais de 400 músicas inéditas criadas ao longo dos últimos 35 anos. O DVD que fiquei a pedir insesamente para meu amigo esquecido é o do documentário Di Melo: O Imorrível (2011), dirigido por Alan Oliveira e Rubens Pássaro (amigos de Ernesto), que retrata a vida do cantor a partir de depoimentos de amigos, músicos e entrevistas com o próprio artista. Chega de conversa... Baixe o disco de Di Melo AQUI e assista o trailer do filme que eu ainda não assisti logo abaixo. Mas Ernesto me prometeu que trará o DVD amanhã... *rs*
Muita Paz, Muito Amor!