Esse post entrará no ar no sábado, mas escrevo o mesmo na sexta. O mais louco de tudo é que só me toquei de fato de que hoje é Sexta-Feira Santa ao falar com uma amiga brasileira pelo Skype e, ao dizer a ela que estava de saída para a biblioteca, fui surpreendido com sua resposta: "Puta Kibe, só você mesmo para ir para a biblioteca numa Sexta-Feira Santa!". Pois é, daí veio a constatação de que não moro mais num país majoritariamente católico e que hoje não passa de uma sexta comum por aqui. Mas não vou me estender nessa história já que teria muito para contar sobre Páscoas passadas em meio a ovos de chocolate, procissões e a vigilância de Dona Joana para que ovelhas brancas da família como eu não comecem carne nesse dia. Deixo isso para outro post, quem sabe na Páscoa do ano que vem. Ok, mas mudemos de assunto...
E parece que as mulheres pretas estão dominando o inbrog essa semana. Já falei da gordelícia e maravilhosa Jill Scott, da artista manifesto Erykah Badu e agora... Minha intenção hoje é deixar para vocês um vídeo com a fala da escritora nigeriana Chimamanda Adichie (foto acima) que me foi enviado pela minha amiga e ex-colega dos bancos de USP Tatiana Alencar. Nascida em 1977 Adichie é ganhadora de importantes prêmios literários da literatura anglo-saxã. Dos seus livros publicados se destacam Purple Hisbicus (2003), The Half of Yellow Sun (2006) e The Thing Around Your Neck (2009). Visitem a página da moça clicando AQUI
No vídeo que segue a escritora conta um pouco da sua trajetória e como escreveu suas primeiras histórias. As mesmas não tinham nenhuma relação com seu país e população uma vez que a literatura que a garota lia à época era totalmente estranha a realidade da Nigéria. Isso me lembra, guardada a devida distância, uma pesquisa recente realizada pelo Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea da UNB e coordenada pela professora Regina Dalcastagné. Usando os conceitos teóricos de campo e capital cultural do sociólogo francês Pierre Bourdieu (1930-2002), caso tenha interesse leia o livro As Regras da Arte (2002), e realizando uma pesquisa quantitativa os pesquisadores mostram como na literatura brasileira contemporânea mais de 70% dos escritores são majoritariamente homens, brancos e de classe média/alta. O resultado disso pode ser visto no enredo e tipo de histórias além da representação estereotipada de personagens negr@s e pobres presentes na literatura brasileira produzida atualmente. Leia mais sobre a pesquisa AQUI Pois é, pra onde vai a tão afamada diversidade tupiniquim...
Sem mais palavras deixo vocês com Chimamanda Adichie. Dois detalhes importantes. O primeiro é que fala da nigeriana, em inglês, conta com legendas em português no vídeo (clique em subtitles e procure por português). Já o segundo eu não poderia deixar passar: São Benedito (Benê para os íntimos!) que me salva de apuros, que mulher LINDA é essa Adichie!
Muita Paz!
sábado, 3 de abril de 2010
O Perigo de uma História Única
2010-04-03T00:18:00-03:00
Márcio Macedo
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