quinta-feira, 21 de junho de 2012

Meus 10 Livros “Mais Mais” de 2011: Post Número 3

3- Rape New York (2011) de Jana Leo. The Feminist Press. New York. US$ 15.92 (em média).  Jana Leo é arquiteta, artista, professora e filósofa nascida na Espanha. Em meados dos anos 1990, após defender sua dissertação de mestrado em arquitetura na Princeton University, ela se mudou para Nova Iorque onde, junto com o namorado, alugou um apartamento no Harlem. Foi ali, em sua casa e na sua própria cama, que Leo foi estuprada. É sobre essa dolorosa experiência que reside a força de Rape New York, lançado nos EUA ano passado (uma primeira edição do livro saiu por uma editora inglesa). O relato é chocante. A escritora revela detalhes de como se deu a ação do estuprador, dos contornos raciais e de classe que o crime tomara (ela e seu namorado à época eram visto como gentrifiers, ou seja, brancos educados de classe média/alta vivendo num bairro majoritariamente negro enquanto que o estuprador era negro, pobre e com educação básica), da engenharia social que ao coordenar de forma cruel elementos de gênero, classe e raça faz com que o estupro seja tratado como um crime menor uma vez que é perpetrado majoritariamente contra mulheres (ainda fala-se muito timidamente sobre estupro contra homens), de como se deu a investigação, prisão e processo contra o estuprador. Esses são detalhes que passam despercebidos a nós homens, mas que se sobressaem de forma vivida e dolorosa no relato de Leo. Exemplo disso se dá quando a escritora revela os ferimentos que uma penetração vaginal forçada, violenta e sobre coerção podem causar devido ao fato da vítima estar nervosa e, conseqüentemente, não lubrificada ou ainda do fato de que o livro antes de ser publicado desagradava algumas ativistas feministas devido ao fato do estupro de Leo não corresponder ao imaginário popular dessa forma de violência sexual (violento e ocorrido em lugares esmos sobre total coerção) o que dificultava sua utilização como arma política: Leo explica que teve chance de negociar o seu estupro  o que teria tirado o poder simbólico de sua experiência (“menos agressiva” com muitas aspas aqui) a ser usada como arma política por movimentos feministas. Tive o prazer de conhecer e ouvir Jana Leo falar numa aula do curso do professor Terry Williams na New School. A autora é uma mulher espetacular e o livro merece a atenção de todo/as aquele/as engajado/as com o ideal de uma sociedade mais justa, igualitária e livre de violência contra mulheres, gays, negro/as, crianças e outros grupos destituídos de poder.
Muita Paz, Muito Amor!