sexta-feira, 22 de maio de 2009

Black Woman and Dreadlocks: The Perfect Combination!

Mulheres pretas com dreadlocks são de uma beleza sem tamanho. Dreadlocks sempre me fascinaram, sempre tive vontade de tocá-los, segurá-los e possuí-los com a ingênuidade de uma criança que se vê absorvida por algo totalmente novo. É por isso que dentre as mulheres pretas, as quais amo infinitamente, as que usam dreads são as que esbanjam mais força e, consequentemente, sempre me sinto diminuído e intimidado diante das mesmas.



De todos os namoros, rolos, casos e "confusões" com mulheres pretas que tive até hoje, apenas uma delas usava dreads. Eu, na minha cega admiração, podia ficar horas acariciando o cabelo de minha namorada, roçando o mesmo entre meus dedos ou contra meu rosto, sentindo sua textura, cheirando e beijando-os. Fetiche? Talvez... Fetiche, antes da associação imediata a práticas sexuais que é realizada pelo senso comum, vem de magia, feitiço. Sim, dreadlocks tem uma espécie de poder mágico sobre mim. Algo que não consigo explicar.

Mas essa digressão sobre cabelos me remete ao meu velho e despretensioso texto manifesto Quero uma nega de cabelo duro. Escrito numa época que eu me encontrava em conflito aberto contra os alisamentos, chapinhas e permanentes afro - acho que em 2002 ou 2003 - eu sempre recorro a ele quando tenho alguma crise existencial e capilar. Minha parte favorita dele é...

"Ainda nos anos 1970 outro movimento que subverteu o imaginário do cabelo crespo como algo ruim de maneira radical foi o rastafarianismo. Os rastamen com seus dreadlocks (numa tradução livre “tufos de pavor”), no Brasil conhecidos como trancinhas “rastafari”, também passaram a fazer parte da cena urbana de todo o mundo. Isso ocorreu devido ao boom internacional da reggae music que tinha como principal artista neste período o jamaicano Bob Marley (1945-1981), que politizava suas canções cantando a realidade das colônias africanas que buscavam a libertação da dominação européia e filiou-se a filosofia de vida do rastafarianismo.

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Entendido como uma filosofia de vida, o rastafarianismo mistura elementos da tradição judaico-cristão com a história da África, mais especificamente da Etiópia. Ras Tafari Makonen era o nome de batismo de Haile Séllaissié I, Imperador da Etiópia e sucessor de Menelick II que em 1896 derrotou os italianos na Abissínia tornando a Etiópia a primeira nação africana independente. Em 1928, ano da coroação de Selassié I, o país se filiou à Liga das Nações. Segundo a filosofia rastafari Haile Séllassié I seria a forma humana de Deus (Jah) na terra e Babilônia é o nome dado ao mundo profano dos brancos. A coroação do imperador teria sido profetizada pelo líder nacionalista jamaicano radicado nos EUA Marcus Garvey (1887-1940) em um discurso de 1925. Os rastamen seguem alguns preceitos como o não corte do cabelo (dreadlocks), vegetarianismo e consumo de ganja (maconha) para rituais de purificação entre outros.

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As tranças dreadlocks foram tomadas pelo ativismo negro como uma forma de afirmação da identidade negra e de posicionamento político, algo que já havia acontecido com o corte “afro” ou “black power” na década anterior. Além desse aspecto político, o que esses fatos demonstravam era que era possível criar um estilo negro próprio, desde que começássemos a valorizar o nosso corpo de forma sincera e livre de estereótipos."

A impressão que tenho é que dreads incorporam na sua estética de locks parte da história negra, talvez venha daí a fonte de sua magia sobre mim. Dreadlocks me fascinam, mulheres pretas me fascinam e me interessam: combinação perfeita!

8 comentários:

Giovana Xavier disse...

Oie amigo Kibe;
Achei muito interessante seu texto sobre dreadlocks, sobretudo porque na minha opinião o cabelo é o principal texto da população negra mundial na "diáspora" (se quisermos usar essa categoria). Bem, eu acho dreads lindos e também me passam sentimentos relacionados à força e à magia. Por outro lado, acho que a história do alisamento capilar entre mulheres negras também tem muito a dizer sobre políticas de afirmação relacionadas à dignidade e ao respeito. Olha que interessante essa fala que eu li ontem. Ela foi escrita por uma mulher negra, que manifestou sua opinião sobre o cabelo "black power" em 1968 na seção de cartas ao editorial da revista Ebony:
"Each time I walk down the street and see another woman of my race wearing one of those hideous "naturals" I am so huliliated I could cry".
Enfim, acho interessante pensarmos nessas falas e sujeitos para melhor entedermos o mosaico do qual fazemos parte. Espero te ver logo querido!
Bjks, Giovana!

Eliana Black disse...

Adorei o texto sobre "Dreadlocks" em mulheres. Eu estava pensando em sair do universo das tranças mas depois deler seu post, resolvi permanecer.

Porém, acho que o discurso contra cabelos alisados já está saturado. Nesta questão acho que avançamos um pouco e já não dá para avaliar a "consciência preta" de alguém só pelo alisar ou não o cabelo. Já vi e ouvi coisas abusrdas de quem usa os cabelos "naturals".

Afro beijos

Márcio Macedo disse...

Hi Ladies,

Thanks pelos comentários! Fico lisonjeado que eles tenham vindo de duas mulheres pretas. Acho que a discussão sobre a corporalidade negra, dentro da qual podemos incluir o tema dos cabelos, continua sendo um assunto em aberto. Não sou partidário de posições que estabelecem as técnicas de alisamente como uma negação de pertencimento racial ou algo do tipo (embora, como disse no texto, já tenha me revoltado contra isso), mas fico me questionando sobre os significados subjetivos e psicólogicos disso tudo. Meus textos favoritos para pensar essas questões são Cornel West ("A sexualidade dos negros: um assunto tabu" in "Questão de Raça") e Franz Fanon ("Peles Negras, Máscaras Brancas").

Beijos carinhosos,

Kibe.

Mjiba disse...

Olá, Kibe!
Como andam as pesquisas por aí?
O Sr. Clayton me mostrou esse post, ele estava enlouquecido..risos...não só pelas palavras, mas pelas belas fotos postadas...
Agora que sou uma mulher de dread's se senti contemplada e feliz dessa postagem, não sei se lembra que eu utilizei um trechinho desse seu texto sobre cabelos crespos, para um ensaio fotográfico de Cabelos Crespos.Faz um tempinho, para o Jornal Becos e Vielas, acredito que nunca te dei um exemplar..risos...
mas posso te mandar o link..
http://www.papeljornal.org.br/pdf-becos/Cabelos.pdf
Quanto aos dread's quando vc fala que tem vontade de toca-los eu sinto o mesmo fascinio, agora posso pegar nos meus, mas eu tbm tenho esse fetiche no sentido de enfeitiçada, na minha cabeça eu só seria eu, quando fizesse dread's, demorei pra fazer,mas agora que fiz me sinto realizada e foi uma escolha além da estetica, uma posição ideológica e politica.
Vou tentar fazer um post tbm, mas da minha visão de mulher preta e de dread's.
Dar uma acessada lá.
http://mjiba.blogspot.com
beijocas
Elizandra Souza

Márcio Macedo disse...

Queridos Elizandra e Pepo (leitor silencioso!),

Obrigado pela leitura e comentário ao post! Fico muito feliz que ele tenha inspirado algumas reflexões numa mulher preta com dreadlocks. Vi a edição de Becos e Vielas e gostei bastante. Aliás, vira e mexe topo com meu texto sobre cabelos em algum blog ou página, mas é ótimo já que ele foi feito para circular (mesmo já estando um pouquinho datado, mas tudo bem!). Tenho acompanhado seu blog sempre que posso e ficarei esperando seu post sobre dreadllocks da perspectiva de uma mulher.

Beijos e abraços do Kibe.

Glau de Paula disse...

Obrigada pela homenagem!!!
Há um tempo que não leio algo tão bom a respeito da combinação mulher "preta+dreadlocks". Lindo mesmo , concordo!!! Que dirá ouvir, pois os homens pretos em sua maioria estão totalmente alienados pelos padrões impostos pela mídia e a maioria dos caras que eu já tive alguma história sempre dão um jeitinho para me perguntar: "por que vc não alisa o seu cabelo?".
Cartão vermelho na hora.
Fez um bem pro ego isso!!!

Abs

Glau de Paula disse...

Quero alguém pra acariciar os meus dreads!!!

Márcio Macedo disse...

Querida Glau,

Please, mantenha seus dreads! Tenho certeza que você encontrará alguém para acariciá-los com todo o carinho que eles merecem.

Beijos mais que carinhosos,

Márcio/Kibe.