Ontem foi a noite de Halloween por aqui. Durante todo o dia e, principalmente, a noite era possível topar com gente (crianças e adultos) fantasiada pelas ruas, metrô e ônibus. Na Sixth Avenue acontece uma tradicional parade e várias ruas adjacentes como a 14 Street, Union Square e outras próximas a Washington Square são bloqueadas depois de certa hora do dia.
Ano que vem talvez eu caia na folia, pois dessa vez não estava no pique (a fantasia será de Reverendo Pimp Kibe: pimping in name of God). Muitas coisas para escrever, ler, corrigir, relatórios a enviar, enfim, a interminável e chata adaptação ao novo ambiente que toma tempo, energia e enche o saco de qualquer cristão ou ateu. Fiquei na biblioteca até por volta das 21:00 e pude sentir como o Halloween aqui é uma espécie de "carnaval de gringo". Apesar da insistência de Raphael e João Francisco (meus parceiros brasileiros em terras yankees) para acompanhá-los no desfile, acabei ficando mais um pouco na Bobst colaborando para o alargamento de minha bunda. No momento que deixei meu querido local de estudo o lugar já estava as moscas. A rua, ao contrário, bombava de gente fantasiada, bêbada (você quase não vê ninguém bebendo, mas vê muita gente bêbada!) e animada gritando, pulando, se espremendo nas calçadas e apresentando suas costumes. Já meio sem saco por ter que cruzar a multidão para chegar ao metrô, resolvi ir para casa dormir. Passei na deli, comprei uma Colt 45 (eu queria uma Samuel Adams ou Brooklyn, mas os libaneses da deli quase nunca compram essas cervejas!) e ao chegar em casa pedi uma pizza.
Pois bem, conversando com Dionne soube que o Halloween no Harlem estava um misto de diversão e apreensão. Ela trabalha numa escola e me disse que as pessoas por lá estavam com um pouco de medo de sair a rua devido as gangs (tais como os Bloods - que tem como símbolo a cor vermelha - e os Crips - que se auto-identificam através da cor azul -, o lugar de origem de ambas remete a LA). Segundo consta, os gangster tem como tradição utilizar o dia de Halloween para submeter os novos adeptos a uma espécie de iniciação. A prova é simples: sair na rua e cortar o rosto de alguma mulher com uma gilete. De acordo com Dionne, duas mulheres haviam sido atacadas durante o dia. Fiquei impressionado com a história, mas a mesma foi confirmada por Mary - mãe da proprietária do apartamento onde moramos - numa conversa hoje à tarde.
Pois é rapaziada, Halloween no Harlem, cuidado com a giletada na cara!
sábado, 1 de novembro de 2008
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5 comentários:
Na última sexta-feira eu desci no metrô Consolação para ir a uma lanchonete e eis que me deparei com algo muito parecido com o seu relato - apenas talvez sem a gilete - um bando de bruxas e vampiros reunidos na saída do metrô, provavelmente preparando-se para alguma festa de Halloween. Particularmente, eu acho isso uma coisa bem besta, mas, cada louco com a sua mania.
No caminho de casa, peguei um ônibus que descia a rua Augusta - péssima idéia por sinal - e pude observar a legião de emos espalhados pelas calçadas e fiquei com a impressão de que esse pessoal vive numa espécie de Halloween permanente, com suas caras pálidas e roupas desgrenhadas, além de seus rituais de acasalamento pagãos, rsrsrsrsrs.
É como minha avó dizia: o que falta pra essa gente é arrumar uma laje pra enche! hahahahahaha
Pois é Mojana, mas o ano que vem me renderei ao Halloween americano. Ele tem sua faceta divertida, algo que, com certeza, não rola no Brasil. Nem imagino esse povo curtindo essa festa gringa na terra brasilis. De qualquer modo, o que me surpreende é que cada vez mais as escolas no Brasil (nos grandes centros como Rio e SP, para ser mais justo) estão incluindo o dito cujo do Halloween na programação de festas anuais. Isso quem me disse foi uma professora durante um dos cursos que eu ministrei na rede pública relacionado a Lei 10639 (que se não me engano, já não tem mais esse número). Daqui a pouco tempo a molecada não vai mais sacar o que é o Saci!
Halloween ou não Halloween, o que vc quer é uma desculpa pra encher a cara, que eu sei muito bem que vc não gosta tanto assim de doces, hahahahahahaha.
Halloween divertido, é? Me engana que eu gosto, rsrsrsrsrsrs.
Quanto à turminha daqui, é aquele negócio: você sai da favela, mas a favela não sai de você. Essa turma se acha muito globalizada e cosmopolita, mas eu interpreto esses costumes como uma forma de colonização mental. E não é só por causa do Halloween não. Lembra da réplica da Estátua da Liberdade em frente ao Shopping na Barra da Tijuca? É isso!
Que sinistra essa parada!
Apesar do estímulo que algumas escolas fazem, principalmente as que ensinam inglês, acho que o Halloween nunca vai pegar aqui no Brasil, vai ficar restrita às festinhas de crianças e orgias de universitários.
Eu particulamente não gosto de nenhuma festa que tenha relação com tradição, seja ela qual for. Não suporto o aniversário de Jesus Cristo e o Carnaval me entristece, principalmente o de Pernambuco. Festa Junina então... Que nojo!
Cara, lembro de um cartaz espalhado pelo centro do Rio que dizia: "Halloween é o caralho. Viva o Saci!"
Superótimo, não?
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