
O funk carioca é, sem dúvida, uma das maiores expressões culturais e populares do Rio de Janeiro nos últimos 30 anos. Um filho meio que bastardo do Black Rio, movimento de Brazilian soul dos anos 1970, o funk carioca consegue personificar de forma incrível representações de sexualidade, classe, raça e regionalismos muito próprios da capital fluminense. Impossível para mim não estabelecer uma conexão (que alguns podem até achar forçada) entre Wilson Simonal e Mr. Catra. Simona, como era conhecido, cunhou o termo "pilantragem" para se referir ao seu estilo irônico e malandro. Obviamente, o termo trazia implícito noções/representações de sexualidade, já que o cantor se nutria do estereótipo do negrão conquistador/galanteador. As coisas mudaram bastante nos últimos quarenta anos e Mr. Catra, por sua vez, se diz adepto da "putaria", segundo ele, o "sexo com alegria" e é adepto de um estilo de vida hedonista através de um consumo conspícuo e relacionamentos múltiplos e abertos com várias mulheres. A sexualidade incorporada em Mr. Catra não deixa de nutrir noções negativas/homofóbicas sobre a homossexualidade, algo que pode ser visto na sua tentativa de diferenciação entre "viados" e "homossexuais". Enfim, é bastante coisa para se pensar! Assista o vídeo e entre na conversa...
De quebra assista o vídeo da canção Machuka (2010) do rapper norte-americano associado com o estilo dirty south Lil John que conta com a participação de Mr. Catra.
Agradeço a minha amiga Laura Moutinho pelo toque do vídeo.
Muita Paz!