quarta-feira, 31 de março de 2010

Jill Scott é Só Coração, Badu Pelada, Repressão as Cuecas e o Senhor Elegância!

A quantidade de coisas para fazer por aqui tem me impedido de escrever. Tanto é que o NewYorKibe registrará talvez seu número mais baixo de posts em um mês: apenas 3. Estou literalmente numa pegada "se correr o bicho pega se ficar"... Para resolver o problema, farei a promessa de escrever ao menos um post por semana, de preferência às segundas-feiras.  Isso facilita a vida de todo mundo: @s leitore/as já sabem que toda segunda rolará alguma besteira por aqui e me obrigo/disciplino a postar algo interessante (ou não!). Aliás, minha sugestão é que tod@s @s leitore/as do nosso inbrog me sigam no Twitter, uma vez que tudo que leio e acho legal (a maioria não vira post) é tuitado (existe esse verbo???).

 

Mas não deixo de acompanhar o que rola na imprensa americana e os últimos dias tem sido quentes para a R&B ou neo-soul. Duas ladies da música negra americana contemporânea andam nas manchetes desde semana passada. A primeira é Jill Scott que escreveu um artigo (leia a parada AQUI) para a revista Essence no qual afirma que não consegue deixar de sentir certa sensação de traição ao ver um negrão com uma mulher branca. Uiiiii... Esse assunto dá pano pra manga (seja no Brasil ou EUA) e, como já era de se esperar, nossa diva foi acusada por alguns comentaristas mais exaltados de ser racista.

De minha parte, serei mais sensato. A fala de Scott representa o pensamento de um grande número de mulheres afro-americanas e, assim como os discursos contrários, deve ser respeitada e colocada dentro de contexto. A promessa de uma América pós-racial, que tanto se falou durante a campanha de Obama a presidência, é balela. O bicho continua pegando feio pro lado da negrada por aqui (com muito racismo, violência policial e desigualdade econômica/renda). Por outro lado, as discussões que envolvem o tema raça sempre são chapa quente. A fala de Jill, que foi pura emoção como diria meu truta Flávio "Jay Z" Francisco, também reflete um mal estar generalizado entre mulheres negras por conta do mercado matrimonial para afro-americanas com alto nível de educação onde há um defict de negrões firmeza a fim de colocar um anel de diamante no dedo das patrícias. O por quê? Bem, isso já é uma outra história que pode ser entedida em parte com a leitura de um post antigo do inbrog (leia AQUI).

 http://blogs.centrictv.com/music/soulsessions/wp-content/uploads/2010/01/Jill-Scott.jpg

Penso que Scott foi corajosa em evidenciar esse mal-estar generalizado das patrícias abrindo espaço para um diálogo aberto sobre os relacionamentos inter-raciais com suas delícias, possibilidades e problemas. Para não deixar o Brasil de fora, recomendo a leitura também no NewYorKibe (AQUI) da resenha do livro que fiz de minha amiga Laura Moutinho. Laurinha é antropóloga/professora da USP e fez uma linda pesquisa sobre o relacionamentos inter-raciais.

 http://www.kalamu.com/bol/wp-content/content/images/erykah%20badu%2068.jpg

A outra notícia esta relacionada a texana ex de Andre 3000 e ex de Common (queria me incluir nessa lista também): senhorita Erykah Badu. Nas gravações para um videoclipe de seu novo álbum a patrícia ficou peladona em público bem no meio dos chapeludos de Dallas, Texas (queria estar lá pra conferir essa!). Detalhe: a parada se deu justamente no local onde o presidente John F. Kennedy (JFK) foi assassinado em 1963 com uma bala na cabeça. O lugar é considerado uma espécie de santuário pelos americanos e serve como atração turística. Nem preciso dizer que não se comenta outra coisa nos sites de música negra e em parte da grande mídia. Nenhuma queixa policial foi registrada pelas pessoas que estavam presentes quando o fato ocorreu (havia crianças presentes), mas ainda há chance das mesmas o fazerem o que renderia a cantora boas visitas a algum tribunal, multinhas, serviços comunitários e pedidos de desculpas em público (na velha tradição gringa de arrependimento em público na pegada de Tiger Woods!).

 http://www.mimifroufrou.com/scentedsalamander/images/Erykah_Badu.jpg

Badu afirmou que o vídeo tem a intenção de chamar a atenção para um termo oriundo nos anos 1950 chamado groupthink e que cujo efeito é a fobia que certas pessoas sofrem de se expressarem em público por receio da repressão/coerção que podem sofrer. A pergunta é: nega, você precisa ficar peladona em público para fazer as pessoas refletirem sobre isso? Well, no Brasil boa parte da rapaziada ia curtir uma parada dessas e aposto que em dois meses você seria capa da Playboy, mas na América (deles!)... Sei não, fia! A verdade é que, longe de querer me posicionar como conservador, os argumentos de Badu não me convenceram. Outro ponto importante: o ato rolou onde o presidente mais popular da história dos EUA foi morto há mais de quarenta anos atrás. Bem, é pedir pra causar polêmica: dito e feito! Por fim, tá todo mundo agora curioso para ver o vídeo, né? Sei nega, contestação ou jogada de marketing? Assista o vídeo da sistha AQUI. Peço licença as distintas senhoritas leitoras desse inbrog para fazer um comentário bem masculino: DONA BADU É UMA DELÍCIA! Vai ter tanta saúde assim lá na casa do chapéu mesmo depois de 3 filhos...

Aí, se você é daquele/as que gosta de andar mostrando sua cuequinha do Piu Piu e Frajola pelas ruas, saiba que o senador pelo Brooklyn, Mister Eric Adams, é seu inimigo e acha seu ato repugnante. O político está pondo na rua uma campanha no sentido de condenar e conter o que é conhecido por aqui como saggy pants: abaixar o jeans para mostrar a cueca samba-canção.  A idéia é estabelecer um dress code nas escolas proibindo a molecada de mostrar a roupa de baixo. O título da campanha é: We Are Better Than This: Raise Your Pants Raise Your Image (nós somos melhores do que isto: erga sua calça, erga sua imagem). Sei lá, achei babaca essa campanha. Afinal, usei muito saggy jeans na minha adolescência pelas ruas de "Lixeira", interior de São Paulo, e nem por isso tive minha imagem depreciada. Leia a reportagem em inglês AQUI

 Sen. Eric Adams is urging kids to clean up their look - and pick up their pants - with six new billboards targeting the saggy trend.

Por fim, já que falamos de forma indireta de roupas e moda, nada como curtir o videoclipe do truta de SP, o rapper Rincon Sapiência, conhecido como Senhor Elegância. Seria bom saber o que ele acha dessa discussão da saggy jeans!

Muita Paz à Tod@s e Parabéns ao Rincon pelo clipe e pelo som: rimas sacadas e inteligentes. 

Volto na segunda que vem!