sábado, 5 de dezembro de 2009

Rio de Janeiro Rumo a 2016: Problemas e Belezas!

Enquanto isso, no Rio... (clique na imagem)
 


Well, vamos ser críticos! Recebi a charge ao lado de uma amiga e ela reclamava da valorização do já gasto estereótipo do negro como bandido uma vez que estamos suprarepresentados na parada aí ao lado (8 traficantes negros para 4 brancos). Ok, concordo! Vamos trocar dois traficantes negros por 2 brancos e fica zero a zero, mas não vamos perder a piadinha em cima dos cariocas, né?!

Pois é, as notícias relacionadas Rio de Janeiro tem rodado o mundo mesmo. Estou fazendo uma aula de "media social theory" na New School com um professor coreano e há, além de mim, uma brasileira/carioca na classe. Nas útimas semanas discutimos textos que problematizam os mega-eventos televisivos contemporâneos dentre eles os jogos olímpicos. Meu professor, explicando algo na aula, lançou um olhar irônico e perguntou a minha amiga: "Acharam um corpo num carrinho de supermercado no Rio de Janeiro, o que você acha disso?" Como bom paulista que sou, não perdi a deixa: "E traficantes derrubaram um helicóptero da polícia!" Rio 40 graus!!!

http://img15.imageshack.us/img15/4485/pyeaf0606168.jpg

Mas meu professor prosseguiu seu questionamento com um ponto interessante: como o problema da violência e desigualdade social entre grupos e classes sociais será incorporado no relato que a cidade construirá para os jogos olímpicos de 2016? Os jogos são um mega-evento de proporções globais que constrõem uma narrativa ligando o local com global de formal espetacular. Resta saber o que o Rio de Janeiro irá oferecer além do estereótipo da sociabilidade brasileira boa praça, mulheres bonitas (e seminuas!) e praia, uma vez que a violência tende criar uma sombra que esconderá todas esses aspectos supostamente positivos da identidade carioca e brasileira, em parte.



Por outro lado, muitas discussões sobre o que acontecerá no Rio em 2016 tende a subestimar o interesse/papel dos cidadãos locais na festa. Traficantes, moradores, polícia e qualquer outro carioca e brasileiro vai estar ligado na tela querendo participar e acompanhar os jogos. Acho até mesmo que o evento pode rolar como se fossem quase 30 dias de Copa do Mundo com jogo da seleção brasileira e todos os problemas e rivalidades existentes na cidade serão postergados para serem resolvidos posteriormente. Em conversa com uma amiga do Rio brincávamos que talvez seja possível presenciar um traficante vinculado ao Comando Vermelho e um policial do BOPE tomando cerveja num boteco e assistindo um jogo da seleção feminina de vôlei juntos e discutindo o resultado ao final da partida: "Porra mermão, tu é folgado memo, hein?" Diz o polícia pro soldado do morro que responde, "Que nada parceiro, sô é sujeito homi, tá sabendo? É que os JÓGOSSSS tão rolando aí, senão a gente resolvia essa parada já, morô?", ao que o polícia retruca, "Tem de quê não, cumpadi. Depois dos JÓGOSSS eu te pego, eu te pego vagabundo!"...


 
Em minha opinião, o filme de João Moreira Salles, Notícias de Uma Guerra Particular, lançado em 1999 - vídeo acima, ele está inteiro no YouTube para quem quiser assistir - continua sendo ainda uma das grandes contribuições ao debate sobre os temas da violência, tráfico e relações entre a população moradora das favelas, policiais e traficante. Pegue esse filme e junte ao Babilônia 2000 de Eduardo Coutinho - trecho abaixo - e a leitura do livro Meu Casaco de General (2000) do antropólogo e ex-secretário de segurança do Rio de Janeiro Luiz Eduardo Soares e você terá um boa introdução ao Rio de Janeiro contemporâneo com seus problemas e belezas!



Pra fechar sem perder o bom humor, uma tiradinha dos cariocas sem maldade...(clique na imagem para ter uma melhor definição)

Muita Paz!





4 comentários:

Júlio Meirellles disse...

Seu nível de desinformação sobre o Rio de Janeiro só rivaliza com a quantidade de esteriótipos como mulheres seminua e por aí vai.

Decepcionante, mas ao fim previsível!!

Mas pelo menos vc poderia saber que o Luiz Eduardo Soares jamais foi secretário de segurança do Rio de Janeiro.

Como eu disse, decepcionante.

:: Soul Sista :: disse...

Caro! Vc falou em problemas e belezas no título. Seu texto se limitou aos problemas, através da mera reprodução de estereótipos. Este inteligente blog merece uma análise mais aprofundada do meu RJ a mais de 40 graus. Vê-se que é paulista mesmo! rsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrs. E seu professor, lamentável analisar os fatos que envolvem questões sociais serííssimas somente como mega-eventos televisivos.

Ei, estou mais "óloga" que você e seu grupo de intelectuais diaspóricos, né, não! Efeito de remédios fortíssimos! rsrsrsrsrs

Ainda assim - beijos semi-obesos!

Márcio Macedo disse...

Prezado Júlio,

Obrigado pelo comentário e correção! Ao contrário do que escrevi, Luiz Eduardo Soares foi coordenador da área de Segurança e Cidadania e a relação conflituosa dele se deu com o secretário de segurança da época, Josias Quintal. Desculpe se decepcionei, mas dê um desconto pro blogger aqui que está em final de semestre e escreve coisas de cabeça (e essa parada já acontece há mais de dez anos!).

Sobre a desinformação sobre o Rio de Janeiro, já disse no início do texto que sou paulista e nunca morei na Cidade Maravilhosa, apesar de ser um admirador da mesma. Entretanto, isso não quer dizer que parte da narrativa que nutre os estereótipos não seja nutrida por uma representação de cidade e relações sociais que podem ser encontrada na bibliografia de ciências sociais, produção artística e incorporada por parte da população. Fazem parte dessa representação a velha dicotomia morro/asfalto e o imaginário de malandro esperto que paira sobre o carioca em contraposição ao arquétipo do paulista ingênuo e workaholic.

A pergunta é: que narrativa ou imaginário de cidade e relações socias o Rio de Janeiro vai apresentar para o mundo em 2016?

Abraço,

Márcio/Kibe.

Márcio Macedo disse...

Sim Fabiana,

Falei só dos problemas devido a correria, final de semestre (esse texto tava escrito e precisava de uma garibada melhor, mas foi assim mesmo).

Bem, há várias outras coisas que podem ser ditas sobre o Rio de Janeiro, mas talvez mais forte é que a imagem da cidade é vista como nacionalmente e internacionalmente como a imagem do Brasil incorporando todos os seus problemas, belezas e paradoxos. Sempre quando chego lá tenho a impressão que cheguei no Brasil, por mais ridículo que isso possa parecer.

Agora, falar que eu estou reproduzindo os estereótipos, é um pouquinho de demais! Começo afirmando que esses lugares comuns de visões sobre o Rio que constrõem essa narrativa e os estereótipos, que diz respeito a apenas parte da realidade da cidade (é difícil negar que acharam um corpo num carrinho de compras e que traficantes derrubaram um helicóptero da polícia). Minha pergunta é: como construir uma narrativa que seja transmitido ao mundo via mídia que fuja disso ou que não fique apenas nisso? É uma missão possível?

Sinto muito cara, mas o cartão postal do Brasil aqui fora é futebol, mulher bonita e teoricamente acessível sexualmente, favela e carnaval!

Abraço,

Márcio/Kibe.