quinta-feira, 11 de junho de 2009

"Probremas" de "Ingrêis": Is The Book "On" or "In" the Table?

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Andei pagando vários micos no caminho para o Brasil e logo ao chegar em São Paulo. Coisas do tipo lançar um Can I have another glass of white wine numa aeronave de companhia brasileira em que toda a tripulação era de patrícios ou tascar um excuse me na saída do metrô Paraíso. Porém, tudo isso tem uma explicação: o "piloto automático do inglês" que demora um tempo para ser desligado.

Não há como não entrar numa espécie de language breakdown (colapso de linguagem) quando você fica trocando de um idioma para o outro. Lembro de uma palestra que assisti na USP há muitos anos atrás com os alemães do grupo Krisis, intelectuais que lançaram o Manifesto Contra o Trabalho, e que naquela ocasião, na falta de um tradutor profissional, tiveram a "ajudazinha" de nada mais do que o crítico literário e ex-professor da USP Roberto Schwarz para conversar com o público brasileiro. Ao final de quase três horas de conversa, Schwarz estava visivelmente exausto ao ficar traduzindo idéias complexas do português para o alemão e vice-versa.

Aprender outro idioma é um saco, mas é necessário. A sensação que se tem ao dominar outra língua é de estar apoderado, como me descreveu uma amiga afro-americana que aprendeu a falar português em um ano de estudo intensivo no Brasil. Ano passado escrevi um texto para uma circular interna do programa que sou bolsista no Brasil. O artigo descrevia um pouco as técnicas - nada complexas - que desenvolvi quando estudava para meu teste de proficiência em inglês. Acho que talvez ele possa ajudar em algo aqueles que estão envoltos no aprendizado de outra língua ou se preparando para algum tipo de exame. Como o texto é antigo, algumas informações são datadas. Exemplo disso é a revista Speak Up que não existe mais e seu site que, consequentemente, foi retirado do ar. É isso!

Is the book "on" or "in" the table?

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(Vai ter que me engolir, trutão!!)

Atualmente é impossível passar por um curso de graduação e de pós-graduação sem se deparar com a cobrança de domínio da língua inglesa. Quem nunca pensou duas vezes antes de encarar uma disciplina cuja bibliografia incluía várias leituras nessa língua maldita ou se indignou quando descobriu que a única opção de proficiência em língua estrangeira na prova do mestrado era o inglês? Pois bem, não precisarei gastar muitas linhas para convencê-lo(a) de que dominar a linguazinha imperialista não se trata, como ocorria tempos atrás, de uma simples questão de status social. Ler, falar, entender e escrever em inglês é praticamente uma questão de sobrevivência no mundo acadêmico e/ou ativista atual.

Todavia, há uma série de pequenas atitudes e procedimentos que, quando realizados diariamente, podem fazer a diferença no aprendizado e aperfeiçoamento desse idioma. Tempos atrás me vi diante da necessidade de melhorar meu inglês, pois pretendia me candidatar ao doutoramento numa universidade norte-americana. Assim sendo, tive que me preparar para o teste de proficiência que é exigido para estudantes internacionais: TOEFL (Test of English as a Foreign Language). Apesar de estudar a língua yankee desde a adolescência (resultado de minha admiração da música negra americana) e já possuir certa desenvoltura na mesma, me preparei sistematicamente antes de fazer o exame (para compensar os sábados que a vagabundagem me impediu de ir as aulas) no sentido de corrigir deficiências adquiridas e/ou rever partes da gramática já esquecidas.

A primeira coisa a ser feita é ter em mente o porquê se está estudando. Não é necessário gostar da língua, mas é essencial possuir um objetivo bem delimitado que pode ir desde aperfeiçoar a leitura de textos para realizar a prova de proficiência de um curso de pós-graduação até prestar exames como TOEFL, IELTS (International English Language Test System) ou GRE (Graduate Record Examination). De acordo com o objetivo visado, as técnicas e rotinas diárias de estudos devem ser ajustadas. Em outras palavras, estudar para o TOEFL ou IELTS requer muito mais preparação do que a melhoria da prática de leitura de inglês instrumental, geralmente o suficiente para a prova de proficiência dos programas de pós-graduação no Brasil. O que segue abaixo é uma série de dicas que são importantes para todo(a)s aquele(a)s que estão estudando inglês, quaisquer que sejam os objetivos.

Arregaçando as Mangas
No decorrer do meu período de preparo para a prova utilizei-me de vários materiais e técnicas. Explicitarei as estratégias adotadas a partir das quatro habilidades cobradas em um exame como o TOEFL: reading (leitura), listening (audição), speaking (fala) e writing (escrita).

Reading
Comece com uma revisão de gramática no nível ao qual você está alocado: básico, intermediário ou avançado. Há vários manuais de auto-estudo disponíveis no mercado. Minha sugestão é o Grammar Express: for self-study and classroom use. O livro está organizado em 76 unidades com os pontos mais importantes da gramática inglesa. Há também 32 apêndices com listas de verbos irregulares, phrasal verbs, non-action verbs, regras de pronúncia, contrações e várias outras desgraças que tiram o sono de qualquer estudante de inglês. O recomendável é a realização de uma unidade a cada dia.

Pari passu a essa revisão gramatical é obrigatória a leitura compulsiva em inglês de tudo aquilo que caía a mão como revistas (The Economist e Newsweek são minhas sugestões), artigos científicos e livros que possibilitem a leitura de um capítulo a cada um ou dois dias. Na época em que estava estudando, juntei o útil ao agradável lendo uma nova biografia da cantora Billie Holiday (1915-1959), da qual sou um admirador, intitulada With Billie. Esses procedimentos possibilitam o acúmulo de vocabulário ao mesmo tempo em que a gramática – que está sendo revisada – também é incorporada ao vê-la em ação nos textos. Porém, para que isso aconteça é necessário que se faça uma leitura ativa dos materiais escolhidos: lendo-os sistematicamente várias vezes, anotando ou grifando as palavras desconhecidas e buscando o significado delas no dicionário, observando a maneira como o autor se utiliza das regras gramaticais, ficando atento para a diferença entre linguagem formal e informal dentre outros detalhes menores. Aliás, invista na compra de dicionários. É necessário possuir ao menos dois: um português-inglês/inglês-português e outro inglês-inglês. No caso do último, sugiro os clássicos Cambridge ou Webster (se eles vierem com CD-ROM, melhor ainda!).

Listening
As inovações tecnológicas dos últimos tempos facilitaram bastante a vida de quem estuda idiomas. Quando focamos especificamente a habilidade audição isso fica bastante evidente. Na época em que comecei a estudar inglês, há uns quinze anos atrás, a revista Speak Up vinha com fitas cassetes, hoje é possível adquirir o mesmo periódico numa banca de jornal acompanhado de um CD-ROM que contem as gravações do áudio dos textos além de jogos interativos. Tire o máximo de proveito dessas facilidades. Quanto mais coisas você ouvir em inglês melhor treinado ficará seu ouvido para reconhecer frases e construções mais complexas. Outro resultado de treinar o ouvido é que seu speaking também melhorará, pois você ouvirá a pronúncia correta das palavras passando a utilizá-la com decorrer do tempo. Há uma maneira bastante fácil de praticar o listening economizando tempo: carregue o seu MP3 player ou iPod com textos da Speak Up ou outros arquivos de áudio em inglês da sua preferência e ouça sempre que estiver numa atividade que não requeira muita atenção como caminhar para a escola ou o trabalho, durante a viagem de ônibus ou metrô, a corrida na esteira e os exercícios na academia.

Assistir filmes de origem americana ou britânica com a legenda em inglês é uma boa pedida, pois é possível ver os contextos nos quais determinadas expressões são usadas ao mesmo tempo em que se aprende os vários ritmos e pausas que os native speakers usam. Assistir canais de notícias como CNN ou BBC (na TV a cabo ou Internet) é outra sugestão, contudo, o estudante necessita estar ao menos no nível intermediário para que possa entender ao menos 50% do que está sendo discutido evitando que a atividade não se torne enfadonha. Os dois canais possuem sites na web e algumas reportagens podem ser assistidas lá caso você tenha internet com uma boa conexão. Na rede mundial de computadores também é possível ter acesso a aulas sobre os mais diversos assuntos em inglês. Uma dica é o site da New York University que tem uma seção com aulas curtas de 5 a 8 minutos com professores dessa instituição falando sobre os mais diversos assuntos contemporâneos.

Speaking
Não tenha receio de pagar mico, porque você vai pagar de qualquer jeito mesmo: fale, fale e fale! Os piores inimigos de um estudante de idiomas são a timidez e a vergonha. Desse modo, aproveite qualquer ocasião para usar o seu inglês macarrônico, seja encontrando um estrangeiro na rua, marcando encontros com amigo(a)s fluentes ou também estudantes da língua que podem ser tornar práticas de conversação, simulando diálogos e seminários em inglês com interlocutores invisíveis (eu fazia isso no chuveiro!) nos quais você faz exposições sobre temas que lhe são familiares ou ainda aproveitando ao máximo as aulas do curso regular de inglês papeando com seus classmates e teacher antes, durante e depois das aulas. Grave suas falas e as ouça observando sua dicção e comparando-as com as falas dos native speakers. Lembra dos capítulos de livros e artigos que você lerá para aperfeiçoar seu reading? Pois é, eles também serão utilizados aqui. Leia os mesmos em voz alta várias vezes tentando estabelecer ritmo e praticando a pronúncia correta de novas palavras.

Writing
Vale à pena escrever um ensaio de uma página a cada dois dias sempre prestando atenção as estruturas que são cobradas nos exames como introdução, apresentação do argumento, desenvolvimento e conclusão. A elaboração dos ensaios é um bom momento para aplicar os novos/velhos conhecimentos adquiridos/relembrados na revisão gramatical realizada. Sempre entregue os textos para alguém corrigir, seja ele(a) um(a) professor(a) ou alguém versado na língua. Observe os erros, recorrências, pontos fortes e fraquezas trabalhando nas mesmas posteriormente. Arquive todos os ensaios elaborados por ordem cronológica de produção e vá observando seus avanços.

Espero que essas pequenas dicas possam ajudá-lo(a) na melhora do seu desempenho ao ler, escutar, falar e escrever em inglês. In conclusion, don’t forget the words: “Go on with your goals and never give up!”.

Agora assista ao vídeo do Teacher Arthur para aprender a pronúncia correta: don't worry, it's ease! ...hahahahahaha...


13 comentários:

Ari disse...

So what?

Márcio Macedo disse...

"So What" e o clássico álbum "Kind of Blue" de Miles Davis comemora cinquenta anos de lançamento em 2009. Escreverei um post sobre isso...

Obrigado pela idéia!

Clebão Tierno disse...

Ei Kibe, eram essas as dicas de que você havia me falado?São ótimas ein, legal saber q estou no caminho certo, pois fazia isto em casa sem saber destas dicas, vou continuar...qto. aos micos, tem razão, já paguei vários mesmo, e vou continuar até aprender!!!!Rs

Márcio Macedo disse...

Sim Cléber, era sobre essa paradinha que tinha lhe falado!

Abraço,

Márcio/Kibe.

Raphael Neves disse...

Cara, e na hora de fazer o Toefl ou GRE é melhor rezar pra São Patrick, porque ele fala inglês, porra!

Márcio Macedo disse...

Rapha,
Como se reza o Pai Nosso em inglês? Bom exercício! ...hahahahahaha...

Raphael Neves disse...

Aprenda com quem sabe, fale inglês como o Joel: http://www.youtube.com/watch?v=TAeYfTsDzMo&feature=related

Raphael Neves disse...

E põe no aiPódi: http://www.youtube.com/watch?v=-ltwFItRl_Q

Raphael Neves disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Raphael Neves disse...

Mais um procê que chegou do Brasil e, depois da cachaçada, está com tempo: http://www.youtube.com/watch?v=Wa6cO_TVfpM

Magano disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Magano disse...

Kibe! Li um artigo seu na última revista do Programa IFP no Brasil. Era bem parecido com esse. Uma apresentação que fez em 2007 ou 2008. Muito bom cara! Vou compartilhar na lista com os outros bolsistas.

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Lúcio (Salvador-BA)

Márcio Macedo disse...

Prezado Lúcio,

É o mesmo texto da circular IFP com pequenas mudanças.

Abraco,

Kibe.