Após uma cansativa viagem de volta da China, onde fazia pesquisas para seu novo documentário, às 12:30 da tarde Gates, junto de sua bagagem, se encontrava na lareira de sua casa num bairro de classe alta de Cambridge. O professor forçava a porta da frente e a cena foi vista por uma vizinha que chamou a polícia. Quando os policiais chegaram Gates já estava dentro de sua residência, pois havia entrado pelos fundos e desligado o alarme, e falava ao telefone com a empresa responsável pela segurança da casa. Começou uma discussão entre Gates e um dos policiais que exigia que Gates se identificasse e comprovasse a propriedade do imóvel (mesmo havendo uma série de fotos de Gates junto de personalidades famosas na parede da sala como, por exemplo, Nelson Mandela). O intelectual mostrou sua carteira de Harvard e uma outra identidade, mas a discussão continuou uma vez que o professor se encontrava estafado devido a viagem, irritado com a invasão da polícia e gritava que o que os policiais estavam fazendo era racial profiling, ou seja, qualificar alguém como criminoso em potencial devido as suas caracterísitcas raciais.
(residência do professor em Cambridge, MA)
A discussão continuou e o policial acabou dando ordem de prisão a Gates sobre a acusação de disorderly conduct (algo como "conduta inadequada") que, segundo afirmam especialistas, é uma das leis aplicadas pela polícia nos EUA para situações onde indivíduos negros questionam sua autoridade ou conduta. Após ser anunciada a voz de prisão, Gates foi algemado e, somente depois de afirmar que não conseguia andar sem a ajuda de uma bengala, teve as algemas recolocadas com suas mãos à frente do corpo para que pudesse segurar a bengala. Detalhe: ao menos um dos policiais que atendeu ao chamado era negro.

No final da estória, as acusações foram retiradas por ambas as partes, Gates e a polícia. Entretanto, o acadêmico afirmou que ainda pretende conversar com sua equipe jurídica para saber o que pode ser feito além de estar motivado a elaborar um documentário sobre racial profiling. "Os EUA possuem mais de um milhão de negros nos seus presídios e nesse dia eu me tornei mais um", afirmou o intelectual. Ok, folks, welcome to the post-racial America!
Leia uma entrevista (em inglês) com o suposto "arrombador" de residências aqui
PS: Many thanks to my good friend Gladys Mitchell for letting me know about this news!
Fala, Kibe Loko!
ResponderExcluirUm documentário desses ia bem no Brasil, né? Como você sabe, aqui todo negro é parado pela polícia diariamente e brancos na mesma situação (andando na rua...) não são. Eu não sou lá o cara melhor comportado do mundo, mas nunca tomei geral. Essa realidade é publicamente "ignorada". E isso só piora quando também sabemos que certos setores da polícia brasileira costumam valorizar informalmente os seus dedos leves.
Pô, Kibe, a notícia saiu em toda a imprensa norte-americana, e vc num ficou sabendo. Até o Obama tá bravo com a história. Mas, indo contra a corrente, o racismo aí num me parece o mais importante, mas sim a falta de sensibilidade dos tiras (dos dois). Pois o professor afirma que também ficou nervoso... O caso era para deixar de lado, depois de ter confirmado a identidade do "suspeito" (que era obrigação dos policiais fazerem). Agora, não é uma boa gritar com policiais...armados. Já soube de casos de gente(branca) que levou porrada. Tem vídeos no You Tube mostrando.
ResponderExcluirQuanto a prisão, uma vez feita, aí toda pessoa presa tem que ser algemada (até cadávares, oq ue parece brincadeira, mas não é). O caso, então, me parece girar sobre a falta de sensibilidade de policiais (ou até o excesso de sensilibilidade) do que sobre a cor do professor. Chutando, eu diria que o "officer" se desgastou com a acusação de racismo, e para mostrar que "não era" racista, prendeu o professor.
Isso não altera em nada o que o professr Gates disse na entrevista, obviamente. Mas, é aquela coisa, no caso dele (e se fosse um outro professor famoso seria o mesmo) todo mundo se mexeu, o caso ganhou as manchetes (desatentos, claro, não souberam da coisa). Mas e se fosse um preto pobre numa área pobre? Estaria na cadeia até hoje...
Gates em dia de Thug! Bom material para as piadas de Chris Rock. Post-Racial America is not coming yet!
ResponderExcluirDêem uma olhada neste texto aqui sobre racial profiling da ACLU
ResponderExcluirhttp://blog.aclu.org/2009/07/23/racial-profiling-%E2%80%9Cthats-just-a-fact%E2%80%9D/
Abraços,
Rapha
Prezados,
ResponderExcluirObrigado pela leitura e comentários. Infelizmente tenho andado meio sem tempo para comentar todas as observações de forma mais detalhada.
Tendo a concordar com o Ari no que diz respeito a falta de sensibilidade de ambas as partes e o questionamento da autoridade do pessoal por parte do professor. Anyway, de forma nenhuma um caso desses iria passar sem levantar a discussão sobre o estado atual das relações entre negros e brancos nos EUA atual.
Rapha, valeu pelo link! Vou olhar com calma mais tarde.
Guilhermão, o caso do Brasil é similar aos EUA. Você se lembra do dentista que foi morto pela PM de São Paulo anos atrás quando levava sua namorada européia ao aeroporto?
Flávio, Rock vai deitar e rolar com esse caso, tenha certeza!
Abraço a todos,
Márcio/Kibe.