tag:blogger.com,1999:blog-5943691296501129269.post1932778559720482916..comments2023-10-31T08:15:00.125-03:00Comments on NewYorKibe: Arte multicultural ou a renovação do exótico?Márcio Macedohttp://www.blogger.com/profile/11624430791106628189noreply@blogger.comBlogger3125tag:blogger.com,1999:blog-5943691296501129269.post-51640159398002707762009-02-10T02:11:00.000-02:002009-02-10T02:11:00.000-02:00Prezados Rapha e Márcio, Obrigado pela leitura ate...Prezados Rapha e Márcio, <BR/><BR/>Obrigado pela leitura atenta do post e comentários. Lembrem-se, porém, que são apenas divagações sobre coisas que leio e vejo aqui em New York Shit. Pois bem, acho que não dá pra responder necessariamente como o Rapha pediu (sim ou não/bom ou ruim) uma vez que ele, como bom intelectual que é, sabe que as coisas não são necessariamente colocá-las nesses termos em nossas discussões. Não tenho dúvidas sobre os aspectos positivos do alargamento – já que elas já existiam bem antes dos anos 60 – de uma classe média e burguesia negra nos EUA. Contudo, a partir da minha experiência aqui, parece-me que isso gerou um certa dificuldade em discutir questões relacionadas ao racismo na sociedade norte-americana. Penso que o termo “pós-racial”, que Márcio bem lembrou, vem justamente não de uma esperança de que finalmente o sonho de Martin Luther King tenha se concretizado, a saber, de que as pessoas não fossem julgadas pela cor de sua pele, mas sim pelo seu caráter. Pelo contrário, “pós-racial” não passa de uma dificuldade em entender como as categorias classe e raça (e eu incluiria nacionalidade, se pensarmos em termos globais) se relacionam no mundo contemporâneo na produção de pobreza, discriminação, beleza etc.<BR/><BR/>A campanha de Obama foi um exemplo disso. A questão racial pendeu como uma espécie de pano de fundo que os candidatos (com algumas exceções, graças ao sermões incendiários do amigão Pastor Jeremiah Wright) evitavam olhar e/ou falar sobre. Contudo, negros – de todos as classes – nunca estiveram com o orgulho tão em alta, brancos progressistas se sentiam vingados depois da desgraça que foi a administração Bush e conservadores não se cansavam de levantar dúvidas quanto ao nome, pele, caráter e ideologia de Obama. Outra coisa interessante (mas que agora ninguém mais fala sobre isso!) é que no início da campanha muitos negros levantaram dúvidas sobre a legitimidade de Obama em falar como um afro-americano devido ao fato dele ser filho de mãe branca com pai negro (o que os caras chamam por aqui de bi-racial).<BR/><BR/>Outro ponto importante diz respeito à ambivalência da raça no contexto da modernidade ocidental. Africanos na experiência dos zoológicos humanos eram vistos como uma mistura de admiração, curiosidade e repulsa. Minha sugestão é que, guardada as devidas diferenças e anacronismos, o caso de Vassell ajuda a lançar luz sobre esse fenômeno ainda hoje. Uma negra, diretora de uma galeria de arte famosa joga o tempo todo com essa ambivalência e gera um charme exorbitante. O pertencimento racial de Vassell é de tal maneira estilizado por sua classe, educação, língua e profissão que o mesmo parece ser uma espécie de simples “acidente” que no mundo da arte é visto como algo extremamente charmoso uma vez que ele caduca com o imaginário negativo da raça sem se desprender totalmente dele. Minha dúvida é se é esse o caminho que a questão racial deve tomar no mundo desenvolvido, ou seja, ser negro é apenas um “acidente” visto aos olhos dos buppies? Tenho a impressão que não. <BR/><BR/>Não sei se respondi, mas tentei…<BR/><BR/>Abraços,Márcio Macedohttps://www.blogger.com/profile/11624430791106628189noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5943691296501129269.post-58792618679146850362009-02-07T18:54:00.000-02:002009-02-07T18:54:00.000-02:00Belo texto Kibe, mas também fiquei na dúvida da as...Belo texto Kibe, mas também fiquei na dúvida da associação que vc faz com os zoos humanos e os buppies. O caso Vassel não seria uma prova de que há uma elite negra "globalizada" - já que não é uma afro-americana - emergindo no cenário das artes e afins nos EUA? Gilroy fala do fascínio da raça sinalizando que a modernidade ocidental não consegue e talvez nem queira se desprender disso. Não vejo uma conexão necessária entre as duas coisas, porém as alusões que vc propõe são boas de refletir. <BR/>Por último, há que se questionar exatamente o que é negritude pra uma Vassel e Obama da vida. Ou eles tem a negritude em um grau tão alto - se é que podemos falar assim - que nem mesmo falam do assunto diretamente ou estão no que agora virou moda chamar de momento "pós-racial", ou seja, arte, política e tudo o mais estão ou deveriam estar "para além das diferenças raciais". <BR/><BR/>Abs<BR/>Marcio AndréAnonymoushttps://www.blogger.com/profile/16400185893518152024noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5943691296501129269.post-41504176190985975382009-02-07T16:57:00.000-02:002009-02-07T16:57:00.000-02:00Kibe,Fiquei com uma dúvida. Você compara o sucesso...Kibe,<BR/><BR/>Fiquei com uma dúvida. Você compara o sucesso de Vassell e a atração que as pessoas sentem por ela ao fascínio que os "exóticos" africanos exerciam sobre os europeus. Mas tem de haver uma diferença, certo?<BR/><BR/>No primeiro caso, trata-se de um novo grupo ("buppies", se quiser) "empoderado", que estudou em boas universidades, tem poder de consumo como os brancos etc. Isso não é bom? Não foi esse exatamente o objetivo das ações afirmativas no anos 60: formar uma classe média e alta negra?<BR/><BR/>Fazendo-me maniqueísta, pergunto: para você, isso é bom ou ruim?<BR/><BR/>Abraço,<BR/>RaphaRaphael Neveshttps://www.blogger.com/profile/09578722870594137609noreply@blogger.com